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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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Não era esse país humilhado o Brasil que todos queriam

Em sua viagem aos Estados Unidos, "o presidente brasileiro fez exatamente o que Trump esperava: deu tudo e não recebeu nada em troca", escreve o jornalista Ribamar Fonseca; "Apesar da vergonhosa submissão, uma humilhação para todos os brasileiros, a visita do capitão-presidente a Donald Trump teve um aspecto positivo: longe do território brasileiro ele teve coragem de confessar, durante um almoço com extremistas de direita, que o seu objetivo, ao ocupar o Palácio do Planalto, é desconstruir o Brasil", diz ele

Não era esse país humilhado o Brasil que todos queriam (Foto: KEVIN LAMARQUE)
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O Brasil, que começou a ser doado aos Estados Unidos no governo de Fernando Henrique, depois da visita do capitão-presidente Jair Bolsonaro a Donald Trump, poderá trocar a sua bandeira e o seu hino pelos símbolos nacionais norte-americanos, completando o processo iniciado pelo tucano. Deslumbrado por ter sido hospedado na Blair House e recebido pelo seu ídolo e chefe na Casa Branca, parecendo menino brincando na Disneylândia, o presidente brasileiro fez exatamente o que Trump esperava: deu tudo e não recebeu nada em troca. Entre outras coisas, entregou a Base Espacial de Alcântara, o nosso urânio (FHC já havia entregue o minério de ferro), a Petrobrás, o nosso agronegócio, a nossa soberania e a nossa dignidade, além de escancarar as portas do país aos norte-americanos, abolindo a necessidade de visto. Como não houve nenhuma contrapartida, pois afinal quem manda mesmo é Trump, os brasileiros vão continuar precisando de visto para entrar naquele país.

O capitão-presidente, porém, não ficou apenas nas atividades oficiais. Surpreendentemente ele fez uma visita clandestina e suspeita à CIA, sem nenhuma justificativa, o que provocou muitas especulações sobre a motivação, já que não se tem notícia de algum chefe de Estado estrangeiro que tenha visitado aquele organismo. Afinal, o que ele foi fazer na principal agência de espionagem norte-americana? Entregar segredos que os espiões ainda não tinham? Tramar algum novo golpe? Como ele foi acompanhado do ministro Sergio Moro, apontado como possível espião da CIA, considerando as suas estreitas ligações com o Departamento de Justiça daquele país e o estrago feito no Brasil, tudo leva a crer que o ex-juiz tenha ido junto para apresentá-lo aos seus colegas, com os quais almoçou logo depois da visita. Será que, depois dessa estranha visita, alguém ainda tem dúvidas sobre os laços do ministro com aquele centro de operações de espionagem?

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Afora a visita à CIA, que não constou da agenda oficial, Bolsonaro não causou nenhuma surpresa com a sua submissão ao presidente norte-americano. Antes mesmo do encontro com Trump ele já demonstrava, nas reuniões com representantes da extrema direita, estar afinado com o ocupante da Casa Branca, repetindo tudo o que o tresloucado e arrogante governante tem dito: não quer conversa com a China, participando da "guerra" comercial entre os Estados Unidos e aquele país asiático, e apoia o cerco americano à Venezuela e a Cuba. Ninguém se espante se, dentro em breve, o capitão-presidente executar um velho projeto do governo dos Estados Unidos, de transformar as nossas Forças Armadas em milícias, deixando para as suas tropas a responsabilidade pela defesa do território brasileiro. A ocupação da Base de Alcântara pode ser um grande passo nessa direção, já que os nossos militares parecem concordar, diante do seu silêncio, com as loucuras entreguistas do novo presidente.

Bolsonaro, porém, não ficou só nisso. A sua subserviência a Trump é tão escandalosa que não apenas manifestou apoio à construção do muro na fronteira com o México como, também, agrediu os imigrantes brasileiros, que o seu filho já havia classificado de "vergonhosos". Segundo disse, durante um dos eventos na capital dos Estados Unidos, "os imigrantes brasileiros não são bem intencionados e só fazem mal ao povo americano". Não se tem notícia de algum presidente que, em visita a outro país, tenha agredido o seu próprio povo. Não se sabe sobre o que falaram Bolsonaro e Trump no encontro reservado da Casa Branca, mas não há dúvidas de que a Venezuela foi o principal assunto. Na entrevista após o encontro o presidente norte-americano disse que todas as opções, inclusive uma invasão militar, estão na mesa e o capitão-presidente deixou claro que está com Trump e não abre. Ou seja, se depender dele o Brasil entra na guerra para salvar a "nossa Venezuela", conforme sua expressão. Felizmente, parece que ele não chegou a beijar a mão de Trump.

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Apesar da vergonhosa submissão, uma humilhação para todos os brasileiros, a visita do capitão-presidente a Donald Trump teve um aspecto positivo: longe do território brasileiro ele teve coragem de confessar, durante um almoço com extremistas de direita, que o seu objetivo, ao ocupar o Palácio do Planalto, é desconstruir o Brasil. "O Brasil não é um terreno aberto onde pretendemos construir coisas para o nosso povo" – ele disse, acrescentando: "Nós temos é que desconstruir muita coisa, desfazer muita coisa, para depois começarmos a fazer". E concluiu: "Que eu sirva para que, pelo menos, possa ser um ponto de inflexão, já estou muito feliz".

Isso explica, obviamente, o desmonte do país, com pessoas descomprometidas com a Nação, como o ministro Paulo Guedes, que teria dito que em pouco tempo pretende vender até o pré-sal, depois de afirmar que a ordem é privatizar tudo. Se nada for feito para por um freio nessa loucura entreguista dos novos donos do poder, não vai sobrar nada do Brasil. Como disse o saudoso Itamar Franco, quando FHC deflagrou a fúria privatizacionista que entregou a Vale, as teles e as concessionárias de energia elétrica: "Só vai ficar o pau da bandeira". Deus salve o Brasil!

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