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Nem todos que votaram em Bolsonaro são fascistas (ainda)

Reconquistar essas pessoas é absolutamente estratégico e organizar uma tática capaz de retomar a nossa capacidade de ver, ouvir e se aproximar dessas pessoas é o primeiro desafio de 2019, para depois, talvez, aproximá-las das pautas progressistas e de esquerda novamente

Nem todos que votaram em Bolsonaro são fascistas (ainda) (Foto: Sputnik / Caroline Ribeiro)
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O até então controverso Deputado de extrema direita, Jair Bolsonaro, ganhou as eleições, surpreendeu o mundo e tomou posse como o 38° Presidente da República Federativa do Brasil. O caminho percorrido por ele foi pavimentado por discursos de ódio, apologia a violência, preconceito e muita discriminação contra grupos socialmente vulneráveis. Sua campanha, enquanto exalava forte submissão a países como os EUA e Israel, vendia uma imagem ultra patriótica e impunha a supremacia de um padrão de brasileiro que passava pela etnia branca, gênero masculino, classe social abastada, regiões sul e sudeste, religiões judaico cristãs e pela heteronormatividade.  

Isso tudo serviu para legitimar os grupos extremistas que pensam como ele e que cada vez mais surgem organizados  país a fora para defender o fim do politicamente correto e dos direitos humanos às minorias. Grupos que não raramente ameaçam ou agridem fisicamente seus opositores ou membros de grupos sociais que eles julgam adversários. Os fascistas estão a solta, empoderados e legitimados pela vitória de Bolsonaro.

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Mas nem todo mundo que votou no Bolsonaro é extremista, fascista ou violento, ou pelo menos ainda não é.

É importante identificar que parcela significativa dos votos que deram vitória a Bolsonaro, são votos oriundos da classe trabalhadora, das periferias das grandes cidades, da agricultura familiar, trabalhadores do campo ou de pequenas propriedades rurais, outras tantos vieram de setores contra os quais o Presidente destilou preconceito antes e durante a campanha. Setores historicamente progressistas que votavam e davam sustentação aos governos petistas da década passada.

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E por mais que muitos brasileiros destes setores possam ter passado a nutrir pensamentos conservadores, muitos outros apenas apostaram na alternância de poder, ou ainda pior, foram vítimas da complexa rede de comunicação criada para a campanha de Bolsonaro no ambiente virtual, através da qual se difundiu sem pudor um imenso volume de falsas notícias que iam da mentirosa distribuição de um kit gay para crianças nas escolas, até sérias denúncias de corrupção ou ainda até de estupro de vulnerável que teriam sido cometidos pelos seus principais adversários na corrida presidencial.

Essas falsas notícias ganharam ares de veracidade pela quantidade de vezes que eram vistas e por serem repercutidas por pessoas do círculo de confiança íntima de cada brasileiro e também pela incapacidade das forças progressistas brasileiras em produzir mecanismos populares de comunicação de massa capazes de estreitar os laços com o povo trabalhador e desmentir essas falsas narrativas, formando assim uma terrível equação que fez a esquerda perder o controle sobre a narrativa dos fatos.

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Todas essas pessoas, tanto as que escolheram dar crédito a alternância de poder, quanto as que foram vítimas das fake news juntam-se a tantas outras que cada qual pelas suas razões decepcionaram-se em algum momento com os governos de esquerda, seja por ter sido menos radical ou menos moderado do que esperavam e agora formam um imenso exército de corações e mentes disputáveis e determinantes para o desfecho da conjuntura atual.

Nós conhecemos essas pessoas, elas são nossas vizinhas, nossos familiares, amigos, colegas de trabalho ou amigos virtuais. Elas não são fascistas, não querem nos matar e não sabem como as medidas prometidas pelo Bolsonaro em campanha podem impactar no país.

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Por óbvio, essas pessoas não querem ser tuteladas, não estão esperando por uma esquerda iluminada que chegue até elas e diga no que acreditar ou em como agir por causa dos seus traços identitários, como muitas vezes vimos acontecer. Mas tão obvio quanto, é que jogar indiscriminadamente essas pessoas no balaio do fascismo e agredi-las como se estivesse agredindo um inimigo violento e ameaçador, é um passo firme para torna-las fascistas de fato e perder de vez o controle da conjuntura.  

Essas pessoas querem o que sempre quiseram os excluídos, querem ser vistas e ouvidas.

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Reconquistar essas pessoas é absolutamente estratégico e organizar uma tática capaz de retomar a nossa capacidade de ver, ouvir e se aproximar dessas pessoas é o primeiro desafio de 2019, para depois, talvez, aproximá-las das pautas progressistas e de esquerda novamente.

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