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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Não temos medo de você

"Os ataques de Bolsonaro ao STF e à imprensa têm o claro objetivo de intimidar, amedrontar e calar as duas instituições para que não investiguem e não denunciem os crimes eleitorais da sua campanha que irão provocar seguramente a impugnação da sua chapa", diz o colunista Alex Solnik, que também acrescenta haver "fortes indícios" de que a campanha do candidato "foi organizada e financiada fora do país, por estrangeiros, com investimentos ocultos. Isso terá de ser investigado, ele ganhe ou não"; "Nós não vergamos. Sabe por quê? Porque os ditadores passam e nós continuamos"

Não temos medo de você (Foto: Fabio Pozzebom - ABR)
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Os ataques de Bolsonaro ao STF e à imprensa têm o claro objetivo de intimidar, amedrontar e calar as duas instituições para que não investiguem e não denunciem os crimes eleitorais da sua campanha que irão provocar seguramente a impugnação da sua chapa. E também um claro sinal de que ele sabe que os cometeu. Se não os tivesse cometido não estaria à frente nas pesquisas. Sua "popularidade" foi forjada nos laboratórios do ultradireitista Steve Bannon, guru de Trump. Por isso já falou tantas vezes em fraude, a fraude não sai da sua cabeça.

Mas não é apenas a sua propaganda que é irregular. Ele ainda não fez a prestação de contas do primeiro turno. O valor que afirma ter gasto, menos de 2 milhões, não corresponde nem de longe aos custos da guerra cibernética que move contra seus adversários. Segundo a Folha, apenas um dos contratos de empresas que financiaram impulsionamento de mensagens difamatórias por WhatsApp era de 12 milhões. A campanha de Haddad gastou 19 milhões, oito vezes mais que a do capitão, não por ser esbanjadora, mas por ser real e não omitir despesas.

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Os problemas de Bolsonaro não se resumem a isso. Há fortes indícios de que sua campanha foi organizada e financiada fora do país, por estrangeiros, com investimentos ocultos. Isso terá de ser investigado, ele ganhe ou não.

Engana-se, no entanto, o valentão se pensa que vai manietar o STF e a imprensa com sua diarreia verbal e seus cães de guarda. O STF é uma instituição criada em 1891 pela primeira constituição federal brasileira e que jamais foi fechada por ditador algum. A imprensa é uma instituição mais antiga ainda.

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Como ele não tem perfil de quem leu alguma coisa, nem tem idade, certamente não sabe que durante a última ditadura nós, jornalistas, não nos calamos. Pode ter havido certos jornais que num certo momento ou período colaboraram com a ditadura, mas os jornalistas, mesmo os desses jornais, resistiram bravamente e continuaram denunciando os crimes da ditadura na imprensa alternativa, a segunda a ser atacada, mas que só parou quando os militares da linha dura – com os quais Bolsonaro se identifica – realizaram atentados a bomba contra bancas de jornais que vendiam os jornais alternativos, também chamados de "nanicos".

A luta foi sangrenta. Muitos jornalistas foram presos, torturados e assassinados. A censura editorial e econômica foi empregada com o propósito de asfixiar as publicações. Agentes empunhando metralhadoras apreendiam edições inteiras em gráficas.

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Nem assim nos amedrontamos. Nunca paramos. A edição no. 15 do "Ex-", onde eu trabalhava, foi apreendida em 1975 por contestar a versão oficial de que o jornalista Vladimir Herzog havia se suicidado no DOI-Codi. Nos proibiram de usar o título "Ex-". No mês seguinte voltamos às bancas com "Mais Um". Logotipo com as letras da Coca-Cola. Apreenderam de novo. O jornal fechou. E então eu fui trabalhar no "Repórter", no Rio.

Nós somos assim. Nós não vergamos. Sabe por quê? Porque os ditadores passam e nós continuamos. Esse é o compromisso que assumimos conosco mesmos e com nossos leitores. Nós temos essa estranha mania de não aceitar censura nem de ouvir ordens que vêm de cima. E continuar informando, sempre. Seja como for. Usando mimeógrafo, gráfica, papel ou internet. Ou o boca-a-boca.

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Não temos medo de você.

Nós já enfrentamos generais; enfrentar um capitão é moleza.

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