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Igor Corrêa Pereira

Igor Corrêa Pereira é técnico em assuntos educacionais e mestrando em educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Membro da direção estadual da CTB do Rio Grande do Sul.

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O contra-ataque certeiro

As duas lições que tento trazer aqui são de que o combate a miséria e a desigualdade deve ser a nossa grande bandeira do tempo presente, e que nós devemos confiar na nossa força coletiva, na imensa força da classe trabalhadora. O primeiro enunciado já foi percebido inclusive pelo governo de Bolsonaro, que tenta faturar em cima da miséria se colocando como o criador do auxílio emergencial. Essa hipocrisia deve ser desmascarada. Esse governo é para os ricos e devemos ajudar a nossa classe a perceber isso.

(Foto: Reuters | ABr)
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Quero compartilhar hoje duas lições que aprendi. Sobre  o combate a miséria como bandeira do tempo presente,  e sobre confiar em nós trabalhadores para enfrentar essa desigualdade e essa crise. Começo esse papo dizendo que estamos numa ofensiva mundial do capital contra o trabalho. No Brasil, o cenário é de destruição. Fomos bombardeados por pesada artilharia que destruiu direitos sociais e trabalhistas. A empregada doméstica chegou a ter sua profissão formalizada com Lula e Dilma. Hoje, pessoas se oferecem para fazer faxina em troca de comida. A filha do pedreiro virou engenheira com Lula e Dilma. Hoje, engenheiros dirigem por aplicativo por 12h diárias e nenhuma garantia. 

Aprendi que a bandeira do combate a miséria é a bandeira do nosso tempo ouvindo Bruna Rodrigues, uma líder comunitária de Porto Alegre. Quando perguntei a ela  o motivo de estar empenhada em campanha de arrecadação de cestas básicas, me ensinou com sua resposta. Ela disse que nunca havia feito isso, mas agora, com a pandemia, era diferente. Agora era necessário, pois ela via suas amigas sem conseguir fazer faxina, cortar cabelo no salão, sem conseguir trabalhar. Então, simplesmente era necessário ajudar, pois na periferia a solidariedade é um dever. 

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Outra lição que tive foi da companheira Viviane Rodrigues, ativista do movimento cultural e de periferia em Maceió. Ela me disse, analisando as falas em geral da esquerda, que na maioria das vezes nós nos referíamos a classe trabalhadora como algo distante. Uma postura equivocada, para dizer o mínimo. Como assim nós estamos aqui e os trabalhadores lá longe? Não somos nós trabalhadores e que trabalham cada vez mais em cada vez piores condições? Então que linguagem é essa de distanciamento?

Nesse intenso bombardeio, todos os dias o capital global tenta atacar nossa capacidade de agir coletivamente. Em cada situação, uma armadilha. Nesse sentido, o trabalho em casa não é somente um recurso tecnológico e uma forma de se proteger da pandemia. É visto por esse capital como uma forma de atomizar, e separar ainda mais uns dos outros. O distanciamento não é só físico, é social mesmo. Cada um por si e todos contra todos. 

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O contraponto a essa desagregação são as ações de solidariedade e de engajamento coletivo. É por isso que a liderança comunitária que está de máscara distribuindo cesta básica na periferia, e o entregador de comida por aplicativo que decide fazer greve tem tanto para nos ensinar. Primeiro, porque são parte de nós, esse imenso proletariado urbano que se amontoa nas cidades, principalmente as grandes.  Segundo, porque tentam unir esforços para ajuda e a luta coletiva. E terceiro, porque eles lançam as luzes sobre essa intensa destruição, essa miséria. 

A profunda desigualdade, a miséria, o desemprego, a precarização, não são gerados pela pandemia. Só foram  agravados por ela. Esses indicadores são desdobramentos da chamada quarta revolução industrial, que trouxe o que se tem nominado plataformização do trabalho. No Brasil, o trabalho desregulado mediante aplicativos  encontrou porteira aberta na destruição de quase todas as garantias sociais nas reformas trabalhistas e da previdência principalmente. 

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Quanto mais aumenta a multidão de pessoas que gera riqueza, mais o capital a tenta fragmentar, pois sabe do risco revolucionário de se unir uma multidão dispersa  numa classe para si. Enquanto o capital tenta e tem conseguido desagregar e fragmentar, seja pela dissolução dos sindicatos, seja por estratégias de atomização e precarização do trabalho, seja por tentar jogar grupos oprimidos uns contra os outros, mais o esforço do lado de cá deve ser pela união de forças. 

As duas lições que tento trazer aqui são de que o combate a miséria e a desigualdade deve ser a nossa grande bandeira do tempo presente, e que nós devemos confiar na nossa força coletiva, na imensa força da classe trabalhadora. O primeiro enunciado já foi percebido inclusive pelo governo de Bolsonaro, que tenta faturar em cima da miséria se colocando como o criador do auxílio emergencial. Essa hipocrisia deve ser desmascarada. Esse governo é para os ricos e devemos ajudar a nossa classe a perceber isso.

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A confiança na classe deve ser ativa. Nesse tempo em que a aglomeração é mais difícil, devemos nutrir corações e mentes como estamos fazendo com tantos debates ao vivo pela internet. Esse trabalho de redes é importantíssimo, acumula forças, organiza nossas lideranças e a amplitude necessária para fazer o enfrentamento. Mas só as redes não conseguem sozinhas alterar a correlação de forças. As ruas são um elemento importante que está nesse momento de pandemia, prejudicado. 

É por isso que, enquanto durar a pandemia, o trabalho de redes deve ter esse intuito de formação, de organização, de preparação coletiva. Preparar o nosso time para o contra-ataque. Embora haja o bombardeio que eu citei no início, o inimigo que bombardeou e ocupou territórios, está em imensa dificuldade. Porque não tem projeto. Não tem perspectiva. 

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Qual o caminho eles tem apontado senão o de ter que concordar com a nossa luta de que o auxílio emergencial é importante? Eles não tem projeto, tanto que tentam grotescamente  se apropriar da nossa perspectiva de distribuição de renda, pois não tem nenhuma solução genuína sobre os problemas reais da sociedade.

A ausência de projeto é tanta, que com a máquina do governo na mão, jorrando cargos para o chamado Centrão, Bolsonaro acaba de ser derrotado de sua tentativa patética de sabotar o FUNDEB. A vitória, nesse caso, foi a da unidade de amplos setores. Há esperança. Os milhões de irmãos que constroem a riqueza cultural, social, econômica e política do Brasil, saberão reagir se tivermos o papo reto, que realmente interessa. Vamos acumulando forças com a resiliência. Na hora certa, com as ruas livres, contra-atacaremos com força, para derrotar o inimigo e abrir um novo tempo.

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