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Marcus Atalla

Graduação em Imagem e Som - UFSCAR, graduação em Direito - USF. Especialização em Jornalismo - FDA, especialização em Jornalismo Investigativo - FMU

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Não existe derrotar o fascismo apenas vencendo Bolsonaro, sem o fim do neoliberalismo

Quem iniciaria essa cruzada levando um vice sabidamente pertencente ao grupo que confabula pelo fracasso?

Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
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Não existe combater o fascismo sem derrotar o neoliberalismo. É irreal a narrativa que o fascismo surge de um líder carismático de extrema-direita. E assim, de forma espontânea as populações tornam-se más e aderem ao projeto de um Estado Autoritário.

Tampouco, que bastaria vencer o “demônio” para que as flores voltem, as andorinhas retornem no verão e as cegonhas voltem a trazer os bebês feitos com muito amor. Essa é uma visão simplista, falaciosa e cínica, apenas esconde as reais causas da sociedade juntar-se ao fascismo. Fulaniza-se a agrura, para que se adote a política do mudar, para nada mudar.

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A França de hoje é o melhor exemplo. A Marine Le Pen, que seria o grande risco à democracia, perde popularidade e os franceses aderem ao Eric Zemmour, cujo discurso é tão ou até mais radical que o de Le Pen. 

A crise existencial do capitalismo e o projeto de destruição dos Estados Nacionais

O fascismo é uma consequência da crise capitalista, o surgimento na Itália foi consequência direta da crise econômica. A Grande Depressão de 29, que durou cerca de 5 anos apenas, aumentou ainda mais as contradições econômicas da época. Foi a elite quem financiou e apoiou o fascismo em defesa de seus interesses econômicos e de classe, assim como é visto hoje.

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A crise do capitalismo neoliberal atual é existencial, mantêm-se há décadas e talvez seja irreversível. Supera as fases cíclicas inerentes ao sistema, identificada por Schumpeter. O capitalismo dividir-se-ia em 4 ciclos com duração de 25 anos, um de boom, recessão, depressão e recuperação. Desde o final de 70, os países desenvolvidos mantem-se em crescimento do PIB baixo. Cerca de 1,5% a 2% ao ano. Há poucos países que detém um crescimento acima dos 4,5%.

Por exemplo, a China, que não é um sistema capitalista, a Índia, com uma hiper exploração do trabalho e um alto custo social. Dos anos 2000 para cá, houve crises sucessivas e cada uma maior que a anterior. (2000 – bolha da internet-, 2008 - Lehman Brothers - e 2020 – o crescimento de uma bolha agravada pelo Coronavírus).

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O capitalismo não consegue mais acumular capital, nem mesmo produz riqueza cultural. A desigualdade social só aumenta, a concentração da renda é altíssima, até em países “modelos” como EUA e Europa. É falsa a acumulação de capital.  Ela ocorre em cima do mercado financeiro, que não produz nada material; apenas números virtuais em cima de números virtuais, os juros; e num cassino, a bolsa de valores, com apostas em valores futuros. 

Quanto mais aumenta a crise do capitalismo, mais agressivo ele se torna na tentativa de sobreviver. Cada vez mais, ele vive à custa da coerção e violência estatal.  O projeto neoliberal, aplicado a todo vapor no Brasil, é o aumento da militarização e dos aparatos repressivos do Estado – polícia e judiciário-, para assim, controlar possíveis revoltas da população. Soma-se o uso de ferramentas de vigilância e autoritarismo tecnológico (Leia – Coded Bias: o racismo nos algoritmos que todos estamos submetidos).

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Aumenta-se a precarização do trabalho, retira-se educação, assistência médica e diminuem-se os custos do Estado.  Sem trabalhadores formais, não há arrecadação de impostos. Direciona-se o dinheiro numa crise fiscal incontrolável e reverte-se a arrecadação do país para o mercado financeiro e particulares.

Se não bastasse, a burguesia alimenta uma guerra civil entre os dominados, um todos, contra todos. Enquanto os depauperados lutam entre si; por espaços, empregos e sobrevivência; a elite fica a salvo. Estimulam-se as chacinas pela polícia, queima da Amazônia, gera-se criminalidade, prisões em massa, retiram direitos. Apenas a propriedade privada é intocável.

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Não foi mera coincidência que Sérgio Moro e Lava-jato, articulados pelos EUA, destruíram as construtoras, indústria naval, engenharia de plataformas petrolíferas, Eletronuclear e o capital nacional que se expandia – esses setores eram as transnacionais brasileiras. Desde o golpe, tenta-se acabar com a Petrobras, BNDS e bancos públicos. Houve propostas para privatizar a fabricação da moeda nacional e o banco de dados da população brasileira.

Além da crise do capitalismo, acrescenta-se a perda da hegemonia dos Estados Unidos que, a partir dos anos 90, aderiu às Guerras Eternas. Destruíram a Iugoslávia, Iraque, Líbia, a guerra na Síria, Iêmen, Somália e dividiram o Sudão. A economia estadunidense não sobrevive sem a indústria da guerra, estão alimentando uma corrida armamentista e desestabilizando os países periféricos, uma Guerra Fria 2.0. A indústria militar cresce vertiginosamente. Em 2020, as 100 maiores empresas do setor, não só aumentaram suas vendas, como tiveram um lucro de 531 bilhões de dólares (33 trilhões de reais). 55% dessas empresas são estadunidenses.

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O projeto neoliberal é destruir os Estados Nacionais em suas bases, aniquilação das instituições, empresas estatais; dos bancos aos Correios; sindicatos, partidos e a infraestrutura do estado.

A crise de identificação entre as classes e os partidos

Há uma crise de identificação entre os partidos com as classes e grupos sociais, que não se veem mais representados por esses. Por isso, os partidos de esquerda latino-americanos e europeus estão ruindo e a extrema-direita crescendo, com o discurso do vamos mudar tudo que aí está.

O capital lima as bases econômicas dos sindicatos. Com a terceirização e a globalização, parte dos trabalhadores não sente empatia com outros trabalhadores e de outras localidades e países. Existe uma fragmentação das classes que não se reconhecem mais como pertencentes à mesma classe social. 

Nessa crise de representação, partidos estão se construindo por pautas negativas, unem os rancorosos e frustrados, para apontar “culpados”, ao invés de proporem mudanças estruturais. Os aparelhos ideológicos, junto à burguesia, estimulam partidos que não coloquem em risco o capital,  a esquerda compatível.

Esses partidos focam a luta no mundo simbólico, assim como a política do identitarismo, que se concentra em um mundo quase lírico, imagético – Superman, estátuas, símbolos históricos, na semântica das palavras -, mas não buscam mudanças no mundo concreto. O oposto de políticas de inclusão social, Prouni, Educafro, cotas raciais em concursos públicos, por exemplo. Estava-se mudando o perfil social do país. Formavam-se negros médicos, advogados, juízes e promotores, que entrariam na burocracia estatal, provocando uma revolução do Estado por dentro.

Os militares no comando das Forças Armadas do Brasil transformaram-na nas Forças Armadas Colonial do Brasil, aderiram ao projeto dos EUA. Quem está no comando da destruição da Petrobras é o General Silva e Luna. O candidato à vice-presidência de Sérgio Moro, homem agente dos EUA, é o General Santos Cruz.  

Não basta vencer uma eleição para fazer todas essas mudanças estruturais, contrapondo tantos interesses dominantes. A eleição não é nem o primeiro passo de uma longa jornada. Quem iniciaria essa cruzada levando um vice sabidamente pertencente ao grupo que confabula pelo fracasso?  

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