O Brasil não pode se reduzir a Rio das Pedras

A Operação Os Intocáveis tocou em um ponto delicado: a da relação espúria, indigesta, do mundo político com o mundo do crime organizado, um Rio de Janeiro que lembra a Chicago do Intocável Eliot Ness. E, aqui no Rio, a capital é Rio das Pedras, com o governo do Escritório do Crime (o braço armado da organização criminosa) mantendo filial instalada em um gabinete da ALERJ. E essa é uma das partes mais tristes de toda a história: o gabinete é do deputado estadual Flávio Bolsonaro, filho do presidente da República!!!

Aqui, aliás, chegamos ao ponto crucial – as reações equivocadas do presidente Bolsonaro. Na primeira reação, atônito, disse que o filho ia ter que pagar pelo que fez. Errado! Um pai que, na primeira dificuldade, joga o filho aos leões não é capaz de pensar no povo. A segunda reação foi igualmente péssima: “Não é justo usar o garoto para tentar me atingir”. Como assim? Agora a imprensa e o povo brasileiro são os culpados? Somos nós que estamos transformando o país na comunidade dominada de Rio das Pedras? Um presidente tão despreparado assim só faz aumentar a insegurança da população. A coisa ficou tão descontrolada que os militares superiores (!) do presidente resolveram tomar as rédeas nas mão, determinaram que Flávio Bolsonaro não deve assumir como senador. É tudo surreal, inacreditável!

A sensação que se tem é a de que o país está sendo engolido pelo lado podre de Rio das Pedras – enquanto o presidente não sabe o que fazer em Davos...