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Ariovaldo Ramos

Coordenador da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito Presbítero da Comunidade Cristã Reformada em São Paulo, SP

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O Estado Laico

Os evangélicos, na nossa história recentíssima, recomeçaram com esse desvio de tentar cooptar o Estado

André Mendonça (Foto: Alan Santos/PR)

Ariovaldo Ramos

Os evangélicos, na nossa história recentíssima, recomeçaram com esse desvio de tentar cooptar o Estado, por meio da participação politico-partidária e da formulação de programa de governo.

O Estado é laico. Nunca essa afirmação teve tanta necessidade de ser reiterada e ratificada.

Era de se esperar que outras manifestações religiosas se deixassem levar pelo desvario evangélico, e tentassem cooptar o Estado, constrangendo possíveis candidatos, principalmente, as religiões mais afetadas pela loucura patrocinada pelos evangélicos, cujos membros chegaram a perseguir tais manifestações religiosas, inclusive, atacando os seus lugares de culto.

Contudo, a laicidade do Estado tem de ser afirmada, e tudo que um pretenso candidato pode oferecer é a garantia de liberdade religiosa, e o tratamento de todas as manifestações religiosas a partir da isonomia garantida pela constituição.

Qualquer tropeço, de qualquer pretenso candidato, nesse quesito, o assemelha ao Bolsonaro e lhe rouba votos e credibilidade.

Nenhum pré-candidato pode perder a oportunidade de sustentar a laicidade do Estado; e qualquer deslize pode custar muito caro, para ele e para tantos que o apoiam.

Lamentavelmente, a questão religiosa entrou na pauta da sociedade brasileira da forma mais equivocada possível, que é a busca por saber ao lado de que religião ficará o governo. 

Num Estado Laico o governo não toma partido de religião alguma e, muito menos, promete a qualquer religião a participação na elaboração do programa de governo. 

A religião e o governo deveriam ser entes estranhos entre si, cabendo ao governo o cumprimento da Constituição que sustenta a laicidade do Estado, garantindo a liberdade de culto e a igualdade no tratamento de qualquer manifestação religiosa, na forma republicana que se espera de governos eleitos democraticamente.

Qualquer deslize de qualquer governo, no que tange ao Estado Laico, coloca o país na chamada Idade das Trevas e fomenta a guerra religiosa, que deixa de ser a pratica da espiritualidade inerente ao ser humano para se tornar uma luta por espaços no poder, assim como a busca por usar o poder para ampliar os seu espaços.

A tolerância religiosa que todos, avidamente, queremos celebrar, não sobrevive onde o governo não mantém a equidistância e o respeito republicanos, e isso deve ficar claro na fala de qualquer pré candidato.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.