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Ricardo Cappelli

Ricardo Cappelli é secretário da representação do governo do Maranhão em Brasília e foi presidente da União Nacional dos Estudantes

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O acordo impublicável

O jornalista Ricardo Cappelli, colunista do 247, avalia que o acordo entre PT e PSB não contribui para a unidade dos partidos de esquerda, mantém o PT isolado nacionalmente, que vê parte do PSB declarar apoio à candidatura de Geraldo Alckmin; "Só os militantes apaixonados e desavisados ainda sonham com 2018. Nos partidos a derrota na eleição nacional é dada como certa e o salve-se quem puder está a todo vapor", diz ele

O acordo impublicável (Foto: Ricardo Stuckert)
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O que verdadeiramente motivou o acordo PT-PSB que levou os socialistas à neutralidade? Acertos políticos são como ilhas no oceano. O que aparece na superfície é uma ínfima parte do que fica escondido debaixo d'água.

O pragmatismo é plenamente justificável, e até recomendável, quando utilizado para o alcance de objetivos estratégicos superiores. Se o acordo anunciado tivesse como resultado o apoio do PSB ao PT na disputa pela presidência seria facilmente compreendido.

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Os partidos envolvidos estariam fazendo sacrifícios para forjar a tão sonhada unidade da esquerda. Foi isso o que ocorreu?

A petista Marília Arraes viu sua candidatura ao governo de Pernambuco ser retirada e o PT nacionalmente continuar isolado. Sua cabeça foi servida em nome da unidade? Não.

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O socialista Márcio Lacerda, pré-candidato ao governo de Minas Gerais, foi pego de surpresa ao ver sua cabeça fazendo companhia a de Marília na bandeja. Reagiu com indignação, revolta e "desprezo".

Se as decapitações não aconteceram em nome da unidade da esquerda, o que justificou tamanha agressividade?

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No dia anterior, consultado sobre a hipótese de neutralidade, Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB, declarou: "não existe esta hipótese, o PSB não nasceu para ser satélite de ninguém". No dia seguinte, tudo mudou.

Sabendo que o PSB caminhava para Ciro, o PT aumentou a pressão. Marília Arraes representava uma ameaça à reeleição do governador pernambucano Paulo Câmara. De onde é o presidente nacional do PSB? Pernambuco, claro. Uma eventual derrota do PSB no estado poderia colocar em risco o controle do diretório local sobre a legenda nacionalmente.

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O PT, tendo consciência que o PSB não o apoiaria, levou às últimas consequências sua estratégia de manter a hegemonia na esquerda a qualquer custo. Fechou o acordo apenas pela neutralidade, com o único objetivo de isolar Ciro Gomes, alçado ao posto de "grande inimigo".

Como se pode constatar, tudo costurado em nome dos mais elevados interesses nacionais.

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Os desdobramentos são imprevisíveis. Alckmin, de longe, festeja. Viu um partido de esquerda ser anulado e parte dele ser autorizado formalmente a declarar apoio a sua candidatura. E o melhor, não precisou fazer nenhum esforço para isso.

Paulo Câmara também ganhou ao ser consagrado o único candidato de Lula em seu estado. Como se comportará Marília? A petista se construiu na oposição ao Palácio do Campo das Princesas. Seu eleitorado acompanhará o cavalo de pau?

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O caso de Minas é mais complexo. Lacerda é um político tarimbado, não tem seu futuro atrelado ao PSB. Foi o candidato de consenso entre PT e PSDB à prefeitura de BH.

Com as digitais de Pimentel, governador petista de Minas, nas lâminas que cortaram seu pescoço, como reagirá o ex-prefeito de BH? Ficará apenas na indignação do primeiro momento? O tucano Anastasia lidera a corrida ao Palácio da Liberdade.

Na política nem sempre dois mais dois é igual a quatro. Pode dar dois mesmo, ou até menos.

Lula e o PT também alcançaram uma vitória dentro do objetivo que traçaram para esta eleição: manter a hegemonia na esquerda. O PDT ousou questionar? Isolado. O PSB ousou questionar? Anulado. É preciso reconhecer a eficiência petista.

Ciro, "o cabra marcado pra morrer", sai derrotado na tentativa de construir alianças. Lula, Temer e Alckmin, de forma tácita, atuaram juntos para isolá-lo. O establishment político luta pela manutenção do "mais do mesmo", uma disputa entre PT e PSDB. Se o povo está participando destes acordos e vai endossá-los é outro papo.

Nem o mais pessimista poderia imaginar este cenário. A esquerda brasileira colocando interesses regionais, a manutenção de poder em estruturas partidárias e a busca desesperada pela manutenção da hegemonia da derrota acima do Brasil.

Só os militantes apaixonados e desavisados ainda sonham com 2018. Nos partidos a derrota na eleição nacional é dada como certa e o salve-se quem puder está a todo vapor.

Convenhamos, 2022 é logo "ali".

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