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Ana Maria Baldo

Professora da Rede Pública, Mestranda em Educação pela UERGS

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Novas façanhas, velhas mentiras

Assim como fez com a “remodelação” da Educação de Jovens e Adultos, com o fechamento de escolas e de turmas na rede estadual de ensino, Leite aproveita-se do momento atual de pandemia para colocar em prática mais uma de suas “façanhas” – como diz em seu logo governamental “Governo do RS – Novas Façanhas” (como se as velhas já não nos tivessem tirado o suficiente) – a privatização da Corsan.

Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul (Foto: Reprodução (Facebook))
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No ano de 2018, durante sua campanha eleitoral, o atual Governador do Estado do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), prometeu não privatizar a Corsan – empresa estatal que realiza o abastecimento de água e o saneamento de 317 municípios gaúchos. Prometeu, mas anunciou que não irá cumprir (não que isso surpreenda muito a quem conhece o jeito tucano de governar, mesmo que alguns no segundo turno eleitoral tenham votado nele acreditando em tal promessa). Mesmo assim, atitude merecedora de denúncia. 

Assim como fez com a “remodelação” da Educação de Jovens e Adultos, com o fechamento de escolas e de turmas na rede estadual de ensino, Leite aproveita-se do momento atual de pandemia para colocar em prática mais uma de suas “façanhas” – como diz em seu logo governamental “Governo do RS – Novas Façanhas” (como se as velhas já não nos tivessem tirado o suficiente) – a privatização da Corsan. 

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Com 55 anos de existência, a Corsan vem enfrentando já há algum tempo as estratégias básicas que se fazem presentes antes do processo mesmo de privatização se iniciar formalmente. Sucateamento, diminuição de recursos e investimentos, precarização das estruturas, difamação dos servidores, e por fim, divulgar em larga escala (com ajuda da grande mídia) o quanto a empresa traz prejuízo para o poder público, o quanto de déficit esta empresa deixa aos cofres públicos e como sua venda para uma empresa privada melhoraria os serviços prestados e as finanças governamentais. Nesta perspectiva de sucateamento, a Corsan sofre com a falta de servidores. O governo por sua vez, sob a liderança de Eduardo Leite, ao invés de investir recursos na melhoria dos serviços, realizar concursos públicos para nomeação de servidores especializados, contrata temporariamente e agora vem buscando a terceirização de funcionários para preencher essa demanda, seguindo assim a regra neoliberal de quebrar para vender. Segundo o Governador, os servidores da empresa não serão demitidos, o que é difícil de acreditar, sendo que, além de novas façanhas, o governador também é bom em velhas mentiras.

Quebram para vender e usam o discurso falacioso e mentiroso do déficit de caixa e do prejuízo aos cofres públicos para justificar a privatização de um serviço essencial, que é a distribuição de água e o saneamento da população gaúcha. Alguns municípios do Estado já testaram esse remédio e os efeitos colaterais foram inúmeros: a água a que a população tem acesso é nitidamente imprópria para o consumo, os preços cobrados são abusivos, há baixa qualidade nos serviços prestados, etc. 

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Entretanto cabe destacar que, além de mentir ao afirmar em sua campanha política que não privatizaria a Corsan, Eduardo Leite mente também ao afirmar que a empresa precisa ser vendida por gerar déficit aos cofres públicos. Os dados apresentados pelo Sindiágua – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto do Estado do Rio Grande do Sul – demonstram que desde 2017 a Corsan vem obtendo lucros líquidos anuais na casa dos 300 milhões de reais. Demonstrando assim que o governo estadual mente, e que a Corsan é uma empresa estatal autossuficiente e que ainda deixa para os cofres públicos dinheiro excedente para ser utilizado em outros setores sociais que necessitam de investimentos. Segundo o Sindiágua ainda, em 2020, ano em que fomos assolados pela pandemia de Covid 19, a Corsan isentou a conta de água de famílias incluídas em programas de baixa renda; e a Corsan ainda oferece isenção filantrópica para entidades como ONGs, hospitais, associações e escolas. Mas o estado de bem-estar social não interessa ao governo neoliberal de Eduardo Leite, e vendê-la está no topo de sua agenda.

Para privatizar é necessário que a população seja consultada, mas Eduardo Leite, usando a desculpa da pandemia, tenta burlar essa necessidade, afirmando inclusive que falta ao povo maiores esclarecimentos sobre os dados para que saibam votar corretamente caso seja realizado um plebiscito. 

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Posto isso, e sabendo que a Corsan se mantém financeiramente, seria como vender seu carro para andar de Uber depois. É ilógico e insensato, mas não para a mão neoliberal, para ela o estado precisa ser mínimo e o lucro máximo. 

Sendo assim, hoje mais do que ontem, é preciso que divulguemos essa realidade; é preciso que mostremos à população a real situação vivenciada pela Corsan; é preciso que defendamos a água como um bem público, não como uma mercadoria; é necessário que sejam expostas e denunciadas as mentiras contadas pelo governador. 

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Em defesa da água, contra a privatização e o desemprego, precisamos mostrar a realidade, e reafirmar ao governador Eduardo Leite que SEGUIREMOS LUTANDO E RESISTINDO. Agora é hora de mobilizar os trabalhadores e trabalhadoras da Corsan, os trabalhadores e trabalhadoras de modo geral, para empunharmos a bandeira do público e impedirmos esse processo de privatização. Agora é a hora de gritarmos “Água não é mercadoria! Não à privatização da Corsan!”

Precisamos inundar as redes de verdades sobre a Corsan, antes que a sede de lucro dos neoliberais nos afogue em altos preços e serviços ruins. 

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