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Ricardo Bruno

Jornalista político, apresentador do programa Jogo do Poder (Rio) e ex-secretário de comunicação do Estado do Rio

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Números da pesquisa CNT-MDA sugerem que o PT precisa rediscutir estratégias e alianças

"O partido não pode abrir mão de apoios do calibre de Eduardo Paes, sob pena de incidir num imperdoável erro estratégico", analisa Ricardo Bruno

Lula (Foto: Reuters/Carla Carniel)
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Se as eleições fossem hoje, o ex-presidente Lula estaria eleito seguramente. O resultado da mais recente pesquisa CNT-MDA mostra a manutenção de folgada vantagem (14,2%) do petista sobre Bolsonaro. Os números sugerem uma aparente estabilidade na disputa entre os dois principais contendores da corrida presidencial. Em dezembro, a diferença entre eles era de 17,2%. Houve, portanto, uma redução de três pontos, número ligeiramente acima da margem de erro, de 2,2%.

Por trás da aparente estabilidade numérica há, contudo, uma enorme instabilidade no comportamento dos eleitores brasileiros. As razões que sustentam a enganosa semelhança dos números finais da sondagem são totalmente diversas da anterior. A pesquisa atual registra a recuperação de terreno por Bolsonaro em todas as regiões do país, a exceção do Nordeste, onde, em oposto, Lula cresceu ainda mais, sobrepujando o adversário de modo acachapante: 61% a 16%. A vantagem, hoje de 45 pontos, antes era de 38.

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Também entre os mais pobres (até dois salários mínimos), Lula manteve a folgada dianteira de 30 pontos (51,1% contra 20.6%).

Os nordestinos e os pobres são, portanto, as fortalezas inexpugnáveis de Lula, que lhe garantem, a julgar pelos números, a vitória consagradora no pleito.

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Há, contudo, uma silenciosa movimentação de eleitores em outras regiões do país, mostrando preocupante recuperação de Bolsonaro. No Sudeste, a vantagem de Lula, antes de 9%, é de apenas dois (33,7% contra 31,8%); no Sul, de 12 caiu para 8 (39,5% a 32,1%). E no Norte-Centro Oeste despencou de 9 para 1 (35,3% a 34,3%). A rigor, Lula e Bolsonaro, a serem corretos os números, estão em empate técnico nas três regiões, o que não se configurava na rodada anterior.

É importante assinalar que Lula, pela esquerda, e Bolsonaro, pela direita, bloqueiam totalmente os espaços para terceira via. Não por acaso, a recuperação de Bolsonaro se dá em movimento oposto ao de Sérgio Moro, que se desmilingui, caindo de 8,9% para 6,4%. O único caminho do ex-juiz parcial seria pela direita, hoje ocupada consistentemente por Bolsonaro.

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Das três regiões do país, a de maior contingente eleitoral é a Sudeste. Com 62 milhões de eleitores, representa 43% dos eleitorado nacional. A queda da vantagem de Lula de 9 para dois por cento no Sudeste merece, portanto, análise cuidadosa e sugere a necessidade de rediscussão da política de alianças do PT com o objetivo de ampliar a força eleitoral de Lula para além da esquerda. Uma federação exclusivamente de partidos de esquerda poderia vedar as possibilidades de ampliação dos acordos.

Vejamos o caso do Rio de Janeiro, berço do bolsonarismo e onde, por extensão, as diferenças entre Lula e Bolsonaro são ainda mais estreitas. O apoio exclusivo a Marcelo Freixo afastou do presidente Lula um dos mais importantes eleitores do estado, o prefeito Eduardo Paes, que ensaia uma aliança com Ciro Gomes, caso o PSD não tenha candidatura própria.

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A serem corretos os números da CNT-MDA, é aconselhável o PT rever sua política de alianças. O partido não pode abrir mão de apoios do calibre de Eduardo Paes, por razões de baixa consistência, sob pena de incidir num imperdoável erro estratégico. O somatório de equívocos dessa natureza talvez explique os números da pesquisa.

O bom é que esses sinais começam a ser emitidos em fevereiro. Há, portanto, tempo de sobra para mudanças. Os números mostram, contudo, que não há uma vantagem esmagadora que permita a prática de erros primários como esse. Numa disputa renhida, a vitória será sempre de quem errar menos.

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