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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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O Brasil está de vaca não reconhecer bezerro!

"Passadas as eleições da Câmara e do Senado, tanto Pazuello quanto Bolsonaro não poderão fugir da saraivada de acusações que começarão a pipocar", escreve a jornalista Denise Assis. "Assim esperamos, ou não haverá mais país nenhum"

Eduardo Pazuello e Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução)
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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia

Ulysses Guimarães costumava usar uma expressão muito apropriada para o momento: “o Brasil está, “de vaca não reconhecer bezerro”, dizia. Sim. É a hora do “pega pra capar”, do “barata voa”! Em terra onde o vírus muda de potência com a rapidez com que os corpos são buscados em casa, porque brasileiro já não tem onde cair morto, tamanho o descaso oficial com a pandemia, o jogo político aperta o passo. Em que direção? Como saber?

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E já não há pernas e braços – ou seria vontade? – para apurar tantos desmandos, tantas grosserias, tantas versões inverossímeis para escândalos que não viram manchete, mas têm dimensões que mereciam páginas e páginas. Não só pelo que se comprou, mas pela origem das compras, pelo preço unitário dos produtos, que não cabem na compreensão nem no bolso de ninguém, muito menos no de um governo que se diz “quebrado”. Uma afronta para um país em que o governo abandonou os desvalidos à própria sorte, sem emprego e sem auxílio emergencial. É bom alguém avisar para aquele senhor malcriado que a pandemia não terminou.

Como imaginar que num momento como este, o ministro da Saúde esteja “fora da área de alcance”? Como entender que o chefe nacional recuse (ou não responde, ou não decide), sobre a compra de um mega lote de 54 milhões de doses de vacinas produzidas e envazadas aqui, no Instituto Butantan, sem nem sequer ter custo de importação?

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Como aceitar que o Plano Nacional de Imunização seja ameaçado por um grupo de empresários ricos, que querem passar os seus carrões na frente dos bois, comprando milhões em vacinas, para dar aos seus, quando a regra é clara, Arnaldo: o PNI é de coordenação nacional, do governo, tem calendário solicitado e submetido ao Supremo Tribunal Federal onde estão determinadas fila e prioridades. Qualquer coisa fora disto é, mais uma vez, como só poderia acontecer aqui, “privilégio”. Não há o que discutir. Sentem e esperem. Será que dá para fazer isto uma vez na vida? Será que dá para sermos decentes na tragédia? Custa ser digno e entender que não é hora de enfiar a mão no bolso para exibir poder?

Mas não é só. Nos corredores do poder o ir e vir quase requer sinais de trânsito. Está aberta a temporada de caça aos cargos, do toma-lá-dá-cá, de confabulações que fariam corar os Candangos, escultura de bronze de Bruno Giorgi, na Praça dos 3 Poderes, (construída em 1959 para homenagear os construtores de Brasília).

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Enquanto o centrão avança sobre as várias pastas – querem porque querem desalojar alguns generais, que lutam para não perder a boquinha –, o vice, Hamilton Mourão envia emissário ao Congresso, para pavimentar a subida da rampa. Pilhado no meio da articulação, demitiu o assessor, o lado mais fraco da corda. Continuasse nas sombras e a costura seguiria o seu curso. Descoberto na urdidura, detona o mensageiro.

Até segunda-feira, quando será definido em que mãos estará o destino da Câmara dos deputados, os carpetes estarão desbastados, por conta do trafegar para chegar ao balcão em que se transformou o palácio. É praticamente certo que o general Braga Neto seja arredado do cargo de ministro da Casa Civil. Para lá, volta Onyx Lorenzoni, que esteve na cadeira, mas não esquentou lugar. Foi deslocado para gerir o Bolsa Família, agora cobiçado pelos novos aliados de Bolsonaro. Este sim, cargo nobre, do ponto de vista eleitoral e de grana.

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Há boatos de que Eduardo Pazuello não volta de Manaus como titular da Saúde, onde já fez tantos estragos que os próprios superiores e os colegas de farda torcem para vê-lo fora. Há controvérsias. Esta é uma pasta que foi colocada no fim da fila. Quem quer assumir o vazio de ações necessárias, repleto de processos e gargalos em que a pasta/crise se transformou? Pazuello é útil onde está, para servir de anteparo, de vidraça. Passadas as eleições da Câmara (e do Senado, onde o salseiro é tão intenso quanto), tanto ele, quanto Bolsonaro, não poderão fugir da saraivada de acusações que começarão a pipocar. Assim esperamos, ou não haverá mais país nenhum. Brasília ferve.

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