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Ângelo Cavalcante

Economista, cientista político, doutorando na USP e professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG)

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O custo econômico da crise política

Economia? Elas, as elites estão pouco se lixando com os rumos da economia, afinal, sempre se utilizaram de todos os dispositivos possíveis, legais ou não, para a manutenção da estrutura produtiva nacional atravancada em formas organizacionais ainda do tempo da colônia

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Desde a derrota de Aécio Neves, o mimado das Alterosas, para Dilma Roussef, em um já distante outubro de 2014, fora deflagrado um movimento nacional de notória indignação seletiva, portanto, mero e costumeiro cretinismo de nossas elites contra o governo do PT e sua continuidade.

Com o forte e arrebatador argumento da crise nacional e tendo como pano de fundo o evidente e aberto ataque de "vale tudo" ao Partido dos Trabalhadores que, como se sabe, se fortalece ano após ano na cultura política nacional, na formação de lideranças, na construção de políticas públicas e como mediação fundamental para os próprios rumos da política nacional brasileira, as elites nacionais se não inventaram essa crise, tratam de intensificar seu drama no cotidiano da vida do povo.

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Economia? Elas, as elites estão pouco se lixando com os rumos da economia, afinal, sempre se utilizaram de todos os dispositivos possíveis, legais ou não, para a manutenção da estrutura produtiva nacional atravancada em formas organizacionais ainda do tempo da colônia, com relações sociais de produção que variam da precarização pura e simples ao trabalho de analogia escravocrata.

É só ver como estão as terras no Brasil, completamente virgens de reforma agrária; áreas urbanas concentradas em meia dúzia de mãos e as rendas do trabalho social canalizadas em vultos plenos para a nossa muito "nacionalista" elite brasileira, embora suas contas bancárias estejam, de fato, em paraísos fiscais e seus patrimônios em Miami Beach ou na zona do euro.

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Não... Não é a economia. A elite brasileira, imaginem, ainda hoje não assimilou a ideia fundamental de que empregadas domésticas são trabalhadoras com direitos básicos a serem cumpridos como qualquer outra categoria profissional. Quem não se lembra do rebu que foi para aprovação das PEC das empregadas domésticas?

E o que me dizem de oito horas de labor diário para os caminhoneiros que, antes da "primavera petista" tinham que entupir as veias com anfetaminas para jornadas extenuantes e que, não raro, chegavam a vinte e quatro horas ininterruptas de um tipo de trabalho de muito risco, cansaço e tensão?

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O fato é que o empresariado brasileiro, guardadas raras e louváveis exceções, jamais deu muita confiança para o estado da arte da economia, afinal, o Estado brasileiro sempre lhe disponibilizou fartos financiamentos, isenções com sabor de mel e anistias acalentadoras. Quem sempre bateu cabeça com a economia foram os trabalhadores, esses sim, dormiam e acordavam na angústia de salários mirrados, aviltantes e simbólicos.

Empresário gosta mesmo é de política. De financiar políticos e suas eleições e depois, é claro, governar a cidade, o Estado e a pindorama de Cabral. Empresário brasileiro dá valor é pra política e, de preferência, esta que está ai, onde se compra vereador por uma ninharia de dinheiros, prefeitos por outros tantos, deputados, senadores e governadores por outras bagatelas e, em troca se ganha possibilidades reais e fáceis de governo de cidades, regiões e mesmo do país.

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Aperfeiçoar suas cadeias de produção? Nada! Inovar na lógica produtiva? De jeito nenhum! Investir em pesquisa e desenvolvimento? Realizar inversões em recursos humanos de alto padrão produtivo? Nem pensar... Pra quê, se pode se governar o país e a vida nacional com o arremate de contratos de prestação de serviços?

Se não sabem, com um contrato, o empresário tal é o responsável pela coleta de lixo, pelo seu acondicionamento, pela qualidade do trânsito e pela gestão das escolas. Que tal? Com uma rubrica, todos os hospitais são terceirizados e, pronto... A Anônima S.A. de tal nos governa!

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Com um contrato na mão, nossos empresários controlam rodovias, seus fluxos e suas velocidades. Assumem o fornecimento de insumos e matérias-primas, os produtos dos hospitais, os atendimentos, dos serviços gerais aos procedimentos mais complexos.

Nosso empresariado é a força onipresente que está na gestão de todas as formas de governança do país, na definição das rendas e de suas distribuições, no papel do trabalho e no sofisma da mediação estatal em "equilibrar" relações de trabalho e produção neste país privatizado.

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Como se percebe, as tais das eleições estão, a cada dia que se passa, perdendo em sentido, razão e necessidade. Com o país terceirizado o negócio é ditar culturas políticas, comportamentos administrativos e sentidos para a já moribunda vida republicana. Já vivemos uma ditadura, uma dramática e lastimável ditadura econômica.

É por isso que clamam com tanta facilidade e entonação pelo impedimento de uma presidente democraticamente eleita, sem qualquer processo que justifique tal solicitação e com uma conduta de vida política ilibada e em pleno favor do restabelecimento da democracia brasileira.

Talvez um pouco de fluência política nos ajudasse a entender o que vivemos, contribuísse com o alento de uma sociedade gerida por cidadãos e não por tecnocratas que tratam da política, essa maravilhosa contribuição helênica, como se fora um despacho simplório à base de papel e tinta.

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