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Dom Orvandil

Bispo Primaz da Igreja Católica Anglicana, Editor e apresentador do Site e do Canal Cartas Proféticas

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O espirito do 5 de julho na história e em nós, sempre!

Lula se deixou prender, contaste-me, porque tinha consciência de que a causa abraçada por ele era absolutamente anterior e absoluta em relação a ele

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Prezadíssimo Padre Pedrinho Guareschi

Interior da Serra Gaúcha, RS.

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Sou-te imensamente agradecido pelo nosso Chimarrão Profético (Live), que pode ser acessado e valorizado aqui.  

Ouvir-te falar de tuas experiências profundas com o ex presidente Lula comove-nos e nos arrasta para o interior da verdade sobre esse grande irmão do povo brasileiro,  líder amado e respeitado nacional e internacionalmente.

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Quando,  por ocasião da prisão violenta por ser caluniosa, mentirosa e injusta por parte dos interesses macroeconômicos e políticos dos Estados Unidos, contando com a destacada assessoria da turma do mal do sistema financeiro,  das indústrias, do agronegócio, cujos chibatadores chegaram a atacar a caravana da cidadania, quando em peregrinação pelo Sul, a pedradas e a bala, juntando-se aos delinquentes da mídia tradicional, usando setores do judiciário como lacaios aparelhados, não percebi em quase nenhuma visita a percepção tão profunda como a que descreveste em nossa conversa.

Ao falares da consciência que Lula tem de si e do que representa disseste que ele sabia na prisão de que sua pessoa jogava papel secundário em todo o conflito e  que, por isso, a enfrentou de cabeça erguida como um Nelson Mandela, gradeado e amarrado no fundo de masmorras por 27 anos e até ao estilo do velho Sócrates, preso e morto por desafiar a classe dominante atávica à ignorância e ao obscurantismo.

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Lula se deixou prender, contaste-me, porque tinha consciência de que a causa abraçada por ele era absolutamente anterior e absoluta em relação a ele.

Nessa causa iniciada pela mãe e com a mãe de Lula, em movimento como o trem da história,  que se enche nas estações da luta, entram os trabalhadores, os pobres, os abandonados pelo sistema capitalista explorador e desumano e, inclusive, retroativamente,  os mártires combatentes da escravidão e até mesmo os milhares de escravos que foram triturados pelos que agora lá se abastecem de ódio e do projeto de humilhação dos que foram e sempre são chutados a chicotadas, a torturas e a discriminações pelo sistema neoliberal, esse escravocrata moderno da barbárie.

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Sai de nosso Chimarrão Profético com o espírito tomado pela energia que se levanta da senzala contra a casa grande, como disseste.

Assim liguei-me à Conferência do Congresso Nacional de Lutas Contra o Neoliberalismo  realizada virtualmente com êxito neste 5 de julho de 2020, como te contei.

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Nela me coube falar sobre os três “5 de julho” de nossa história revolucionária brasileira, que, me parece, é também caudal da resistência de Lula.

Destaquei três palavras desta rica e instigante história de nosso povo trabalhador brasileiro.

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Os três 5 de julho foram transpassados pelas oligarquias brutalmente exploradas e desumanas, donas da casa grande, da senzala e dos seres humanos que sempre escravizaram e vitimaram às condições mais humilhantes e miseráveis possíveis.

Porém, como é da natureza da vida e da luta de classes, muitas vezes escondida e silenciosa nos subterrâneos das ameaças destruidoras da consciência, a experiência da revolta, que, de um jeito ou de outro, explode em lutas.

Numa das cabeceiras dessa luta emergente da casa grande, fonte de sofrimento dos trabalhadores, há as oligarquias.

Na outra agem os humilhados e achatados pelos desalmados dependurados no sistema dominante.

No dia 5 de julho de 1922, como que encarnando o espírito de rebeldia provindo do primeiro indígena que arpoou sua flecha contra os invasores coloniais, passando por todas as outras revoltas históricas desde 1500, mais de 300 militares da Marinha enfrentaram as oligarquias da República Velha na luta que ficou registrada como “Os 18 do Forte”, em Copacabana no Rio de Janeiro, enfrentando os bandidos oligárquicos, que os maltratavam há décadas, resistindo com bravura e sangue derramado as tropas leais ao governo da casa grande, que controlava todas as decisões políticas do país.

Evitando um massacre, coisa que os terroristas defensores dos interesses dos poderosos sempre fazem no processo de eliminação dos que levantam a cabeça e lutam, 17 heróis tenentistas mudaram de tática e liberaram os que quisessem sair da trincheira, saíram às ruas em luta aberta, recebendo a adesão de um patriota civil, que se somou ao enfrentamento aos soldados da oligarquia dominante. No combate morreram 16 dos revoltosos, exercendo o sagrado direito dos que não baixam a cabeça aos exploradores.

Mais uma vez, com o exemplo dos heróis de “Os 18 do Forte”, se consagra a ideia de que as oligarquias atrasadas só subsistem sangrando quem trabalha para elas. Contudo, de outro lado, transborda a consciência de que somente a luta destroça o esquema explorador.

O “5 de julho” de 1924, na dinâmica do aprendizado do primeiro, tendo como protagonistas de luta também os tenentistas, se amplia e se aprofunda, incorporando revoltosas de todo o país no enfrentamento da sempre sanguinária oligarquia.

Em São Paulo os tenentistas tomam a cidade e se alastram para Mato Grosso, Amazonas e Rio Grande do Sul. Enquanto em Copacabana a luta durou um dia na capital paulista estendeu-se por 22 dias, controlando  a cidade com amplo apoio popular.

