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Miguel Paiva

Miguel Paiva é chargista e jornalista, criador de vários personagens e hoje faz parte do coletivo Jornalistas Pela Democracia

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Novos tempos, novas máscaras

"Os rankings de importância dos elementos da sociedade se transformarão. Coisas esquecidas saltarão para os primeiros lugares como a abstração, a solidariedade, as parcerias, a fragilidade do nosso corpo, a saúde em geral, a alimentação e os pequenos prazeres", escreve o cartunista Miguel Paiva

(Foto: Miguel Paiva)
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Por Miguel Paiva, para o Jornalistas pela Democracia 

Evidente que nada mais será como antes, amanhã. A cada dia que passa vamos aprendendo a conviver com esse novo mundo que se apresenta a partir da Covid 19. Pouco se fala mais em guerras, fronteiras, bolsa de valores, câmbio e outras coisas que eram típicas do velho mundo. Nosso novo mundo está se construindo a partir de uma tragédia, mas uma tragédia que ensina muito. 

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O mundo começa a rever os princípios básicos da sociedade. É hora de pensar num novo modo de vida. Encontraremos outros modos de garantir a sobrevivência e até mesmo a felicidade. Pessoas estão fazendo escambos, cantando nas varandas, comendo a comida solidária, respeitando distancias sanitárias e vislumbrando novos modos de relacionamento. Também estão acontecendo problemas gerados pelo confinamento. Casais que se suportavam apenas devem estar no limite, ou da convivência ou da renovação do modo de vida. Estar juntos todos os dias significa ter sempre assunto, comentários, observações e sedução que atraiam o outro. Não dá mais para escapar, ir até o botequim jogar conversa fora. A realidade está ali entre aquelas quatro paredes e mesmo atrás de máscaras se pode perceber a alegria ou a tristeza. 

Nada mais realístico para este início de século.

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A economia também vai mudar de cara. A ganância a qualquer custo, a riqueza concentrada, a produção desenfreada e a especulação do mercado encolhem diante da brutalidade do vírus. O que vale ter no bolso as ações milionárias do mercado se você não pode mais colocar o nariz na rua? É claro que a riqueza ainda faz diferença. Não chegamos ao socialismo sanitário onde a sociedade vai se reconstruir a partir do isolamento. Tenho medo de que quando o isolamento começar a ser afrouxado, os inconscientes sairão feito loucos atrás do seu quinhão. Não há saída fora da calma, da paciência e do isolamento.

A reflexão que este período causa tem que ser aproveitada para um futuro melhor. Vivemos tempos inéditos que nenhuma guerra passada ou mesmo o crack da bolsa de 1929 pode igualar. Não sabemos o que vem por aí mas, de qualquer forma é bom nos precavermos. Do jeito que está não dá mais para continuar, apesar e sobretudo, por causa do Bolsonaro. Todos fomos redimensionados e só escapará quem tiver uma visão mais transformadora neste momento.

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Vamos ter que recriar o mundo e estabelecer novas linguagens. As mulheres terão um papel importantíssimo porque finalmente partiremos do zero nessa reconstrução fora de qualquer padrão viciado masculino. É a partir do ponto de vista feminino e desta nova linguagem que poderemos estabelecer novos padrões.

Os rankings de importância dos elementos da sociedade se transformarão. Coisas esquecidas saltarão para os primeiros lugares como a abstração, a solidariedade, as parcerias, a fragilidade do nosso corpo, a saúde em geral, a alimentação e os pequenos prazeres. Chega de economia enlatada e cultura vertical imposta. Vamos usar do melhor modo possível a liberdade de acesso às redes sociais. 

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E vamos estabelecer que as máscaras de proteção serão nosso novo uniforme por muito tempo. Do mesmo jeito que usamos capas na chuva, camisinhas no sexo ou capacetes nas motos ou bicicletas vamos usar máscaras para poder continuar convivendo com o próximo. Que seja assim e que essas máscaras substituam as velhas máscaras sociais que cairão todas, mais cedo ou mais tarde. Morte ao vírus, viva o novo.

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