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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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O ano que eu queria que não terminasse

O colunista do 247 Alex Solnik diz viver em uma espécie de "pesadelo" com as notícias que dão conta de que os militares ocupam cada vez mais cargos no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro; "Não fico tranquilo lendo artigos de colegas mais graduados do que eu segundo os quais todos esses militares no governo não devem assustar: são gente boa, democrata, nenhum deles vai dar golpe algum. Não é para a gente se preocupar. Mas eu me preocupo, sim. Nunca houve um governo brasileiro com tantos generais. Nem no Estado Novo. Nem na ditadura militar", afirma

O ano que eu queria que não terminasse (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
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Quando salto da cama, de manhã, e corro para pegar o jornal que está à porta, meio sonâmbulo, nutro uma leve esperança de que, ao abri-lo, vou constatar que nada disso do que está acontecendo é verdade, ainda não houve eleições, isto é apenas um pesadelo do qual acordei.

Mas ocorre exatamente o oposto. Eu abro o jornal e me convenço que é tudo verdade. Mais um general nomeado para algum ministério, não importa qual, mas sem relação alguma com o seu ofício. Mais um deputado do baixo clero escalado para acabar com o ministério da Cultura, que agora será o "ministério do berimbau"; nas bancas, um perfeito idiota e ex-astrólogo que já emplacou dois ministros dinossáuricos estampa a capa da maior revista semanal; um filho espalha nas redes que tem gente próxima ao pai interessada na sua morte; o pai presta continência a um sub do presidente americano...

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Presidente não tem que prestar continência pra ninguém, caramba! É um cargo civil, civil não presta continência. De mais a mais, se ele tivesse que prestar continência a alguém seria ao povo brasileiro, o que nunca fez. Ao povo americano, sim. E essa de ontem foi a segunda vez.

A primeira foi na Flórida, em 2017. Tem um vídeo. Ele num palco, à frente de uma imensa bandeira americana. Ele se vira para ela e diz: "Eu presto continência à bandeira americana". E faz o gesto. O auditório aplaude e passa a gritar em coro: "USA! USA! USA". Bolsonaro grita junto.

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Não fico tranquilo lendo artigos de colegas mais graduados do que eu segundo os quais todos esses militares no governo não devem assustar: são gente boa, democrata, nenhum deles vai dar golpe algum. Não é para a gente se preocupar.

Mas eu me preocupo, sim. Nunca houve um governo brasileiro com tantos generais. Nem no Estado Novo. Nem na ditadura militar. A ditadura militar dividia o poder com os civis.

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Fiquei mais preocupado ainda – e com a pulga atrás da orelha – quando o general Villas Boas divulgou uma nota a respeito da Intentona Comunista de 1935, sem mais nem menos.

O problema não é apenas se os generais vão derrubar a democracia ou não; é o estilo. Foram treinados a vida toda para dar ordens a quem está abaixo e receber e cumprir ordens de quem está acima. Na política não funciona assim. E é esse estilo que eles vão levar para a sua atuação política.

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O outro problema é que generais não são eleitos, por isso não têm compromisso algum com os eleitores que elegeram um governo civil, mas ganharam um militar.

O terceiro problema é que a política voltou de novo aos quartéis.

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Eu queria que 2018 não acabasse para que 2019 não começasse.

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