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Marilza De Melo Foucher

Economista e jornalista. Colabora com o Brasil 247 e outros jornais no Brasil, é colaboradora e blogueira do Mediapart em Paris

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No meio do “desconfinamento”, surge um fio de esperança nas eleições locais francesas

Os franceses transformaram as eleições municipais locais em um plebiscito contra o “macroinismo”: seu partido foi duramente derrotado

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Os franceses transformaram as eleições municipais locais em um plebiscito contra o “macroinismo”: seu partido foi duramente derrotado. Entretanto, a maioria decidiu não exercer sua cidadania política neste segundo turno das eleições municipais. Houve uma abstenção de 60%! É certo que essa abstenção histórica faz parte do contexto excepcional de uma crise sanitária sem precedentes, que prejudicou os eleitores, apesar das medidas cautelares reforçadas. Apesar do “desconfinamento” e a segurança sanitária, o traumatismo da pandemia permanece e o descrédito político também. Talvez, esta grande abstenção, seja uma forma de protesto ao governo Macron por ter mantido o primeiro turno das eleições municipais em pleno pico do coronavírus. Este fato exige ser analisado posteriormente.

Apesar da pandemia e desta fragilidade da política local, um fio de esperança renasce nestas eleições municipais. No domingo, 28 de junho, as eleições municipais viram o avanço da representação feminina de esquerda e ecologista na vida política. Em várias grandes cidades francesas, os cidadãos optaram por votar não em um homem, mas em uma mulher. Uma novidade na história da Quinta República.

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Outra boa novidade nessas eleições municipais foi a força da união das esquerdas com ecologistas. Graças a esta união, grandes cidades detidas pela direita há décadas, como Marseille, Bordeaux , Strasbourg, Nancy, Chamberry, Tours passarão a ser governadas pela esquerda ecologista. Outras municipalidades já governadas pela esquerda (PS) foram preservadas como Paris, Lille, Rennes, Nantes, Montpellier, Avignon, Annecy, Rouen, Poitiers, Dijon, Villeurbanne, Le Mans, Bourges. Os ecologistas em aliança com a esquerda puderam também preservar a cidade de Grenoble e ganhar a grande cidade de Lyon e Besançon.

O partido tradicional de direita ganhou nas médias cidades. A extrema direita que pretendia expandir sua implantação local não venceu o páreo, ganhou apenas uma cidade importante que é Perpignan (120.000 habs.) detida pela direita republicana.

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Os dirigentes do  partido Europa Ecologia-Os Verdes-EEV não podem aclamar  uma vitória do partido nas eleições municipais na França, eles sabem que a conquista de algumas cidades importantes foi graças a ajuda dos socialistas já bem implantados localmente e ao apoio do Partido Comunista e do partido de Mélenchon -France Insoumise.

Hoje existe uma recomposição política de forças de esquerda na França que incorporaram a ecologia como uma temática transversal em seus programas. A emergência de uma consciência ambiental exige nova visão do desenvolvimento territorial e a preocupação com o meio ambiente sai do discurso para a experimentação local. Embora ainda incipiente, a questão do desenvolvimento territorial inclusivo e com sustentabilidade ambiental vai sendo implantado em algumas municipalidades de esquerda e ganha a adesão dos cidadãos cada vez mais conscientes da necessidade de investir localmente para melhorar as condições ambientais nas cidades. Hoje os “verdes” são forçados a reconhecer a conversão ecológica de vários prefeitos socialistas e comunistas no território francês.

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Os ecologistas aprenderam que sem alianças com a esquerda eles não teriam conquistado tantas municipalidades. O primeiro secretário do partido Europa Ecologia Os Verdes-EEV lançou na noite de domingo passado: "Teremos que colocar nossa bandeira e nossa mente partidária no bolso, porque a bandeira comum é mais forte do que outras. "E para citar a máxima do time de futebol francês na Copa do Mundo de 2006", caminhamos juntos, morremos juntos", ao qual ele acrescenta:" Vencemos juntos."

Conclusão: Matutando sobre os comentários das eleições francesas

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A ideologia neoliberal vem tentando apagar as diferenças políticas com o apoio dos meios de comunicações, não só isto, ela apostou no descrédito da política para se impor!

Até hoje os comentaristas dos canais de TV na França e alguns jornais analisam os resultados dentro de uma lógica de despolitização. Eles tentam eliminar a vitória da esquerda nas eleições municipais. A esquerda francesa incorporou a ecologia como temática transversal. Todavia, eles comentam a vitória do partido Verde, como se ela tenha se dado isolada. Como se a ecologia não pertencesse a nenhum campo político. Alguns verdes já tentaram e não conseguiram! Como aplicar uma política territorial que integre uma visão holística do desenvolvimento onde a economia não represente o comando principal? Nessa concepção de desenvolvimento territorial todos os setores se articulam: o social, o político, o econômico e meio ambiente e a dinâmica da democracia participativa é fundamental. A direita neoliberal jamais governaria localmente com esta concepção. A ecologia não pode nunca ser de direita! Exceto se ela aceita que a ecologia sirva de marketing ambiental para a ideologia neoliberal e ao neoliberalismo econômico!

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