O avesso da lógica: a brutalidade absoluta
A lógica da brutalidade absoluta que prevalece contra todos os direitos
O caráter (positivo ou negativo) de alguém não se confirma nas horas de lazer, nos instantes de paz e alegria, quando tudo parece estar dando certo. Nega-se ou se afirma nos momentos de tensão, nos testes do absoluto, de frente ou de costas para os que nos observam. Isso não se pode dizer de um povo, não obstante, aqui também, apesar das muitas e infinitas variáveis, traços e características surgem com maior evidência, destacando ou contestando comportamentos comunitários. A Alemanha, ao tempo do nazismo, confundiu-se com a estampa de crueldade – e custou a desfazer esta imagem. No caso de Israel, na luta contra os palestinos, uma nação que contava com a simpatia de todos (ou muito próximo disso) corroeu o bom perfil e reverteu a lógica com que se enquadrava, passando de herói a vilão.
Agentes do Estado governado por Benjamin Netanyahu escreveram às pressas a ideia de uma lógica invertida no que lhes diz respeito. A hipótese de humanidade antes estabelecida para si mesmos se desfez. O recentíssimo episódio da invasão de militantes num hospital da Cisjordânia, disfarçados de médicos e armados até os dentes, afastou-a de ideais que agora se arrastam na lata de lixo da história. Não há como apoiar o tamanho da crueldade. Os palestinos mortos, tentavam recuperar a saúde perdida. Não dispunham de armamentos. Não ofereciam perigo. Em termos de ética, funcionaram de acordo com uma fantasia, na qual a brutalidade absoluta se sobrepôs a quaisquer valores.
Por outro lado, a CONIB, a organização que representa Tel Aviv, metendo-se a dona da verdade, invade a cultura brasileira, agora em tentativas de fazer calar o jornalismo inteligente. Breno Altman por estar ao lado da verdade, não se deixa abater e continua exercendo o direito de opinar e criticar, venham de onde vierem os ataques contra a justiça. Em semelhante contexto fica difícil repetir a pecha de antissemitismo, quando o que permanece são princípios de uma pregação de paz e solidariedade entre os povos. Ainda por cima, na obsessão contra os inimigos, se anuncia nova prática nos campos de batalha: desenterrar os mortos na Faixa de Gaza, supondo que lá, entre os cadáveres, se escondam os famosos túneis da resistência palestina. Mais uma vez é a lógica da brutalidade absoluta que prevalece contra todos os direitos, ferindo a Convenção de Genebra e o conjunto de itens que um dia nortearam uma certa visão de mundo.
Cabe lembrar que um monstro não surge no ar, atrás de oxigênio. Surge lentamente, fruto de anos de esforços de uma educação distorcida. Também não há como ocultar os fatos de um apoio fortemente armado da Casa Branca. Graças a isso, gordo e bem alimentado, o monstro aperfeiçoa os critérios de maldade que costumam orientá-lo em direção ao pior. E que não venham falar de defesa contra os ataques do Hamas. Nas organizações de espionagem, como o Mossad, sabe-se exatamente como planejar e o que fazer com os interesses da História. Que se notabilizem pela estupidez, revela-se perfeito. Mas que não venham nos argumentar com as categorias de vítimas.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

