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Chico Vigilante

Deputado distrital e presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara Legislativa do DF

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O Brasil é um pária no mundo?

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Pária é «indiano não pertencente a qualquer casta, considerado impuro e desprezível pela tradição cultural hinduísta Por extensão de sentido, trata-se de «pessoa mantida à margem da sociedade ou excluída do convívio social».

O ministro das relações exteriores, Ernesto Araújo, disse que “não importa que o Brasil pareça “um pária” no mundo se for para defender a liberdade”. Referia-se às inúmeras análises de conhecedores da história diplomática sobre a atual política externa do Brasil. Quando Araújo foi nomeado ministro-chefe do Itamaraty, os diplomatas de carreira ficaram perplexos. Uma pessoa sem trajetória que pudesse justificar a responsabilidade pela interlocução internacional. O Brasil tem uma longuíssima tradição de diplomacia, sendo referência internacional. Sempre praticando uma estratégia pragmática, que resultou, por exemplo, no reatamento das relações com a China em 1974, no governo Geisel. O Brasil foi um dos principais atores da fundação da ONU, sendo que a Assembléia que constituiu a Organização foi presidida por Oswaldo Aranha, chefe da delegação brasileira nesse encontro.

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Nos governos Lula e Dilma, o Brasil ganhou mais destaque no cenário mundial, pela defesa de políticas internacionais de combate à fome no mundo e de um comércio mais justo entre os países. Ademais, o Brasil foi decisivo para as negociações do Acordo do Clima, cujo objetivo é reduzir as emissões de gases que afetam a condição da atmosfera e interferem decisivamente no aquecimento global. Celso Amorim é uma das figuras mais destacadas desse período, respeitado em todo o mundo.

Embalado pelas ideias retrógradas de Donald Trump, derrotado e desmoralizado pelos episódios de violência terrorista que provocou no Capitólio, Bolsonaro e Araújo conduziram uma política externa que isola o Brasil na maioria dos temas em debate nos fóruns internacionais. Com ofensas e piadas de mau gosto, coloca em risco inclusive o Acordo Comercial Mercosul-União Europeia, que seria um trunfo de sua diplomacia.

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Por mais que cometa imbecilidades, Bolsonaro não conseguirá destruir a imagem que o Brasil tem, historicamente. Mas, no tempo presente, a consequência de suas irresponsabilidades já prejudicam o Brasil e o nosso povo.

Líderes europeus e entidades de defesa do meio ambiente já anunciam estratégias de redução de consumo de produtos agrícolas do Brasil, em razão do posicionamento do Brasil nesse tema. A China já demonstra priorizar a relação com Argentina e países da África, para reduzir a dependência de soja e algodão brasileiros.

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E, diante de inúmeras ofensas, a China não demonstra boa vontade no fornecimento de insumos para vacinas ao Brasil. Além disso, a Índia demonstra insatisfação com o voto do Brasil, alinhado a Trump, no caso da suspensão temporária das patentes de vacinas, durante a pandemia. O Brasil votou contra, mesmo sendo diretamente interessado na proposta, apenas para agradar ao demente que presidiu os EUA até esta semana.

Ou seja, o Brasil parece buscar obsessivamente a condição de isolamento, de pária, de fundamentalismo tolo. As relações internacionais não podem ser conduzidas com radicalismo, nem com convicções religiosas. Nunca é demais lembrar quem tomou a iniciativa de reatar relações dos EUA com a República Popular da China. O republicano Richard Nixon mandou, em missão secreta, Henri Kissinger para dialogar com Zhou Enlai e, posteriormente, com o próprio Mao Zedong, para reduzir as tensões e reabrir relações comerciais. Nixon caiu, com o escândalo de Watergate, e Gerald Ford deu sequência. O democrata Jimmy Carter avançou ainda mais e Bush pai consolidou os avanços, já com Deng Xiaoping no comando do país asiático. Tudo isso com a questão de Taiwan, da guerra do Vietnam e com os episódios da Praça Tiananmen como obstáculos aparentemente intransponíveis.

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O impeachment de Bolsonaro parece ser a única forma de retomar as condições de restabelecer a dignidade da Presidência da República, diante da crise sanitária, da decadência econômica e da inviabilidade administrativa do governo. Mas especialmente para que o Brasil volte a ser respeitado como país equilibrado e responsável na diplomacia internacional. Não, não queremos ser párias. 

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