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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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O desafio continua nas ruas

"As ruas talvez digam neste domingo o que não conseguem dizer desde 2016", escreve Moisés Mendes

Ato pelo impeachment de Jair Bolsonaro (Foto: Mídia Ninja)
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Só há um jeito de um golpe dar errado. Se a população rejeitar o golpe, deixar claro que não o aceita e disser que está ao lado dos que resistem. O melhor seria dizer antes, ainda nas ameaças, mas o que importa é que diga.

Se a população brasileira conseguir dizer que o Supremo e o TSE têm suporte da sociedade para seguir em frente diante das ameaças de Bolsonaro, não haverá golpe. Mas até agora não disse.

Numa democracia que funciona no que tem de mais básico e elementar, as instituições cumprem suas funções e a população dá suporte, com suas vozes, às estruturas institucionais, se achar que está sendo protegida.

No Brasil, essa reciprocidade está envolta por uma nebulosa de desconfianças. A paisagem mais desanuviada hoje é a que abriga as instituições, tirando fora o Congresso sequestrado por Bolsonaro.

As instituições do sistema de Justiça, que fraquejaram diante do lavajatismo, foram imobilizadas pela avalanche política do golpe contra Dilma Rousseff e que agora reagem a Bolsonaro colhem a urtiga que plantaram.

Bolsonaro joga com as dúvidas sobre reputações e vai ampliando a capacidade que a extrema direita descobriu ter de produzir e potencializar vacilos e desconfianças.

Um Supremo e um TSE agora valentes não conseguem se comunicar direito com uma sociedade que não tem tanta certeza dessa bravura e que se declara incapaz de dizer que não aceita um golpe.

O povo diz em pesquisas que não quer golpe, nem armas ou comemorações de 64. Mas não disse com a ação política mais singela e poderosa, a que leva os insatisfeitos para as ruas.

Só as ruas, ainda hoje, inquietam governantes. Bolsonaro está nas ruas e faz motociatas, mesmo que com público de ginásio de esportes de colégio, por saber que as esquerdas não conseguem fazer quase nada.

O Brasil produziu o fato histórico inédito de ver nas ruas um governante acossado, diante da perspectiva real de ser derrotado na eleição, e a oposição em casa vendo Netflix.

Os atos deste 1º de maio podem inspirar e podem enganar. Todos os atos do ano passado, que se repetiram nas ruas das capitais e de cidades médias, foram protocolares.

Hoje, pelo distanciamento, podemos dizer que cumpriram carnê, alguns de forma melancólica, até se esvaírem por falta de significado.

Uma caminhada ou uma aglomeração nunca chegaram a produzir, nem mesmo pela inércia, outro ato mais vigoroso logo adiante.

Os atos deste 1º de maio podem tentar desmentir quem acha que não terão nunca mais a força que já tiveram.

Se desmentirem, se forem expressivos, só terão significado político maior se acionarem movimentos mais efetivos de resistência e militância pela democracia. Mesmo que poucos esperem que, a cinco meses da eleição, o brasileiro faça o que não fez em quatro anos de Bolsonaro.

Até porque a expectativa, desde muito tempo, é a de que a eleição resolva tudo. A guerra está cada vez mais no Whats e agora no faroeste do novo Twitter de Elon Musk tomado pelos robôs dos fascistas.

Mas há um dado novo este ano. Será o primeiro Dia do Trabalhador com a volta de Lula (e com Bolsonaro, ainda indeciso se vai ou não vai, na festa do outro lado).

As ruas talvez digam neste domingo o que não conseguem dizer desde 2016.

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