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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Nunca um governo foi tão contestado no Brasil

"Em vez de se comportarem como governantes provisórios, os golpistas se arrogaram em governantes definitivos, passando a desmontar a máquina do estado de forma avassaladora, a pretexto de 'economizar', mas, na verdade, criando o caos na máquina administrativa", observa Alex Solnik, colunista do 247; "Não só os que foram desalojados do poder e seus simpatizantes estão revoltados com o rumo que o presidente provisório Michel Temer está imprimindo, mas até mesmo aqueles que o apoiaram até anteontem não conseguem mais ficar calados ou indiferentes", acrescenta o jornalista; leia a íntegra de seu artigo

"Em vez de se comportarem como governantes provisórios, os golpistas se arrogaram em governantes definitivos, passando a desmontar a máquina do estado de forma avassaladora, a pretexto de 'economizar', mas, na verdade, criando o caos na máquina administrativa", observa Alex Solnik, colunista do 247; "Não só os que foram desalojados do poder e seus simpatizantes estão revoltados com o rumo que o presidente provisório Michel Temer está imprimindo, mas até mesmo aqueles que o apoiaram até anteontem não conseguem mais ficar calados ou indiferentes", acrescenta o jornalista; leia a íntegra de seu artigo (Foto: Alex Solnik)
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Nenhum governo foi tão contestado, por tantos, em tão pouco tempo quanto este. Não só os que foram desalojados do poder e seus simpatizantes estão revoltados com o rumo que o presidente provisório Michel Temer está imprimindo, mas até mesmo aqueles que o apoiaram até anteontem não conseguem mais ficar calados ou indiferentes.

O primeiro erro de Temer foi ter se deslumbrado com os inesperados 55 votos de senadores pró-impeachment, o que lhe deu – e aos seus correligionários – a ilusão de que já tinham os 2/3 que serão necessários depois do julgamento do processo e acharam que podiam fazer o que bem quisessem. No entanto, o primeiro erro foi justamente esse.

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Em vez de se comportarem como governantes provisórios, os golpistas se arrogaram em governantes definitivos, passando a desmontar a máquina do estado de forma avassaladora, a pretexto de "economizar", mas, na verdade, criando o caos na máquina administrativa, com a eliminação de ministérios sociais, fusão de dois ministérios incompatíveis cuja consequência inevitável será enfraquecer ambos em mais de uma situação, o que vai acarretar enormes prejuízos, pois esse governo, de acordo com a constituição tem prazo de validade de seis meses e, se não tiver os votos para continuar terá de abandonar o poder e o governo Dilma vai ter que demolir essa configuração esdrúxula a custo muito maior do que a suposta "economia" de transformar 37 ministérios em 22.

Apressado come cru. A nova fase do "impeachment" – o julgamento – ainda nem começou e um dos 55 votos está indo para o ralo, por obra e graça de Cristóvão Buarque, o primeiro senador a se revoltar contra a formação do ministério Frankenstein, sem minorias, sem mulheres e com uma plêiade de envolvidos em ações penais no STF e na Lava Jato. Levando-se em conta que ele preveniu, na comissão do Senado, que votaria a favor naquela ocasião mas que esperaria o julgamento para decidir se manteria seu voto, tudo leva a crer que o seu Temer tende a perder. Se perder apenas mais um desaparece a sua maioria de dois terços.

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Funcionários do ministério da Cultura receberam o novo ministro com cartazes de protesto; as ruas começam a ficar lotadas de manifestantes inconformados; o chefe da Fiesp, pai do pato amarelo não sabe como vai explicar a volta da CPMF, já acenada pelo novo ministro da Fazenda, pois esse era o maior inimigo do pato amarelo e que também complica a vida de Paulinho da Força, o mais fiel componente da tropa de choque de Eduardo Cunha; a primeira entrevista de Temer ao portavoz oficial do golpe, a Rede Globo foi recebida com panelaços, mas a crítica mais contundente partiu daquele que deu credibilidade ao "impeachment", daquele que era usado como escudo pelos golpistas, daquele de quem a toda hora se dizia "o impeachment não partiu da oposição, mas de um fundador do PT". Pois esse senhor, chamado Hélio Bicudo, que em outras épocas desmascarou Adhemar de Barros, que assaltava o governo de São Paulo quando não havia órgãos de controle nem imprensa vigilante, não se furtou a reconhecer, na primeira hora, o teor do novo governo ao classificá-lo de "cleptocracia", o mesmo que pode ser aplicado ao ex-governador paulista.

Cleptocracia é um termo de origem grega, que significa, literalmente, "governo de ladrões" , cujo objetivo é o roubo de capital financeiro de um país e do seu bem-comum.

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A cleptocracia ocorre quando uma nação deixa de ser governada por um Estado de Direito imparcial e passa a ser governada pelo poder discricionário de pessoas que tomaram o poder político nos diversos níveis e que conseguem transformar esse poder político em valor econômico, por diversos modos[.

A fase "cleptocrática" do Estado ocorre quando a maior parte de sistema público governamental é capturada por pessoas que praticam corrupção política, institucionalizando a corrupção e seus derivados como o nepotismo, o peculato, de forma que estas ações delitivas ficam impunes, por todos os setores do poder estarem corrompidos, desde a Justiça, os funcionários da lei e todo o sistema político e económico.

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O jornal britânico Financial Times classificou Angola como uma cleptocracia e os seus dirigentes como elite indiferente ao resto da população.

No início de 2004, a ONG anti-corrupção com sede na Alemanha, Transparência Internacional, divulgou uma lista do que acredita serem os 10 líderes mais cleptocratas dos últimos anos. Em ordem de valor supostamente roubados (em dólar dos Estados Unidos), foram : 1)Ex-presidente da Indonésia, Suharto ($ 15 bilhões - $ 35 bilhões entre 1967 e 1998); 2) Ex-presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos ($ 5 bilhões - $ 10 bilhões entre 1972 e 1986); 3) Ex-presidente do Zaire, Mobutu Sese Seko ($ 5 bilhões entre 1965 e 1997); 4) Ex-chefe de Estado da Nigéria, Sani Abacha ($ 2 bilhões - $ 5 bilhões entre 1993 e 1998); 5) Ex-presidente da Iugoslávia e da Sérvia, Slobodan Milošević ($ 1 bilhão entre 1989 e 2000); 6) Ex-presidente do Haiti, Jean-Claude Duvalier ($ 300 milhões - $ 800 milhões entre 1971 e 1986); 7) Ex-presidente do Peru, Alberto Fujimori ($ 600 milhões entre 1990 e 2000); 8) Ex-primeiro-ministro da Ucrânia, Pavlo Lazarenko ($ 114 milhões - $ 200 milhões entre 1996 e 1997); 9) Ex-presidente da Nicarágua, Arnoldo Alemán ($ 100 milhões entre 1997 e 2002); 10) Ex-presidente das Filipinas, Joseph Estrada ($ 78 milhões - $ 80 milhões entre 1998 e 2001).

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A continuar como está, o Brasil é sério candidato a constar dessa lista nefanda, para vergonha e espanto de todos os que sairam às ruas contra a cleptocracia.

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