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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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O Batman de Temer: feitiço poderá virar contra o feiticeiro

Colunista do 247 Alex Solnik alerta para os riscos da consumação de Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal; "Se, depois de colocar a fantasia de Batman, Moraes apresentar, ao vivo e a cores, na TV Justiça, o mesmo desempenho lamentável do período em que foi ministro, que é o mais provável, tendo em vista o seu retrospecto, as inevitáveis críticas que receber irão também respingar em quem o indicou, debilitando ainda mais o já raquítico presidente da República. E nos senadores que, à semelhança do que fizeram no impeachment, já o aprovaram antes da votação começar", afirma; "E o que por ora é tido pela claque governista como um golpe de mestre corre o risco de se transformar, em breve, em nova versão de feitiço que vira contra o feiticeiro"

Brasília - Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes e o presidente interino Michel Temer na sanção da lei que disciplina o processo e julgamento do mandado de injunção individual e coletivo (Antonio Cruz/Agência Brasil) (Foto: Alex Solnik)
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Temer cometeu o desatino de indicar para a mais alta corte do país uma pessoa que demonstrou total carência de talento para lidar com situações delicadas no âmbito do Ministério da Justiça.

Alexandre de Moraes não só não apresentou uma solução sequer, como também ampliou os problemas.

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Criou embaraço ao governo ao anunciar que o Brasil estava na rota do terrorismo internacional a alguns dias da Olimpíada, em vez de prender os supostos terroristas (que estavam aprendendo a confeccionar bombas pela internet) em sigilo, sem assustar turistas com a possibilidade de atentado no Rio, o que certamente provocou redução considerável no afluxo de visitantes e prejuízo incalculável.

Depois, deixou-se filmar arrancando pés de maconha no Paraguai, o que classificou como início de uma campanha para "erradicar a maconha na América Latina". Um papel ridículo para um ministro da Justiça.

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No dia 7 de outubro de 2016 a "Folha" revelou seu envolvimento na Operação Acrônimo com a apreensão de planilhas da construtora JHSF em que constam pagamentos de 4 milhões de reais feitos a ele logo depois de ter sido Secretário de Transportes do prefeito Gilberto Kassab, período em que a pasta tratou de questões de interesse da JHSF referentes a compensações viárias na construção do Shopping Tucuruvi. O caso corre em sigilo no STF.

A seguir, quebrou o sigilo de uma das operações da Lava Jato, antecipando, em Ribeirão Preto, no dia das eleições municipais que "na próxima semana teremos novidades", o que se concretizou com a prisão do ex-prefeito da cidade e ex-ministro Antônio Palocci.

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A lambança seguinte consistiu em revelar incompetência para debelar a maior crise prisional do país, que resultou em centenas de mortes, dentro e fora dos presídios, apresentando um Plano Nacional de Segurança criticado por todos os estudiosos do assunto e logo em seguida se licenciou, no meio do tsunami, para se dedicar à "campanha" ao STF, algo desnecessário pois não tem concorrentes e o governo do qual participou detém folgada maioria no Senado.

Mas seus calcanhares de Aquiles continuaram expostos.

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Surgiu a notícia de que copiara em um de seus tratados de Direito trechos da obra do jurista espanhol Francisco Rubio Llorente. Nenhuma explicação convincente foi apresentada. O relator de sua indicação, senador Eduardo Braga, varreu a sujeira para debaixo do tapete ao declarar que não havia nenhum processo de plágio contra ele (sem explicar que o plagiado está morto).

Foi flagrado submetendo-se a uma sessão de "mídia training" a bordo da chalana de um senador chamada Champagne, uma cena que poderia caber perfeitamente em qualquer comédia do Monty Phyton.

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Hoje, a "Folha" publica a informação de que ele declarou ao Senado, a 7 de janeiro de 2017, não ter parentes exercendo trabalho vinculado à sua atividade profissional, omitindo que o escritório de sua mulher, a advogada Viviane Barci de Moraes defende acusados ao menos seis ações em andamento no STF.

Embora esteja na cara que esse conjunto da obra inviabiliza a sua indicação, Temer não se importou, mantendo-a contra todas as evidências.

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Ora, se ele foi escolhido não exatamente pelas qualidades exigidas de um ministro do STF, muito ao contrário, a teimosia do presidente da República só tem duas explicações: 1) é um ato de agradecimento por Moraes ter descoberto o hacker que prometeu "jogar na lama" o nome de Temer depois de invadir o celular da primeira-dama, quando ainda era Secretário de Segurança Pública de Alckmin, preservando os segredos grampeados, que só ele e o hacker conhecem e 2) ajudar o governo a blindar seus aliados no enfrentamento com a Lava Jato.

Nada a ver com seus supostos conhecimentos jurídicos ou ilibada reputação.

Se a sua nomeação – uma das mais polêmicas da história da República – vingar, graças aos senadores que atuam na Casa como vaquinhas de presépio do governo, a começar pelo presidente da CCJ, o suspeitíssimo Edison Lobão, o fato poderá ser interpretado como mais uma vitória de Temer, que vai continuar invicto em todos os embates travados até agora no Congresso Nacional.

No entanto, se, depois de colocar a fantasia de Batman, Moraes apresentar, ao vivo e a cores, na TV Justiça, o mesmo desempenho lamentável do período em que foi ministro, que é o mais provável, tendo em vista o seu retrospecto, as inevitáveis críticas que receber irão também respingar em quem o indicou, debilitando ainda mais o já raquítico presidente da República. E nos senadores que, à semelhança do que fizeram no impeachment, já o aprovaram antes da votação começar.

E o que por ora é tido pela claque governista como um golpe de mestre corre o risco de se transformar, em breve, em nova versão de feitiço que vira contra o feiticeiro.

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