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Lúcia Helena Issa

Jornalista, escritora e ativista pela paz. Foi colaboradora da Folha de S.Paulo em Roma. Autora do livro "Quando amanhece na Sicília". Pós- graduada em Linguagem, Simbologia e Semiótica pela Universidade de Roma e embaixadora da Paz por uma organização internacional. Atualmente, vive entre o Rio de Janeiro e o Oriente Médio.

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No Brasil dantesco de Bolsonaro minha alma sangra em pleno carnaval

Hoje sou só tristeza e minha alma sangra. Sangra pelo país em que nos transformamos. Pelas psicopatas que celebram a morte do pequeno Arthur, pelos que chegaram ao poder alimentando o medo , a ignorância , prometendo armas e mortes, enquanto matavam a esperança.

No Brasil dantesco de Bolsonaro minha alma sangra em pleno carnaval (Foto: Arquivo pessoal / Reuters)
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Pela primeira vez na vida, desde que voltei a morar no Brasil, não tenho nenhuma vontade de vestir uma fantasia e pular o Carnaval.

No ano passado, como muitos de vocês sabem, nesse exato momento, eu estava me preparando para desfilar na Sapucaí, como destaque de um dos lindos carros alegóricos da Escola de samba Grande Rio, representando Maria Bonita.

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Hoje sou só tristeza e minha alma sangra.

Sangra pelo país em que nos transformamos. Pelas psicopatas que celebram a morte do pequeno Arthur, pelos que chegaram ao poder alimentando o medo , a ignorância , prometendo armas e mortes, enquanto matavam a esperança.

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Sangra por pessoas como Eduardo e Jair Bolsonaro, que sequestraram o cristianismo para conquistar os votos dos pseudo- cristãos, mas que não têm a menor ideia do que é ser cristão.

Em pleno domingo de Carnaval, festa celebrada há mais de sete mil anos como um triunfo da luz sobre a escuridão do inverno em Roma , onde morei por seis anos, uma festa celebrada desde sempre , ( carne- vale , festival da carne e da alegria de estar vivo depois de um longo inverno em Roma) , minha alma sangra.

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Sangra por todos nós, pelo Brasil, pelos torturadores hoje idolatrados, pelas meninas refugiadas sírias hoje proibidas de entrar no Brasil e pelas meninas e mulheres que são mortas todos os dias num Brasil cujo presidente nega o feminicídio.

Minha alma sangra por tantos brasileiros que perderam qualquer traço de humanidade ou empatia pela dor do outro.

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Minha alma sangra porque, pela primeira vez, sinto-me uma estrangeira em meu próprio país. Sangra porque mergulhamos em uma longa noite escura e não sabemos quando o amanhecer virá.

O depoimento ontem da neta de Lula ao sair da despedida do pequeno Arthur ("No final as palavras já não se encaixavam nas frases, só ouvíamos soluços, choros, gritos e promessa. Promessa que eu sei que meu avô fará questão de cumprir(...). Arthur tinha começado a entender o fato do meu avô estar longe, mas sabia, que qualquer dia o vô bateria na porta, e voltaria para casa. Vi lagrimas do meu avô pingarem incansavelmente no rosto de Arthur") foi algo que me dilacerou e me fez apenas dizer infinitamente como em um mantra - Perdoe- nos, presidente Lula.

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Hoje, depois de tudo o que tenho visto no Brasil, eu queria jamais ter voltado da Itália , queria ter podido manter a imagem linda que eu tinha do Brasil nos anos em que morei em Roma, queria poder manter as imagens que projetei na parede da Scuola Leonardo da Vinci em Roma, quando palestrei sobre o Brasil, como prova final para o o certificado de proficiência em língua italiana, e quando afirmei, com indescritível orgulho de ser brasileira: "Sono brasiliana, venho do país mais fantástico do mundo, um país continental, plural, lindo, que está combatendo sua desigualdade social, que foi construído por imigrantes do mundo todo, onde todas as religiões são respeitadas e onde imigrantes como meu pai e meus avós, vindos do Oriente Médio, encontraram acolhida, imensa prosperidade econômica e um imenso amor."

Hoje eu queria jamais ter voltado da Itália e jamais ter visto o refugiado sírio Mohamed Ali sendo agredido nas ruas do Rio de Janeiro.

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Queria jamais ter voltado e jamais ter visto uma menina negra sendo agredida no Rio aos gritos de "Aqui é Bolsonaro!" .

Queria jamais ter voltado da Itália e jamais ter visto um presidente brasileiro se referindo a meninas e mulheres refugiadas sírias como " escória da humanidade." Queria jamais ter voltado ao Rio de Janeiro e jamais ter visto uma menina negra linda e doce, de uma religião de matriz africana e a quem entrevistei depois, sendo agredida a pedradas por fundamentalistas pseudo - cristãos.

Queria jamais ter voltado e nunca ter visto a desumanidade dos brasileiros diante da inominável dor de um avô devastado pela morte de seu neto.

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