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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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O espírito da ditadura

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Marcha soldado/ cabeça de papel/ se não marchar direito/ vai preso no quartel.

Os militares voltaram ao quartel. Mas o espírito da ditadura ficou.

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Os militares se recolheram, mas as forças que os colocaram no poder estão atuantes.

Os militares não são mais necessários para afastar a esquerda do poder, bastam os juízes e a Polícia Federal.

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Nos anos 60/70 a esquerda tentou chegar ao poder pela força, tentou derrubar os militares que tinham derrubado Jango, em luta desproporcional, em total inferioridade numérica e de infraestrutura. A derrota era previsível.

Com Lula a esquerda chegou ao poder via eleições trinta anos depois e sofreu o primeiro abalo com a delação de Roberto Jefferson que desencadeou o Mensalão. Lula sobreviveu ao ataque e conseguiu eleger sua sucessora.

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Aí foi um golpe duro de engolir para a direita. Uma ex-guerrilheira na presidência da República! Com cara e jeito de burguesa, tudo bem, mas militante da luta armada, presa em ação, torturada, sobrevivente.

Os quatro primeiros anos foram suportados, mas quando ela se elegeu de novo, no segundo dia de mandato vieram com gritos de impeachment o que desde logo o desqualificava, pois demanda um crime cometido no mandato vigente e a crucificavam por "estelionato eleitoral". Nada a ver com mandato. Mais para a frente encontraram outro pretexto: "pedaladas fiscais". Não é crime algum, não é roubo, não é desvio de conduta, mas o presidente da Câmara aceitou dar o pontapé inicial nesse impeachment capenga.

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Essa artificialidade, alimentada pelo espírito da ditadura que ainda paira nos céus de Brasília revela que o que importa no fundo é tirar do poder uma ex-guerrilheira, ainda que contra ela não tenha sido apresentado um só ato de corrupção, que é o que gera um processo de impeachment.

Há os que alegam: ela não roubou, mas gente do seu partido roubou dinheiro público e há quem se lembre tratar-se da continuação da política de expropriações levada a efeito pelos grupos de luta armada.

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Quem, depois de investigação, processo e julgamento for condenado com provas concretas vai pagar pelo que fez, não há dúvida. O que se questiona é que deveria haver uma certa ordem cronológica. Como é possível aceitar que pague primeiro quem foi acusado depois? Como admitir que rostos toda a vida associados aos mesmos crimes continuem intocados enquanto a turma de esquerda já foi condenada? E que verdadeiros ícones da corrupção, além de terem ficado impunes a vida inteira ainda continuem recebendo homenagens póstumas, como é o caso de Quércia, que batiza uma das pontes estaiadas de São Paulo?

O que se questiona é que governos de esquerda tenham sido e estejam sendo revirados de forma muito mais rigorosa que seus predecessores, embora tudo indique que os métodos tenham sido os mesmos.

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Dessa constatação ganha mais corpo a ideia de que no fundo o objetivo não é combater a corrupção, como se anuncia diariamente, mas combater a esquerda. Combater a corrupção quando ela é da esquerda.

"Mas os empresários que estão presos não são de esquerda" podem dizer. São os simpatizantes. Tal como na ditadura, vão para trás das grades os "esquerdistas" e os "simpatizantes".

Não há como não observar, também, que figuras da esquerda ou de partidos de esquerda, no caso o PT, são rapidamente enjauladas e execradas, enquanto notórios próceres de direita, dos quais Eduardo Cunha é o mais simbólico representante continuam impunes.

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