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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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O Estado lava as mãos, mas tem que nos indenizar

"O Estado deveria arcar com todas as despesas dos que tem que ser hospitalizados, seja pelo SUS, seja pela rede privada. Todos. Porque, mais uma vez, o responsável pelas internações é o Estado, pois não foi previdente para cortar o mal pela raiz", diz Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia

O Estado lava as mãos, mas tem que nos indenizar (Foto: Jane de Araújo/Agência Senado | Pixabay License)
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Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia - Nós, o povo, nós, os cidadãos estamos sendo tratados pelo Estado como se fossemos os responsáveis por essa epidemia, por isso temos que ser punidos e, se desobedecermos às orientações a situação pode até piorar.

  Depende de nós. Se nos comportarmos direito – presos, em casa, quietos, lavando as mãos – a punição será menor; caso contrário, tanto pior para nós.

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  Estou ficando indignado com essa narrativa que prevalece não só aqui, em São Paulo, não só no Brasil, mas sobretudo na América Latina.    

  Você liga a televisão desses países e o que encontra são campanhas como #euficoemcasa.

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  Ninguém responsabiliza o Estado por essa crise, quando ele é o grande culpado.

  Não posso falar dos países vizinhos, nem mesmo do Brasil como um todo. Mas posso falar de São Paulo.

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  É impossível calcular quantas contaminações poderiam ter sido evitadas se a prefeitura tivesse cancelado o carnaval de rua que aconteceu no fim de fevereiro, quando o coronavírus já estava comendo solto na China, na Coreia do Sul e na Europa.

  Foi uma irresponsabilidade do prefeito e não dos cidadãos. Ah, mas já estava tudo programado e cancelar seria um desastre! Pode ser. Mas permitir aquelas aglomerações, os blocos na rua, todo mundo dançando e cantando, sob as bênçãos das cervejarias foi pior: agora o prejuízo é muito maior, incomparável com aquele que poderia ter sido causado “apenas” pelo cancelamento do carnaval.

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  A outra providência que poderia ter sido tomada, ainda em janeiro, essa pelo governador do estado era testar todos os passageiros embarcando ou desembarcando dos aeroportos.

  Só ele poderia ter ordenado isso, mas não ordenou. Culpa de quem? De nós, os cidadãos?

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  Somente essas duas medidas – cancelar o carnaval e monitorar aeroportos – poderiam ter ao menos diminuído o impacto que temos agora, um mês depois do carnaval.

  Pois é. E agora vem a dupla – prefeito e governador – muito bem ensaiada, apoiada por especialistas anunciar que o estado de São Paulo está fechado, que todos têm que ficar em casa e o comércio para 15 dias. Isso para começo de conversa.

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  E com toda a seriedade do mundo em seus rostos não falam nada a respeito das indenizações.

  Se o Estado manda fechar os estabelecimentos – pequenos, médios e grandes, com algumas exceções - não por qualquer infração cometida pelo comerciante, não porque ele não pagou os impostos, o Estado tem de indenizá-lo. Pois quem está causando prejuízo é o Estado. Principalmente o pequeno comerciante que trabalha no almoço para pagar a janta. Ninguém precisa ser advogado para chegar a essa conclusão.

  Outra coisa: o Estado deveria arcar com todas as despesas dos que tem que ser hospitalizados, seja pelo SUS, seja pela rede privada. Todos. Porque, mais uma vez, o responsável pelas internações é o Estado, pois não foi previdente para cortar o mal pela raiz. Não cancelou eventos, não alertou para o perigo, não fez campanhas. Lavou as mãos. E continua lavando.

  Ah, mas os estados estão falidos. O de São Paulo acho que não está e tem outra coisa: o Estado que se vire. O Estado tem muito mais condições de conseguir dinheiro do que nós, os cidadãos.

  O Estado poderia, por exemplo, obrigar os bancos, que têm tido lucros bilionários ao longo deste século a abrirem seus cofres. Eles que falam tanto em solidariedade poderiam pedir para os bancos serem solidários.

  Mas não. O prefeito e o governador só anunciam o que os cidadãos são obrigados a fazer e, se não fizerem, serão punidos, pois não se comportaram direito.

  Não, senhores, essa conversa é para boi dormir. O Estado paulista e a prefeitura de São Paulo têm que se virar, arranjar dinheiro e nos indenizar.

  Não podemos ficar inertes, à mercê de sermos informados por Suas Majestades até quando ficaremos em cativeiro.

  Podemos até ficar no cativeiro, mas o Estado tem que nos pagar por perdas e danos. Não adianta querer proteger seus cidadãos da doença à custa de matá-los de fome ou desespero.  

   O Estado e a prefeitura precisam nos dizer quanto vão pagar para cada um de nós – comerciantes e todos aqueles que perderem o emprego – e não apenas atuarem como nossos carcereiros.

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