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Ricardo Nêggo Tom

Cantor, compositor, produtor e apresentador do programa Um Tom de resistência na TV 247

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O cristianismo como política de segurança pública no governo Bolsonaro

Estabelecida a luta do bem contra o mal na sociedade, o cristianismo passa a ser a medida disciplinar mais eficaz no combate aos opositores políticos do projeto de poder estabelecido

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A laicidade do estado está em risco e a democracia corre perigo, nas mãos de Jair Bolsonaro e do estado evangélico de direito. Seus ministros, inquisidores a serviço de um projeto de poder neo pentecostal, a todo instante hasteiam a bandeira da moralidade e dos valores cristãos em suas falas. Hipocrisia que, se repetida muitas vezes, torna-se uma verdade absoluta. Principalmente, se a frase for pontuada com “Deus acima de tudo”, como o slogan eminentemente pardo da bandeira nacional.

Desde Constantino, muitos governantes passaram a incluir o cristianismo em suas plataformas de governo. Não com a finalidade nobre a qual a ideologia de Jesus Cristo se destina. Mas, com o objetivo de chegarem ao poder como indicados por Deus, o que lhes daria uma autoridade política e moral inquestionável sobre o povo. Hoje, mais de dois mil anos depois, lobos em pele de cordeiro usam do mesmo modus operandi para governar. Desatento e mal informado, o povo cai na mesma esparrela de outrora, estabelecendo um sofrimento cíclico para a humanidade.

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Damares Alves, ministra e pastora evangélica, já declarou que está na hora de os evangélicos governarem a nação. Bolsonaro, o falso cristão, já sinalizou que irá indicar um evangélico para o STF. O que deve acontecer em pouco tempo, uma vez que o decano Celso de Mello antecipou a sua saída da corte. A pauta moral foi decisiva para a eleição do atual governo. Uma prova de que a nossa sociedade ainda é refém de um elitismo histórico que estabeleceu supremacias e legitimou preconceitos. E o conservadorismo luta pela manutenção desses obstáculos no caminho do processo de evolução civilizatória dos povos.

Como forma de brecar a velocidade do desenvolvimento humano e social, em especial dos menos favorecidos, conservadores, fundamentalistas, fascistas e a elite detentora do poder econômico, usam Jesus Cristo como uma espécie de “lombada”. Daí surge o cristianismo como política de segurança pública. Logicamente, a ideia é apresentada de forma tão subliminar, que faz com que os mais pobres, mais especificamente os religiosos cristãos, se abstenham de lutar por seus direitos, por temerem estarem indo contra a vontade de Deus. Assim, passam a crer que o seu sofrimento é uma benção, que o governo que os oprime em nome de Deus os trará libertação e que aqueles que se opuserem a ele, estarão se opondo ao próprio Deus.

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Estabelecida a luta do bem contra o mal na sociedade, o cristianismo passa a ser a medida disciplinar mais eficaz no combate aos opositores políticos do projeto de poder estabelecido. A engenhoca é tosca, não há nada de inédito nela, mas a sua eficácia pode ser comprovada ao longos dos tempos. No entanto, a assertividade da ação não seria possível se não contasse com a participação de líderes religiosos. Principais interessados em manipular o povo, utilizando-se da Igreja para favorecer os seus ganhos pessoais, eles se tornam a base de sustentação desse tipo de governo. Além, claro, de elegerem representantes de suas fileiras, para exercerem poder político sobre os fiéis.

Um ministro “terrivelmente” cristão no STF, é o início desse estado religioso que tentará se estabelecer através do nome de Deus (o bem), para poder praticar o mal sem ser questionado. Racismo, machismo, homofobia e todo e qualquer outro tipo de discriminação, serão praticados com a permissão divina de um deus conservador e segregacionista. Um deus a imagem e semelhança do governo que o entronizou acima de tudo e de todos. De preferência, um deus sob a figura masculina de quem exalta a tortura, de quem é armamentista e mantenha as minorias em seus devidos lugares. Silenciadas, enquadradas e suprimidas, se não quiserem sentir o peso de suas mãos.

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A propósito, a ideia de um Deus homem, anatomicamente falando, vem de um dos muitos equívocos conservadores, para não chamar de desonestidade intelectual, que sugere uma supremacia de gênero como tradição. Quando nos é ensinado que, embora Deus seja um espírito, e, portanto, não possua identidade de gênero, ele deve ser chamado no masculino porque impõe mais respeito, autoridade e temor, estão nos explicando, seguindo a mesma linha de raciocínio, porque Jesus Cristo mesmo nunca tendo sido loiro de olhos azuis, precisa ser retratado com esse fenótipo. Um preto como salvador da humanidade, não seria lá muito crível. A antropologia criminal de Lombroso veio ratificar tal pensamento.

Parafraseando o imperador romano Júlio Cesar: Ao filho de Deus não basta ser santo. Tem que parecer santo. A origem natural de Jesus (mestiça) não passava muita credibilidade, porque não estava de acordo com o estereótipo de pureza da época. Fazendo uma analogia política com a situação, deve ser chocante e pouco crível para alguns cristãos dos dias de hoje, entenderem que a ideologia política que mais se aproxima dos ensinamentos de Cristo, criando políticas afirmativas que permitem a inclusão dos mais pobres na sociedade, venha do lado que lhes é apresentado como o mal a ser destruído. A esquerda comunista que criou o “kit gay” e a “mamadeira de piroca”, para corromper a infância de nossas crianças.

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E assim, “Deus” se faz homem, branco, poderoso, moralista, capitalista, fascista, violento, intolerante e vingativo, para impor um cristianismo que comandará essa nação com mãos de ferro e reestabelecerá o retrocesso como ordem e progresso. Contudo, se estudares e buscares o conhecimento da verdade, ela vos libertará da imagem e semelhança desse “Deus” que a religião política criou para te manipular.

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