“Nova política”: Renan-5 & Maia-3, Ciro & PSL, MDB & BBB, os de sempre...
"Na Câmara, está tudo certo para Rodrigo Maia (DEM-RJ) assumir pela terceira vez a presidência da Câmara. Esta é a 'Nova Política', cantada em prosa e verso nas fake news das redes sociais, que prometiam acabar com a corrupção, lembram-se?", questiona Ricardo Kotscho, do Jornalistas pela Democracia; "Os de sempre juntaram-se novamente, agora em torno de um governo de extrema-direita, pela primeira vez na nossa história", afirma; "Não corremos mesmo nenhum risco de alguma coisa melhorar. É um cenário de fim de feira, apesar de ainda estar no começo"
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Por Ricardo Kotscho, no Balaio do Kotscho e para os Jornalistas pela Democracia
Demorou demais, mas janeiro, enfim, acabou _ e até agora sobrevivemos.
Hoje, 1º de fevereiro de 2019, será empossado o exército de deputados e senadores eleitos sob a bandeira da nova ordem bolsonarista.
Segundo as últimas informações de Brasília, Renan Calheiros (MDB-AL) será eleito pela quinta vez para a presidência do Senado.
Na Câmara, está tudo certo para Rodrigo Maia (DEM-RJ) assumir pela terceira vez a presidência da Câmara.
Esta é a “Nova Política”, cantada em prosa e verso nas fake news das redes sociais, que prometiam acabar com a corrupção, lembram-se?
Os de sempre juntaram-se novamente, agora em torno de um governo de extrema-direita, pela primeira vez na nossa história.
Lá estão irmanados o PDT de Ciro Gomes com o PSL de Bolsonaro, o eterno MDB com a bancada BBB, da bala, bíblia e boi.
A única novidade que vejo é Ciro Gomes ter rompido com a esquerda para ser candidato de oposição em 2022. Candidato de quem, em nome do quê?
O campo governista já está congestionado de candidatos: o superministro Moro, o governador Doria, o apresentador Huck, entre outros.
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Pela esquerda, PT, PSOL e Rede se uniram ao PSB, que o PDT cortejava, para lançar Marcelo Freixo (PSOL-RJ) contra Maia, deixando Ciro pendurado na brocha junto com o PCdoB de tantas glórias e tradições.
Só restaria a Ciro ser candidato do governo, mas, se Bolsonaro sobreviver até 2022, certamente sua tropa o obrigará a disputar a reeleição.
Para quem acha que é muito cedo para pensar na sucessão presidencial, lembro que Jair Bolsonaro se lançou candidato logo após a eleição de 2014.
No começo, ninguém o levou a sério, achavam que ficou louco, mas ele foi montando em silêncio seu bunker nas redes sociais e, de repente, sem o apoio de nenhum grande partido, disparou nas pesquisas, após a misteriosa facada de Juiz de Fora e a interdição de Lula pela Justiça de Moro, com Supremo e com tudo, agora com assessoria militar.
Três vezes candidato derrotado a presidente, Ciro poderá ter o mesmo destino de Marina Silva, também três vezes candidata, que na última eleição teve 1% dos votos e elegeu um deputado.
Ciro queria isolar o PT e acabou falando sozinho, juntando-se a tudo o que a velha política tem de pior. Juro que não consegui entender a jogada.
Fora disso, não vejo nada de novo neste grande teatro de fancaria montado no Congresso Nacional, com novos e exóticos cacarecos, que já estão disputando o butim.
Sempre me lembro daquele grande sábio, o dr. Ulysses Guimarães, quando lhe perguntavam o que achava da Câmara que presidiu na Constituinte:
“Espera para ver o próximo… Vocês ainda sentirão saudade…”
Tinha toda razão meu profético parceiro da campanha das Diretas Já. Sempre dá para ser pior.
Não corremos mesmo nenhum risco de alguma coisa melhorar. É um cenário de fim de feira, apesar de ainda estar no começo.
Basta dar uma olhada na cara e no prontuário da maioria dos eleitos.
***
Não deixem de ler as colunas de Fernanda Torres e Vladimir Safatle, na Folha, e de Eliane Brum, no El País.
São pungentes retratos em branco e preto da tragédia brasileira, depois de um mês da era bolsonarista.
Como se esperava, a Bolsa subiu e o dólar caiu, para a alegria de rentistas, especuladores e entreguistas, na grande liquidação do que restou do nosso país.
Do outro lado do muro do mercado, o Brasil vai se degradando mais a cada dia, com os três poderes afundados na lama da promiscuidade.
Os milicianos venceram. Salve-se quem puder.
Vida que segue.
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