O desafio da honestidade intelectual e política diante do fenômeno da Caravana Lula

Minha querida amiga Laura de Freitas, Uruguaiana, RS

Ainda sorvo aqui na cuia do meu coração o chimarrão maravilhoso de nossa amizade.

Passadas tantas décadas sem nunca mais nos vermos eis que nos encontramos em pleno seminário “Irmanados na compaixão, na justiça e na paz” aí em Uruguaiana. Tu com o mesmo jeitinho inteligente e inquieto, mãe de filhos maravilhosos de ânimo brilhante frente aos caminhos do futuro que já começam a trilhar.

Obrigado por me acolheres com tua família, minha amiga. Tantos anos nos separaram das aulas de catequese lá no Bairro do Riacho, mas a nos coloca vida tão próximos em sua ventura e dinâmica abençoadas.

Quando convivemos aí em Uruguaiana naqueles primeiros tempos o Brasil afundava nas trevas de chumbo da ditadura civil-militar. No nosso reencontro agora nos deparamos com nossa amada Pátria imersa em escândalos de corrupção, de traição e do golpe dado por uma quadrilha a serviço dos negócios arrasa humanidade dos Estados Unidos e do capitalismo de decadência irreversível.

Na palestra de sexta feira à noite, como parte do seminário, falei que a indignação nacional e popular aumenta e se organiza esperançosamente de várias maneiras. Afirmei ainda que bastará um clique através de algum evento forte para que a explosão das massas aconteça,  expulsando os larápios do poder e avançando para além do que já conquistamos.

Atento e humilde o querido amigo médico Arioldi Lacroux Bonetti Junior perguntou durante o momento para as perguntas do auditório se a “Caravana Lula”  não seria esse clique que levantaria as massas no Brasil.

A pergunte é pertinente e merece publicidade.

De um lado Lula e o povo, que maravilhosa e espantosamente o cerca, são escondidos e cinicamente ignorados pela elite e seus lacaios no judiciário, no parlamento e entre os quadrilheiros no Planalto.

Porém, Lula é cercado pelos humildes com as marcas da humilhação imposta pelos destruidores do Brasil de sempre. Não somente cercado, mas abraçado, beijado, amado, puxado e fotografado pelo povo humilde emocionado.

Entorno dele  a arte evola do povo e  explode aos borbotões, em suas múltiplas formas : cantores, poetas, violeiros, gaiteiros, oradores populares em lágrimas, pinturas, chapéus coloridos, roupas sensuais das mulheres do sertão, a negritude,  enfim, a brasilidade real se expressa levantando a paixão de um povo que tem esperança e que vislumbra por onde deve passar o Brasil que desborda da elite.

Enquanto a mídia canalha e setores da elite sem vergonha fingem que Lula não existe e que o povo que se lasque,  lá de todos os países – América Latina, Estados Unidos, Canadá, Europa, Índia, China – todos noticiam com efusão a caravana que assombra a direita e ajoelha o imperialismo, pai de todos os golpes e mazelas nacionais e populares.

Até mesmo coxinhas que perdem empregos, que veem direitos reduzidos a pó pela quadrilha do Planalto e do Congresso Nacional, já esperam no Centro Oeste, no Sudeste e no Sul a caravana da esperança para o Brasil.

Claro, esse pode ser um fantástico clique que sinaliza que nosso povo é mesmo a fonte da justiça com equidade e não o judiciário do colaboracionista do imperialismo Sérgio Moro, do serviçal do escravagismo Gilmar Mendes nem dos omissos covardes do STF.

O povo que arde de amor a Lula é o sustentáculo da Constituição Federal estuprada a pontapés pela desonra dos canalhas.

Os pobres e os trabalhadores de memória viva e incandescente pelos programas sociais atropelados pela estupidez do golpe vêm no Lula que abraçam  não somente o homem odiado pela elite e seus lacaios de plantão,  mas o elo que une e que anima pela capacidade de soldar as pontas sociais quase rompidas pela imbecilidade dos que vêm o Brasil apenas como oportunidades de negócios para os rentistas desalmados.

A partir do povo que solidariza de braços com Lula se eleva um discurso com pontos que carecem de construção e de articulação profunda,  considerando:

• a regulamentação da mídia que torne as comunicações no Brasil meio de reforço dessa imensa esperança que nosso povo solda e pactua com o ex presidente;
• reformas agrária, econômica, urbana, da saúde, da educação, da ecologia e tudo o mais a partir desse núcleo da caravana e não mais da elite golpista;
• enfrentamento ousado das molecagens feitas pela quadrilha que tomou o governo para vender a Petrobrás, os poucos bancos estatais, as deformações que aleijaram os direitos sociais e trabalhistas,  tendo como eixo gravitacional um pacto soberano que evite a guerra imperialista que se unirá aos entreguistas brasileiros para impedir as renacionalizações de todas as empresas entregues para a iniciativa privada,  notadamente internacional,  feitas desde Fernando Collor,  Fernando Henrique Cardoso e o quadrilheiro Michel Temer;
• a consciência da necessidade e do direito de formação de maior número de quadros capazes de multiplicar o engajamento político. Isso possibilitará  não somente a governabilidade mas os avanços na afirmação dos direitos sociais e na qualidade de vida do povo,  ultrapassando  as eleições e o consumismo para ganhar o caminho de permanente fermentação das discussões populares a respeito do   O encaminhamento participativo superará os limites das representações da cidadania pelos que atuam nos parlamentos e nos executivos para as mãos do protagonismo social.

A Caravana Lula não é a salvação nem um milagre por si, mas demonstra o caudal de potencias e reservas de mudanças que nosso povo acumula por séculos na luta contra as extravagâncias da casa grande enquanto a senzala geme na escravidão.

No Nordeste de tantos heróis e nas Minas Gerais de Tiradentes Lula marcha com o povo para retomar o Brasil das mãos dos golpistas lavajateiros, do judiciário omisso e do parlamento federal dominado por canalhas, por  vendilhões apodrecidos e traidores.