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Paulo Henrique Arantes

Jornalista há quase quatro décadas, é autor de “Retratos da Destruição: Flashes dos Anos em que Jair Bolsonaro Tentou Acabar com o Brasil”

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Não se espera nem um voo de galinha na economia

Vale ler o artigo “Do voo da galinha ao voo do peru”, do economista Eleutério Prado

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Vale ler o artigo “Do voo da galinha ao voo do peru”, do economista Eleutério Prado, publicado hoje no site “Economia e Complexidade”. Professor titular aposentado da Faculdade de Economia e Administração da USP, Prado observa que o abandono de qualquer projeto desenvolvimentista para o Brasil deu-se em 1990, com um pequeno soluço entre 2004 e 2010. O descarte da economia como instrumento promotor de justiça social, portanto, é velho.

“O quadro que já se observava na última década do século passado não deixou de ser agravar no presente século. Eis que os setores produtivos mais sofisticados foram dominados pelas empresas multinacionais; as ligações da matriz industrial se enfraqueceram progressivamente devido à desindustrialização; a pauta de exportação sofreu um processo de reprimarização; o setor financeiro se tornou cada vez mais oligopolista à medida mesmo em que se tornara cada vez mais dependente dos juros pagos pelo Estado”, escreve Prado.

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O professor analisa minuciosamente a relação entre as taxas de crescimento, de acumulação de capital e de lucro na primeira década do Século XXI no país, para em seguida constatar: “Note-se que a taxa de acumulação não caiu já a partir de 2008 porque a demanda efetiva foi sustentada por uma política econômica que era insustentável a médio prazo. Eis que o impulso de crescimento por meio de uma política de subsídios e de estímulos ao setor privado em um período de queda da taxa de lucro não podia dar certo. A taxa de lucro, como se sabe ou se deveria saber, é o principal aguilhão do investimento capitalista. Note-se também que a recessão anunciada já em 2011 foi transformada numa depressão a partir de 2015 devido à política de austeridade, à crise política ligada ao impedimento da presidente eleita em 2014, assim como em razão do impacto econômico do processo judicial da Lava-Jato”.

A partir de 2014, ano em que Dilma Rousseff foi reeleita, o país viveu duas regressões do PIB – uma, pela austeridade instituída em 2015; outra, pela crise gerada pela pandemia do novo coronavírus em 2020. Nos momentos que houve algum sinal de recuperação, em 2017 e 2019, diz Prado, “o crescimento se mostrou tímido e precário, de tal modo que não há razão para supor que esse padrão vá mudar na década seguinte”.

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“Nem mesmo, pois, um novo voo de galinha pode ser esperado para os próximos anos, inclusive naqueles dois que faltam para a conclusão do governo do Messias. O que se observará, provavelmente, é um voo de peru, ou seja, um voo frustrado desde o início, que não vai conseguir elevar o produto interno per capita aos níveis anteriormente observados”, prevê o economista.

Cético, Eleutério Prado enxerga o futuro do país possivelmente “comprometido pela administração deletéria do atual governo nos planos econômico, institucional e geopolítico”. Porém, vê como algo “ainda mais verdadeiro” o fato de a atual situação da economia brasileira ter sido desenhada  a  partir de 2010, “afundando a partir de 2015, com um futuro nada promissor, que criou as condições para a ascensão de um governante que figura como um mito redentor – algo puramente imaginário e, portanto, falso”.

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Muito oportuna a leitura integral do artigo do professor Eleutério Prado, que na conclusão sentencia: “É certamente possível pensar políticas econômicas que dinamizem a acumulação de capital industrial, gerem emprego, elevem a produtividade do trabalho e até mesmo impactem positivamente os salários e a massa salarial. Ainda que possam ser menos perversas, o difícil será implementá-las no quadro de estagnação estrutural em que se encontra a economia capitalista no Brasil”.

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