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Alex Saratt

Alex Saratt, professor de História nas redes públicas municipal e estadual em Taquara/RS e dirigente sindical do Cpers/Sindicato.

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Não só o hino é racista

Há quem concorde, há quem critique, há quem queira um meio termo, há até quem não se sensibilize. Reduzir a atitude do vereador negro Matheus Gomes ao rótulo de "lacração" é fuga covarde do debate subjacente ao ato: o racismo e suas raízes históricas

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Há quem concorde, há quem critique, há quem queira um meio termo, há até quem não se sensibilize. Reduzir a atitude do vereador negro Matheus Gomes ao rótulo de "lacração" é fuga covarde do debate subjacente ao ato: o racismo e suas raízes históricas. Arguir que a cultura e mentalidade regional tem no movimento político dos Farrapos a sua identidade e expressão máximas nem de longe tratam do problema. As tradições e costumes amalgamadas sob o manto de uma versão oficial e dominante não são razoáveis para que uma sociedade evolua, desenvolva e supere suas próprias amarras, dilemas e injustiças. 

Se é lícito colocar o Hino Rio Grandense no seu contexto histórico e em relação com as questões filosóficas de seu tempo, também é válido registrar que já naquele momento a Humanidade havia conhecido o Renascimento, o Liberalismo, o Iluminismo e as Revoluções Francesa, Americana e Haitiana. Que estávamos às vésperas do Manifesto do Partido Comunista e da vaga revolucionária que varreria a Europa. Ainda que o Hino não pretendesse discriminar quem quer que seja, o fato é que a República Rio Grandense não aboliu a escravatura e, no desfecho de sua década de lutas, tenha entregue os irmãos de armas aos Imperiais para a morte ou retorno à escravidão. 

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Honestamente, como você se sentiria - na época ou agora - ouvindo um canto que atribuía sua condição de escravizado, de mercadoria, de não-humano, a uma suposta ausência de virtudes? Recusar essa carga cultural e ideológica não faz parte das necessárias descontruções que visam o fim das opressões, do alcance da liberdade e da afirmação equitativa dos direitos, igualdades, identidades e diferenças? 

Atenção: o senso comum que atualmente permeia a Esquerda, indicando que o identitarismo é uma concepção liberal (o que, em certos termos concretos, até pode ser realidade) e produto de um projeto emanado desde instituições norte-americanas ignora que o anti identitarismo também pode - ou é - uma visão míope, eurocêntrica, eugênica e anti científica, a outra face da moeda que tem por intenção e finalidade dividir os oprimidos em categorias conflitantes e incapazes do diálogo e da síntese política. Aos socialistas cabe, portanto, unir, agregar, formular, concretizar um discurso, ação e projeto que consiga definitivamente encaminhar o mundo e a humanidade para a utopia materializada nos versos radicais e libertários de "uma terra sem amos".

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