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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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O dilema: vencer no primeiro turno ou torcer pelo segundo?

"Se sobreviver ao primeiro turno, Bolsonaro tornará o segundo um inferno", adverte Moisés Mendes. "Faroeste brasileiro está aberto aos roteiros mais malucos"

Lula e Bolsonaro (Foto: Divulgação)
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Por Moisés Mendes, para o 247 

O jornalismo de teses, previsões, dilemas e teoremas pode ajudar a tensionar ou a entreter com duas hipóteses e suas consequências, no momento mais terrível da democracia desde o golpe de 64.

São as hipóteses que levam em conta eventuais vitórias de Lula no primeiro ou no segundo turno, com efeitos distintos.

Na primeira hipótese, Lula venceria no primeiro turno, mas por margem apertada de um ou dois pontos.

A vitória seria questionada pelos sabotadores da eleição, de outubro até a posse, e Lula passaria os primeiros anos de governo sob o bombardeio dos golpistas.

Na segunda hipótese, Lula enfrentaria Bolsonaro no segundo turno e daria uma goleada inquestionável.

O blefe do golpe seria sepultado e Bolsonaro se transformaria num boneco desinflado jogado num canto.

O resumo do primeiro dilema é: vale a pena vencer por margem apertada no primeiro turno e, em tese, matar o fascismo sem chance de um segundo round?

A segunda pergunta segue na mesma linha: em nome de uma vitória consagradora e inquestionável, vale torcer por um segundo turno que pode nem mesmo existir?

O eleitor fará as escolhas, mas é possível entreter todo mundo com essas possibilidades e seus desdobramentos pelo que têm de imprevisibilidade.

Se Lula vencer no primeiro turno, mas com margem aberta a questionamentos do golpe, teremos meses terríveis pela frente.

Se não vencer, ele e todas as instituições, e não só o TSE, enfrentarão o corredor polonês da extrema direita até o segundo turno, com tudo que está à espera da democracia em cada esquina.

Se sobreviver ao primeiro turno, Bolsonaro tornará o segundo um inferno. Principalmente se as pesquisas confirmarem o que anunciam hoje.

O faroeste brasileiro está aberto aos roteiros mais malucos, principalmente no dia da votação, desde o primeiro turno.

Gente discursando nas seções eleitorais. Tios gritando que a urna não aceita o número do fascista. Tias filmando e ameaçando mesários.

Pode ter muita gente armada (alguém duvida?), pela manhã, para colocar a correr quem irá votar à tarde. Teremos, segundo algumas previsões, até apagões nas capitais.

Iremos conviver com todo tipo de provocação de milicianos profissionais e amadores. E o soldado e o cabo no jipe não sabem direito como se comportarão os generais.  

É provável que saibamos ao final do primeiro turno – e se houver o segundo – o que vai nos esperar no dia 30 de outubro ou às vésperas da segunda rodada decisiva.

Se fosse uma escolha possível, essa sim seria uma escolha difícil: entre um primeiro turno que acabe com Bolsonaro de uma vez (mas permita que ele continue sendo um morto que ainda esperneia) e um segundo turno que o massacre (mas com o risco de ser sabotado e virar uma confusão ou nem acontecer).

Por coerência com a dramaticidade que enfrentamos até agora, a chance maior seria para a segunda situação.

É a hipótese que nos leva para o segundo turno e para sombras impenetráveis, por enquanto.

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