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No Brasil, mesmo sem Berlusconi, temos de perguntar o que fizemos desses anos todos

Italianos celebram a queda do ex-primeiro ministro Silvio Berlusconi, mas temem que sua herança seja um vício incurável

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Silvio Berlusconi foi cassado pelos seus pares no senado italiano. O "Cavaliere' já havia perdido as imunidades parlamentares desde novembro. Isso significa que poderá ser preso.

Encerra-se assim duas décadas de "berluconismo" na Itália. Desde 1994, Berlusconi foi quatro vezes escolhido primeiro-ministro.

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O "berluconismo", sempre entre aspas, passa a ser tratado como uma anomalia, agora sanada com a volta à normalidade.

Será? Em 1944, quando Silvio Berluconi assumiu pela primeira vez, o jornalista americano Herbert Matthews escreveu: "Vocês não o mataram. O fascismo não está morto. Continua a viver na cabeça dos italianos".

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Agora, quando Berlusconi é apeado do poder, esse mesmo jornalista, se fosse escrever sobre o tema, poderia repetir a mesma frase de 70 anos atrás.

Claro que é uma espécie de vício. Berlusconi foi uma espécie de droga injetada nos italianos que afetou sua maneira de pensar e de agir.

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Mesmo formalmente fora da política, Il Cavaliere possui duas armas poderosas para influir nos destinos do país: a máquina midiática e enormes meios financeiros.

Num artigo no La Reppublica, a editorialista Barbara Spinelli diz temer que a herança de Silvio Berlusconi, a separação maquiavélica entre a política e a moral, sobreviva à queda do Cavaliere.

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Ela fala das relações incestuosas entre a política e negociatas.

Lendo a imprensa italiana é impossível deixar de pensar no Brasil.

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Nós - estou falando dos políticos mas serve também para o cidadão comum - também somos cínicos o bastante para acharmos que o fim justifica os meios. Donde os meios passam a ser o fim, o poder pelo poder.

Na Itália, como no Brasil, mitificou-se uma sociedade civil oligárquica que em tese dita as regras de um jogo de cartas marcadas.

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Criamos, lá como aqui, a figura do especialista, sempre crítico das políticas adotadas, e que se embaralha todo quando assume o poder.

Os italianos acham que só sairão destes vinte anos de amoralidade, imoralidade e de desigualdade se olharem no espelho e enxergarem a própria imagem por trás do monstro que criaram.

No Brasil, mesmo sem um Berlusconi, esse espelho teria de refletir o que foi criado nesses anos todos desde a redemocratização.

E perguntar: o que fizemos deles?

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