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Luciano Teles

Professor adjunto de História do Brasil e da Amazônia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e autor de artigos e livros sobre a história da imprensa operária e do movimento de trabalhadores no Amazonas.

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No governo do Amazonas: o "novo", as vacilações e o vai e vem no combate à pandemia

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As eleições de 2018 foram marcadas pelo antipetismo e pela despolitização, com fortes doses de difusão fake news, de ataques direcionados à esquerda em geral e da falsa ideia do “novo”. Alguns personagens surfaram nessa onda política e conseguiram abocanhar o executivo estadual, como foi o caso de Romeu Zema em Minas Gerais, de Wilson Witzel no Rio de Janeiro e de Carlos Moisés em Santa Catarina, por exemplo. No Amazonas, quem aproveitou esse momento político foi o atual governador Wilson Lima, que na sua campanha eleitoral dizia: “a bronca agora é comigo”, sobretudo com o discurso de que iria acabar com a “velha política” e os “velhos caciques do estado” (Amazonino Mendes, Eduardo Braga, Omar Aziz, etc...).

Wilson Lima tinha um programa na TV A Crítica chamado Alô Amazonas, no qual apresentava os diversos problemas (no campo da educação, da economia... Mas principalmente nos da segurança pública e da saúde) que assolavam a capital e os municípios do estado. Com base nesses problemas, criticava as autoridades públicas, em especial o executivo estadual, na época presidido por José Melo (2015-2017), que foi cassado por compra de votos e preso por corrupção, e Amazonino Mendes (2017-2019), que venceu as eleições suplementares em 2017 após a saída de José Melo e o mandato relâmpago/tampão de David Almeida (maio-outubro de 2017). 

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Como apresentador do Alô Amazonas, Wilson Lima criou o bordão citado no primeiro parágrafo (“a bronca agora é comigo”) e, partindo do bordão, passava a questionar os governadores anteriormente mencionados, mas também o prefeito de Manaus, Arthur Neto, em relação às diversas dificuldades enfrentadas pela população amazonense. Com um discurso simplificador da realidade, dizia que as situações que causavam contratempos e aborrecimentos à população deveriam ser resolvidas de imediato, bastando apenas uma canetada e vontade política de fazer o que tem que ser feito, desconsiderando correlações de forças, interesses econômicos e partidários, estrutura estatal, etc.

Mas foi com esse tipo de discurso e com a visibilidade dada pelo seu programa que, apoiado pela emissora, cujo expoente é Dissica Calderaro, candidatou-se a governador do Amazonas em 2018, pelo PSC, apoiando Jair Bolsonaro e ganhando as eleições estaduais daquele ano. 

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No governo, Wilson Lima se mostrou inexperiente e vacilante desde o início. Desagradou e enfrentou duramente os professores a quem tanto dizia que iria valorizar (não custa lembrar que a sua esposa é formada em pedagogia e atuava como professora em uma escola particular). Revoltados, os professores entraram em greve no primeiro semestre de 2019. Como resposta, ouviram do governador que estavam fazendo a “sociedade refém” de seus interesses, prejudicando os alunos. 

Na saúde, havia dito que ela seria a sua prioridade e que zeraria as filas de espera. Mas quem estava mesmo na espera (esperando os seus salários atrasados) eram os profissionais da saúde, que ameaçaram entrar em greve, o que foi amplamente noticiado pelos jornais locais. Na área da segurança, não foi diferente, indignados que estavam com a aprovação do Teto de Gastos que, na prática, congelou o salário do funcionalismo estadual até pelo menos em 2021. A indignação foi tanta que o funcionalismo tentou uma paralisação geral (incluindo área da saúde, segurança, educação...). 

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Mas foram os problemas na área da saúde, potencializados pela pandemia que ainda nos assola, que colocou o atual governador do Amazonas em evidência nacional. Foi acusado de comandar um esquema de superfaturamento e desvio de dinheiro público através da compra de respiradores (em loja de vinho e totalmente inadequados para pacientes acometidos de Covid-19). Da mesma forma, foi apontado no sentido de favorecer grupos empresariais, como no caso do aluguel do Hospital Nilton Lins por três meses no valor de 2,6 milhões de reais. E agora recentemente no Natal de montar uma árvore na área central da cidade no valor de 2 milhões, inclusive sem licitação. Sem falar das várias viagens e das altas diárias pagas com dinheiro público. 

No combate ao novo coronavírus, mais inexperiências e vacilações! Perdeu o momento (por volta de março/abril) de estabelecer um lockdawm local, não o fez e o Amazonas sofreu com uma quantidade enorme de pessoas infectadas, outras mortas e o sistema de saúde á beira do colapso. Quem não se lembra das tristes cenas das pessoas perdendo os seus entes queridos na porta dos hospitais do estado! Se não bastasse isso, quando ocorreu a diminuição do número de casos e infecções, aparentemente o governo lavou as mãos (sem propaganda de conscientização, de fiscalização, ou similares), deixando correr frouxo o movimento de pessoas como se a pandemia não existisse mais. Como consequência, estamos agora vendo novamente os números de casos aumentarem, assim como as mortes e as pressões sobre o sistema estadual de saúde.

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Como resposta a isso, tardiamente e sem muito diálogo, o governador baixou um decreto – proibindo o funcionamento do comércio não essencial – que gerou várias críticas e manifestações que ganharam as ruas da capital (no interior simplesmente falaram que não iriam obedecer, uma verdadeira desobediência civil), forçando o governador a voltar atrás. 

Considerando o combate à pandemia, a que ponto chegamos... É um vai e vem do governador, cheio de vacilações oriundas da falta de sensibilidade, diálogo e experiência. Ou será que, sendo apoiador de um presidente genocida, esse vai e vem também não significa isso, um genocídio social e econômico! 

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