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Celso Raeder

Jornalista e publicitário, trabalhou no Última Hora e Jornal do Brasil, é sócio-diretor da WCriativa Marketing e Comunicação

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O Brasil mergulhou na escuridão

Não haverá empregos. Nem desenvolvimento. Não pagaremos menos impostos. Aposentadoria só na beira do caixão. Direitos trabalhistas trocados pela máxima exploração da mão de obra. Dilma vai embora. Fica a escuridão

Nova Iorque - EUA, 22/04/2016. Presidente Dilma Rousseff entrevista para os jornais internacionais. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR (Foto: Celso Raeder)
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Hoje é um dia triste para o Brasil. Não pelo impeachment da presidente Dilma, mas pelo início de uma nova era de trevas. Adeus Chico Buarque, seus versos não cabem mais no país da pornografia barata de Alexandre Frota. Pobre juventude forjada na luta dos movimentos estudantis. Não há espaço para vocês no reino de Kim Kataguiri. Está proscrita a pluralidade de opinião. A hora é do pensamento único, idiotizante e manipulador.

Mas como a sociedade brasileira permitiu que isso acontecesse? Como boa parte da população não percebeu que estava sendo pastoreada por lobos em pele de cordeiro? No futuro, os livros de História destacarão a importância do juiz Sérgio Moro e seus procuradores em todo esse processo. Ninguém iria às ruas protestar contra a roubalheira na Petrobras, se convocado por Aécio Neves, Eduardo Cunha ou Michel Temer. Não há, na República dos Malfeitores que se instalará com o impeachment de Dilma Rousseff, um único nome moralmente referendado pelo povo. Tudo foi construído artificialmente, disfarçado em associações fakes criadas na internet da noite para o dia. No entanto, faltava um avalista para dar credibilidade ao movimento pseudo-moralizador orquestrado pela direita, e encontraram na operação Lava Jato seu grande fiador. Sem essa de crime de responsabilidade. A presidente caiu mesmo foi por causa dos noticiários vindos de Curitiba, envolvendo os principais nomes do PT.

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Não é fácil derrubar um governo democraticamente eleito, ainda mais sem motivos incontestáveis. O golpe foi oferecido à sociedade embrulhado em papel de presente. Assim, ninguém percebeu o quanto de responsabilidade cabia ao Congresso Nacional, na evolução da crise econômica que mergulhou o país no caos. Obstruções, trancamento de pautas, sucessivas derrotas do governo em votações no plenário, contribuíram significativamente para o desemprego de mais de 10 milhões de brasileiros. O cidadão, que já está atolado em dívidas, pagando bandeira vermelha nas tarifas de energia, com os juros bancários nas alturas, não iria ligar a mínima para as manobras regimentais do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha. A culpa é da Dilma e ponto final.

Enquanto isso, o PMDB passa liso nas investigações da Lava Jato. Não faço a menor ideia de quanto vale um apartamento no Guarujá ou uma Chácara em Atibaia. Mas acredito ser inferior aos gastos com cartão de crédito da mulher do deputado Eduardo Cunha. Quando Nestor Cerveró começou a falar sobre as ligações envolvendo um lobista, considerado o maior operador do PMDB dentro da Petrobras, com Renan Calheiros, Sérgio Moro orientou o depoente a se calar. E eu aqui, cheio de vontade de saber mais detalhes sobre essa bolada. Ah, Renan é protegido por foro privilegiado. Ok, vou esperar, deitado, que alguém do STF queira saber mais a respeito das ligações entre o lobista Jorge Luz e a turma do PMDB.

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A dose de cicuta usada para assassinar o mandato da presidente também envenenou a democracia. Grupos de extrema direita ganharam força durante a crise. Racistas, gente que odeia pobre, simpatizantes da tortura, uma corja abjeta escondida no esgoto dos seus preconceitos, sentiram-se à vontade para mostrar a cara. O impeachment da presidente Dilma encerra todas as conquistas em avanços sociais e dos direitos humanos. Não tardará a sentir os efeitos desse retrocesso os homossexuais, negros, nordestinos, todas as representações das minorias. A bancada evangélica conseguirá no governo Temer o que sempre desejou. Levar o Brasil de volta a Idade Média.

Não haverá empregos. Nem desenvolvimento. Não pagaremos menos impostos. Aposentadoria só na beira do caixão. Direitos trabalhistas trocados pela máxima exploração da mão de obra. Continuaremos penando na fila dos hospitais. O que os professores e alunos acham de Mendonça Filho, o próximo ministro da Educação? Ah, tem também a presença sempre marcante do Romero Jucá na construção desse Brasil novo.

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Dilma vai embora. Fica a escuridão.

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