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Leopoldo Vieira

Marketeiro em ano eleitoral e técnico de futebol em ano de Copa do Mundo

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O diabo mora nos detalhes

Infelizmente, os jornais e a oposição não reverberam uma linha do que está efetivamente em compasso estratégico com os rumos dados pela presidenta na campanha

Infelizmente, os jornais e a oposição não reverberam uma linha do que está efetivamente em compasso estratégico com os rumos dados pela presidenta na campanha (Foto: Leopoldo Vieira)
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Mal as eleições acabaram e a oposição já tenta imprimir a marca de "estelionato eleitoral" a movimentos pontuais, como o aumento da SELIC no pós-eleição ou ao aumento da gasolina. Os jornalões lideram a campanha que visa lançar a militância social, que saiu às ruas para garantir a reeleição, em estado de confusão e desmobilização.

Miremos a manchete do Estadão: "Governo prepara ajuste com corte de gastos e de subsídios"; ou a submanchete do Correio Braziliense: "Tesoura de Dilma mira benefícios e até bancos". O folhetim candango vai adiante: "Ministro da Fazenda admite que o governo terá que reduzir despesas, medida negada durante a campanha à reeleição da presidente" e complementa: " financiamentos de instituições oficiais, como o BNDES, serão revistos".

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A Folha é uma "imersão" a la o filme "A Origem" em um recente editorial: "Quanto à oposição, derrotada mas fortalecida nas urnas, espera-se que evite tanto a leniência que a desfigurou nos últimos anos, como a tentação de enveredar por uma diretriz de 'quanto pior, melhor', afinal, competirá a ela fiscalizar e criticar a implantação de um programa de governo que, ironicamente, será em grande parte o seu".

A presidenta jamais disse que não faria ajustes na economia para devolver a inflação a patamares próximos ao centro da meta, porém, na campanha, assegurou que isso não ocorreria à custa de empregos e salários. O chefe da Casa Civil, na semana passada, em discurso em encontro da Confederação Nacional da Indústria, falou em revisar para baixo a meta do superávit, para fechar as contas públicas justamente sem cortes de benefícios sociais e obras de infraestrutura. A presidenta também jamais negou que poderiam ser necessários reajustes de tarifas, especialmente a da gasolina, contudo, comprometeu-se a não realizar "tarifaços", ora denunciados, ora propostos, por Armínio Fraga, Aécio Neves, Marina Silva ou Eduardo Gianetti. O mesmo vale para o caso dos bancos públicos. Ela não está cogitando cortar subsídios para "desmamar a indústria", muito menos não sabe o que sobrará deles. Agora, correções aqui e ali podem ser lançadas como instrumentos para aperfeiçoar a gestão nesta atual conjuntura.

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Infelizmente, os jornais e a oposição não reverberam uma linha do que está efetivamente em compasso estratégico com os rumos dados pela presidenta na campanha. Ela, por exemplo, já resgatou um primeiro compromisso da reeleição com o anúncio do envio ao Congresso Nacional, no mês que vem, da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que altera a Constituição no capítulo da segurança pública, no sentido de levar à partilha da responsabilidade entre estados e União em torno do tema. Em outras palavras, a integração do sistema de segurança, aos moldes da Copa do Mundo, que tanto foi enfatizado por ela nos embates com Marina e Aécio.

Esta medida pode e deve servir como um sinalizador para os apoiadores da reeleição de que, no mínimo, há que se ter calma e dar crédito à presidenta sobre o governo a ser montado.

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A correspondente política deste movimento econômico oposicionista é a obstrução do governo Dilma. Os jornalões dizem que "setores do PT estimulam radicalismos eleitorais que "dão fôlego a propostas antidemocráticas", como os plebiscitos e a regulação da mídia".

Ora, é a velha cantilena repetida desde Getúlio Vargas. Naqueles tempos, cunhou-se o termo "populista" para dizer que legislação trabalhista, educação básica obrigatória, saúde pública e voto feminino eram "favores" em troca de apoio dos mais vulneráveis. Plebiscito passou a ser anti-democrático desde que João Goulart derrotou o golpe branco do parlamentarismo . Além do mais, o que mais se lê pela imprensa são reuniões da presidenta com os partidos da base. Como assim "solitária"?

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Na outra ponta, entretanto, os jornalões dizem que "o governo terá de se haver com sua imensa base parlamentar, sempre sequiosa por cargos e verbas, sempre disposta a chantageá-lo quando as dificuldades aumentam", mas, como supracitado, questionam uma tal "guerrilha virtual", que nada mais é do que tentar furar o bloqueio desta trama toda veiculada via grande imprensa. Em suma, é para não haver alternativa, mas há.

Em primeiro lugar, é preciso concordar com o jornalista Paulo Moreira Leite: "O PT perdeu votos para o protesto de antigos eleitores (...) É este eleitor que deve ser conquistado pela política econômica do segundo mandato".

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Para aprovar as grandes agendas definidas pela Executiva Nacional do PT, em consonância do verbalizado pela presidenta na campanha, não basta apresentá-las e colocá-las nas ruas. É nos detalhes que mora o diabo. E este diabo é a fala da terceirizada de um órgão federal, às vésperas da eleição, chamando a presidenta de "p...e vagabunda". É a fala do feirante, segundo a qual o PT "sustenta vagabundo" com o Bolsa-Família. É preciso, então, uma ação de diálogo social em torno de temas cotidianos do governo, justamente o cotidiano da gestão, seguindo o espírito da campanha de produzir ações pontuais, lúdicas até, em comunidades, rodoviárias etc.

Se há, agora, uma direita social militante, nas ruas, Brasília será um palco central. Não de enfrentamentos, mas da manifestação de apoio ao sentido apontado pela presidenta. Organismos vivos, que agitaram a campanha na perspectiva da reversão de votos e convencimento devem ser fortalecidos e estimulados (e em todo o país): comunicadores, núcleos, "flashmob", "isoporzinho"..., enfim , o que não é tido e havido como as "grandes agendas", mas que são as pontes pelas quais estas se tornam viáveis.

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Não basta ter a grande ideia de fazer uma feijoada com os amigos, é preciso comprar os ingredientes e prepará-la com capricho.

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