Neto e sua cicuta

“Em acordo na queixa-crime venho esclarecer que eu critico a postura e não concordo com muitas coisas que o pastor Silas Malafaia fala, mas não posso provar e afirmar que ele enriquece através de fiéis”. As palavras supracitadas deverão ser ditas pelo youtuber Felipe Neto numa retratação pública (em vídeo) imposta pela Justiça.

Já que o rapaz; um rico e bem sucedido influenciador digital fora processado por um conhecido pastor evangélico. Como alguém que trabalha precipuamente com um público jovem e pós-moderno poderia fazer colocações de cunho político e ideológico…Neste universo bem contemporâneo do mundo mágico/superficial do “Tubo Tv”? O menino Neto vem sendo alvo de críticas e ovações em relação às suas últimas colocações sobre obscurantismo e etc. Isto prova que sua linha de ação como youtuber está em processo de amadurecimento e evolução política, histórica e social. 

A alienação parece não fazer parte do contexto do jovem youtuber; ele vem se posicionando e por conta disto sua mãe foi alvo de algumas ameaças e atualmente reside no exterior: Por seu filho (zeloso) se preocupar com a sua integridade física.

Realmente não está sendo fácil respirar em um país que tem no poder personagens cujo passado condena. E processar por isto ou por aquilo é um modus operandi. Não foi diferente o que aconteceu no caso já citado no início deste texto. E uma das partes (com certeza) venceu ao fim do processo e o perdedor que é ator, comediante, e. um escritor luso-brasileiro e possui 34 milhões de inscritos em seu canal – com mais de 8 bilhões de visualizações: pagará.

O quase herói de uma multidão foi aclamado pelo fato de ter adquirido 14.000 exemplares de obras literárias versadas no tema LGBT; em especial (de uma revista em quadrinhos). O clímax desta polarização ocorreu durante a Bienal do Livro do Rio de Janeiro, no mês de setembro; onde por ordem do prefeito deveriam ser recolhidos por fiscais todo material que exibisse conteúdo “homossexual ou similar”. E o ponto alto culminou a partir da apreensão de gibis - onde dois heróis davam um beijo gay. 

Estamos vivendo uma guerra ideológica, com “quedas de braço” entre pessoas e/ ou instituições que se utilizam “das armas do poder ou do dinheiro” para RESISTIR aos atos de Censura e perseguição aos valores éticos de um povo. Na verdade a grande maioria da população vem sendo penalizada pelo vitupério institucionalizado que se cristaliza; não tendo efetivamente quem os defenda; mas nós escritores, colunistas e afins estamos na trincheira da resistência com o perpétuo e ardoroso encargo de alumiar os caminhos dos mais ingênuos e desvalidos como os "antigos" light-boys faziam no século XIX.

O primeiro parágrafo de este artigo narra “entre aspas” o que simbolicamente se transfigurou na cicuta que Neto precisa sorver...

“Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância”

SÓCRATES.

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