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Carlos Carvalho

Doutor em Linguística Aplicada e professor na Universidade Estadual do Ceará - UECE.

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O circo

Até o observador mais desatendo seria capaz de dizer que o Brasil de hoje foi transformado num “circo”, cujos “palhaços” tomaram o poder de assalto

(Foto: Divulgação)
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Para quem já morou nas periferias das grandes capitais deve lembrar da alegria que era saber da chegada do circo. Uma festa! Não nos referimos, obviamente, aos circos que hoje são montados em estacionamentos de shoppings, muito menos daqueles que são parte integrante dos parques de diversão. Falamos do circo-raiz, do circo pobre em recurso, de lona rasgada, mas riquíssimo em talento e alegria. 

Escolhido o local, geralmente um terreno amplo e acessível, alguém aparecia para limpar a área e preparar o espaço para que o circo pudesse ser armado. Enquanto isso, o carro de som já circulava pelo bairro, anunciando “o maior espetáculo da terra”, com seus trapezistas, animais, malabaristas e, claro, os indefectíveis palhaços. Por inúmeras razões, os circos foram desaparecendo e, no país da delicadeza perdida, fomos ficando cada vez mais tristes. Hoje, o que costumamos chamar de “circo” nem sempre tem a ver com Circo, assim com letra maiúscula; pois não tem nada da magia da vida ou do encanto observável, por exemplo, nos versos do poema (alguns acham que é só uma letra de música) “O Circo”, de Orlando Morais e Antonio Cícero: “... leão, camelo, garoto, acrobata / E não há luar / E os deuses gostam de se disfarçar...”. Quem não fugiria com um circo assim?

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Palavras como “circo”, “palhaço” e “palhaçada” têm sido, no entanto, costumeiramente empregadas de maneira inadequada, quando se pretende denunciar a confusão, o desrespeito e, não raramente, o comportamento de determinados tipos de políticos. Assim, até o observador mais desatendo seria capaz de dizer que o Brasil de hoje foi transformado num “circo”, cujos “palhaços” tomaram o poder de assalto. Sem guardar nenhuma semelhança com os circos que alegravam os bairros das nossas cidades em tempos outros, o “circo” montado pela elite financeira brasileira a partir do golpe de 2016 trouxe para a ribalta ensandecidos “palhaços” capazes de intimidar até o Coringa, de Gotham City. Assim sendo, é preciso ter muito cuidado, pois como nos diz Jards Macalé: “caçavam bruxas nos telhados em Gotham City / No dia da Independência Nacional... / Há um morcego na porta principal”. E enquanto o morcego lá estiver, nosso amor não dorme, nosso amor não sonha.

Em meio à miséria, corrupção, pandemia, desemprego e mortes, a população brasileira segue refém de um séquito de “palhaços” golpistas, que possuem extremo alinhamento, não com a beleza dos verdadeiros palhaços, uma vez que a beleza não lhes cai bem, mas com aquele aterrorizante palhaço da temporada “Freak Show” (2014-2015), da série American Horror Story. Depois de recorrente divulgação, eis o “circo” com seus caminhões, “malucos”, animais amestrados, e fanáticos em geral. Em alto e bom som anunciam o maior espetáculo de destruição da democracia brasileira. Estão abertas as portas da maior loja de horrores jamais vista por aqui, pelo menos nesses moldes. Confortavelmente amparado pelo poder que lhe foi outorgado pela mídia comercial, elites financeiras e Instituições; o palhaço-mor, tal qual um Dr. Lao, usa e abusa das suas sete faces, enquanto atrás de si, em chamas, uma nação inteira agoniza.

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