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Chico Junior

Jornalista, escritor e comunicador

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O crescimento econômico também pode ser cruel

O que nós vemos, ainda, são milhões de pessoas passando fome no mundo, sem acesso à água, ao saneamento básico, muitos recebendo como salário o suficiente apenas para a sua sobrevivência. E o que é pior, comendo biscoito industrializado e outros ultraprocessados.

(Foto: Agência Brasil)
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Em tempos de pandemia, vira e mexe a gente ouve, e lê, que o mundo está caminhando para uma grande recessão econômica. Talvez a maior da história moderna, dizem, a chamada depressão econômica.

Trump, não demonstra, mas está apavorado. Bolsonaro está apavorado (esse demonstra claramente). O chinês Xi Jinping talvez nem tanto. Afinal, projeta-se um PIB negativo em quase todo o mundo, mas a China pode crescer 1%. Não é nada, não é nada, mas... 

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Mas isso são detalhes.

A antítese da recessão (ou retração, ou contração) é o crescimento econômico; fartura, bem estar social, que beleza...

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Mas, atenção, o crescimento econômico tem lá suas armadilhas e também pode ser cruel, pois, quase sempre, degenera para o consumismo, a palavrinha chave para manter a economia andando. Se alguém produz, tem que ter alguém para comprar. Só que, às vezes, compra-se mais do que o necessário.

E é aí, com o consumismo (que não é o consumo racional, quando eu compro só o que eu preciso), que o crescimento econômico pode ser cruel.

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Vejam só.

“Todos os anos, a população dos Estados Unidos gasta mais dinheiro em dieta do que a quantidade necessária para alimentar todas as pessoas famintas no resto do mundo. A obesidade é uma vitória dupla para o consumismo. Em vez de comer pouco, o que levará à contração econômica, as pessoas comem demais e então compram produtos para dieta – contribuindo duplamente para o crescimento econômico”.

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Isso aí em cima está na página 359 do badalado “Sapiens – Uma breve história da humanidade”, do historiador israelense Yuval Noah Harari, na parte do livro em que ele nos apresenta o que chama de ética consumista.

Segundo ele, “o florescimento da ética consumista é mais visível no mercado de alimentos”. 

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“No mundo afluente de hoje, um dos principais problemas de saúde é a obesidade”, diz, que acomete mais severamente os pobres do que os ricos, ao contrário do que poderíamos imaginar.

Diz também: “A economia capitalista moderna deve aumentar a produção constantemente se quiser sobreviver [...] Mas só produzir não é o bastante. Também é preciso que alguém compre os produtos, ou os industrialistas e os investidores irão à falência. Para evitar essa catástrofe e garantir que as pessoas sempre comprem o que quer que a indústria produza, surgiu um novo tipo de ética: o consumismo”, que vê o consumo de cada vez mais produtos e serviços como algo positivo.

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A indústria de alimentos, então, faz a festa, criando sempre produtos ultraprocessados que não nos fazem a mínima falta, mas com os quais nos empanturramos diariamente, gastando um dinheiro absolutamente desnecessário, mas fundamental, segundo a lógica “deles”, para manter a economia em pleno crescimento.

Se esse crescimento fosse para favorecer todo mundo, tudo bem, mas não é isso o que acontece.  O que nós vemos, ainda, são milhões de pessoas passando fome no mundo, sem acesso à água, ao saneamento básico, muitos recebendo como salário o suficiente apenas para a sua sobrevivência. E o que é pior, comendo biscoito industrializado e outros ultraprocessados.

Para terminar, ainda o Harari: “A ética capitalista e a consumista são dois lados da mesma moeda, uma combinação de dois mandamentos. O mandamento supremo dos ricos é ‘invista”. O mandamento supremo do resto de nós é ‘compre’”.

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