Como marca da luta, que não é inocente, romântica nem suave, o 5 de julho de São Paulo resistiu o cerco militar oligárquico dominante, retirando-se para o Paraná para o encontro com o grande Capitão, depois titulado de “cavaleiro da esperança”, Luiz Carlos Prestes, que tomara a cidade de Santo Ângelo e marchava com 1500 homens para dentro do Brasil na famosa marcha da “Coluna Prestes”, marchando por 25 mil quilômetros, mostrando o Brasil para o Brasil e distribuindo generosidade por onde passava.

O grande herói Luiz Carlos Prestes, numa percepção mais profunda e ampla, possibilitando a participação de amplos setores explorados da sociedade brasileira, lançou um manifesto contra o capitalismo estrangeiro, que já nessa época estendia seus tentáculos sobre o Brasil,  sugando como polvo as nossas riquezas.

Sem baixar a cabeça, para lembrar o que contaste sobre Lula preso pelo lavajatismo descarado, desonrado e traidor da Pátria com os covardes Sérgio Moro e Deltan Dallagnol à frente, disse para ti na prisão da republiqueta cloacal de Curitiba, de que a mãe dele o fez de pescoço curto para que ele não se curvasse, sob o comando de Prestes, os revolucionários marcharam ao Maranhão, percorrendo o Nordeste, Minas Gerais, retornando ao mesmo caminho, chegando à Bolívia, sem nenhuma derrota para a atrapalhada horda de exploradores, lacaios dos interesses imperialistas estadunidenses.

Resgatando o espírito dos dois 5 de julho anteriores , já em 1935, Luiz CarlosPrestes que, na Bolívia onde se exilara, recebeu emissários da União Soviética e da Internacional Comunista, funda a Aliança Nacional Libertadora (ANL) e lança o Manifesto de 5 de Julho, conclamando enfaticamente o povo todo, principalmente a classe trabalhadora,  à luta contra o imperialismo e pela Revolução Proletária.

O espírito de 5 de julho de nada valeria se não tomasse o caminho da luta concreta contra a exploração real. Por isso Natal, no dia 23 de novembro,  foi a capital contemplada pela instalação de um governo popular revolucionário a partir do  21° Batalhão de Caçadores

Se é verdade que a exploração imperialista, associada às oligarquias nacionais, cegam, ensurdecem e achatam  o ânimo popular,  também é fato que a luta vitoriosa se espalha e toma mentes e corações, como fogo em lenha seca. Por isso, organizados, mais do que a luta em Copacabana, civis e militares eclodem o movimento objetivando derrubar o governo dos exploradores.

Também na madrugada de 24 de novembro, os levantes chegaram ao Rio de Janeiro, então Distrito Federal, onde foram deflagrados ataques ao 3º Regimento de Infantaria, na Praia Vermelha; ao 2º Regimento de Infantaria e ao Batalhão de Comunicações, na Vila Militar; e à Escola de Aviação, no Campo dos Afonsos.

No Rio Grande do Norte, na sua capital Natal,  o povo experimentou por 4 saborosos dias o valor real da revolução, que extirpa a estrutura que divide a sociedade em ricos privilegiados, aproveitadores de todas as benesses provindas dos corpos explorados dos trabalhadores  pobres e miseráveis sem direita à dignidade. O governo popular extinguiu as tarifas dos bondes e todo o transporte coletivo usado gratuitamente pelos trabalhadores, com o dinheiro dos bancos confiscados e compartilhados com os mais pobres. Por causa desse projeto justo muitos comeram carne pela primeira vez.

Mesmo que a derrota que os milicos traidores impõem ao povo, como aconteceu em Natal, para proteger os interesses dos exploradores de sempre, é fundamental o resgate do espírito revolucionário de 5 de julho, assumindo o exemplo do que um governo popular pode fazer pelo país.

Na construção da testada e ampliada pela marcha dos 5 de julho, padre Pedrinho, penso que se deve anotar e aprofundar 3 palavras: uma é  organização. Aí se incluem os estudos na formação  teórica e científica de nossos quadros e lideranças. Como dizia Lênin: “não há revolução sem teoria revolucionária”. Na organização também se inscreve a construção de táticas claras, corrigíveis e avançáveis bem como a estratégia trabalhada para a superação e suplantação dessa estrutura que pare exploradores e explorados, pobres e miseráveis, seres humanos vagando cegos e surdos às causas desse estado de exclusão.

A segunda palavra é  luta. Esta é a mãe que carrega os filhos da justiça pelos caminhos da revolução. A luta é o carreamento do que se produz na organização. Sem luta a organização vira máquina burocrática sem vida. A luta sem organização  perde-se nas intensões,  nos fracassos e nas decepções.

A terceira é dom.  A Coluna Prestes é também um rosário de testemunhos dos dons do povo, despertados pela paixão e pela generosidade da luta organizada. Quantos artistas, intelectuais, técnicos, oradores, poetas, coinheir@s, cantores, lideranças natas enfim, tem o nosso povo, verdadeiros arsenais de riquezas humanas para a organização da luta e para a luta organizada em marcha.

É nesse ambiente de um povo que desilude os românticos da falsa paz, que dizem sem nenhuma vergonha na cara, que nosso povo é pacífico e que não gosta de lutar.

Os 5 de julho mostram que nosso povo se rebela, se revolta e luta.

Quem bom que Lula não baixa a cabeça. Ele é filho do nosso povo brasileiro, que não baixa a cabeça ainda que aparente fazê-lo.

Obrigado meu professor e mestre Padre Pedrinho pelo gostoso Chimarrão Profético.

Abraços críticos e fraternos.

Dom Orvandil.

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