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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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O Brasil precisa enxergar a guerra contra os matadores de ianomâmi

'O Estado precisa se livrar da percepção dos próprios criminosos de que é sócio do genocídio', escreve o colunista Moisés Mendes

Índios desnutridos em Roraima (círculo) e um protesto de indígena contra o governo Jair Bolsonaro (Foto: ABR | Condisi-YY/Divulgação)
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Por Moisés Mendes, para o Jornalistas pela Democracia

Homens sem dentes aparecem em vídeos que mostram garimpeiros invasores das terras ianomâmis. São bandidos, mas são também a versão amazônica da Fátima de Tubarão.

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São a ralé do garimpo artesanal, que presta serviços a gente bem mais poderosa. São eles que fazem o serviço sujo, a mando de alguém ou por encomenda.

Os homens sem dentes são a parte visível de um gigantesco esquema criminoso sustentado por quadrilhas protegidas por Bolsonaro, com a conivência, a omissão ou a cumplicidade de militares.

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É com essa ralé que o governo vai se entender de imediato pelos danos ambientais, pela rapinagem e pela matança de ianomâmis. Muitos desdentados devem ser presos. 

Mas os homens com dentes, que circulam na área em aviões e helicópteros, esses não são vistos, mesmo que sejam conhecidos em toda a região.

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Os garimpeiros do trabalho braçal são a parte visível do cerco que leva à matança. E será agora com o cerco a eles que vamos nos contentar por enquanto.

Lula já mandou cortar a circulação de aeronaves na região com o fechamento do espaço aéreo. Os manés do garimpo ficarão sem proteção e sem suprimentos.

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O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, anunciou um mutirão das Forças Armadas para acelerar a repressão.

Polícia, Ministério Público e órgãos do governo se mobilizam para conter os criminosos. O Judiciário terá de se engajar à urgência do genocídio.

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Mas nada é mais urgente do que a ação em mutirão para mostrar ao mundo, e não só Brasil, que todas as frentes andam na mesma direção.    

Um esforço que não pode cumprir os ritos de situações de normalidade. Mais do que inquéritos céleres e processos que não andem só para os lados, o Brasil precisa agora, já, ver a ação contra os bandidos.

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E ver significa o que o verbo diz: precisa enxergar. Todas as instituições terão de impor, pela presença ostensiva, a força do Estado.

É a hora do espetáculo do começo da reparação. Sim, espetáculo, como ação visível, impositiva, com a destruição prevista e legal de equipamentos e prisões em massa, em flagrante.

É disso também, da imposição do seu poderio contra o crime, que vive a democracia. Se as instituições tratarem os bandidos da floresta com as liturgias de tempos de normalidade, nada irá acontecer.

Como não aconteceu até agora com o gabinete do ódio, com os vampiros da vacina, com os golpistas financiadores de patriotas. Todos com fartura de dentes. 

Os garimpeiros da chinelagem da Amazônia, assassinos de índios e indigenistas, mandaletes das gangues do garimpo, todos protegidos por Bolsonaro, esses terão de pagar pelo espetáculo que o Estado precisa oferecer aos brasileiros.

O Estado precisa dizer: nós estamos aqui. E convencer, por ação coercitiva, que está presente, lá onde o crime acontece, e não só nos gabinetes de governo ou do sistema de Justiça.

Ninguém espera que peguem todo mundo. O Ministério Público calcula que 20 mil garimpeiros atuam na região. 

Não há como flagrar e prender todos. Peguem o que é possível pegar, como aconteceu dia 9 de janeiro com os manés de Brasília.

Mas peguem com estardalhaço, com pompa, como demonstração de força. Promovam, num dia, o espetáculo da limpeza das terras ianomâmis.

Não como fazem nas favelas. Não. Não cheguem matando. Cheguem destruindo máquinas e equipamentos, como manda a lei, e prendendo os bandidos.

Façam como deve ser feito, com ação integrada, legal e legítima de todas as instituições. 

Não trabalhem com muita discrição. Atuem com determinação, porque estamos em guerra, em nome dos ianomâmis que foram assassinados.

A partir da prisão dos homens sem dentes, cheguem aos homens com boas dentaduras. 

Para que os grandões não fujam de novo, como fazem os donos de frotas de helicópteros e aviões e os grandes negociantes de ouro. 

As cenas do sofrimento de crianças devem ter, como contraponto, imagens da prisão de bandidos, mesmo os pequenos, que poderão levar aos bandidos graúdos. 

A repórter Sônia Bridi mostrou na Globo que os garimpeiros reagiam com naturalidade e sem medo diante da aproximação de helicópteros da FAB. É uma informação terrível para as Forças Armadas. 

O Brasil precisa enxergar o Estado tentando salvar a floresta e o povo da floresta. E o Estado precisa se livrar da percepção dos próprios criminosos de que é sócio do genocídio.

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