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André Del Negri

Constitucionalista, professor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS).

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‘O curso da história...’

Os governantes deveriam representar os governados. O barulho nessa relação é bastante conhecido. O ponto problema é quando vemos o Estado infestado de gente feito Jair Bolsonaro e sua base ultra-radicalizada

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“Um dia, vivi a ilusão de que ser homem bastaria...” Assim começa uma canção de Gilberto Gil. De onde Gil tirou a inspiração da música? É simples: de um filme do Super-Homem, lançado em 1978, cujo personagem tenta reverter o tempo, mudar “o curso da história...”.

É esse o ponto da canção que me faz postá-la aqui: “o curso da história...”. Há alguns dias, um aluno me perguntou, na lata, mais ou menos isto: “Como é que se suporta ouvir todos os dias os despautérios de Bolsonaro, professor?”. “O que fazer para despertar as pessoas que estão dormindo um sono eterno?”.

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Não é fácil. Lembrei a ele que a tradição marxista é central no conhecimento científico para anunciar que tudo pode ser transformado. Afinal, a história é feita pela luta de classes. E isso gera uma expectativa de que, em algum momento, possa haver uma transição, desde que construída perseverantemente. Se Bolsonaro surgiu num determinado tempo histórico, ele também pode sair de cena, ainda que, no nosso caso, exista um impasse de destituí-lo rapidamente pelo impeachment, uma vez que, hoje, parece labiríntico ter a anuência de 2/3 do Congresso (257 votos na Câmara e 42 no Senado).

Em governos chamados “representativos”, como o nosso, os governantes deveriam representar os governados. O barulho nessa relação é bastante conhecido. O ponto problema é quando vemos o Estado infestado de gente feito Jair Bolsonaro e sua base ultra-radicalizada.

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A emboscada que se figura na trama brasileira é que o inquilino do Alvorada atua para salvar a pele dos filhos suspeitos de cometer crimes, ameaça a democracia, louva torturador (!), mente sobre a vacina, cria embuste sobre a cloroquina, nega tudo que é científico, recusa-se a usar máscara, instiga aglomerações e anima o movimento antivacina. Mais de 200 mil brasileiros mortos, em cerca de dez meses, e o mandatário continua insensível. Bolsonaro, sob rótulo de governante, levou sua incompetência para o Planalto. Faltam dois anos de mandato e ele postula mais 4 anos em reeleição. O assustador é que ainda recebe o apoio de muita gente.

Se uma nova geração não acordar para entender esses tempos sombrios, é bem provável que demoremos longos anos para romper com essa rede mortífera, que estabelece o caos em escala acelerada. 

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Se o presidente atira à lama o decoro exigido no cargo, se seus ministros são incompetentes, não há dúvida, é hora de mudar. Todavia, inúmeras pessoas não têm disposição, muito menos entendem as barbáries do cotidiano espontaneamente. Daí, nunca vai existir “correlação de forças” de maneira propícia. Precisa acontecer algo que as choque e faça elas se unirem. 

Os desafios nos conclamam a dar continuidade à desmontagem do discurso de estupidez que sai da boca do presidente. Sei que é difícil não se desanimar com um país onde a escalada galopante do negacionismo científico nos atrai para o abismo. Todavia, pela enésima vez, recorro a Paulo Freire para insistir na “pedagogia da pergunta”: o mundo sempre terá que ser assim?

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