O golpe do entreguismo
Não é difícil visualizar quais são os interesses estrangeiros no Golpe de 2016. O interesse das companhias de petróleo (Shell, Chevron, Exxon etc.) pelo petróleo brasileiro, e pela Petrobras, é o que mais salta aos olhos
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Não é difícil visualizar quais são os interesses estrangeiros no Golpe de 2016. O interesse das companhias de petróleo (Shell, Chevron, Exxon etc.) pelo petróleo brasileiro, e pela Petrobras, é o que mais salta aos olhos. O desmonte da Petrobras, um dos maiores patrimônios do país, já começou antes mesmo do golpe ser concluído. Essa empresa, além de ter um alto valor estratégico para o Brasil, é uma das mais lucrativas do mercado. E a sua venda, caso siga a lógica das privatizações de governos neoliberais anteriores, seria a preços bem abaixo do seu valor real.
O curioso é que antes de mesmo de se falar em privatizar partes da Petrobras, houve uma campanha midiática para tentar sabotar a imagem da empresa. E esse é um método muito utilizado pelos neoliberais: prejudicar a imagem de uma empresa (que eles querem que seja privatizada) para convencer a opinião pública de que a privatização é a única "solução" para os "problemas" dela, sejam esses "problemas" reais ou imaginários.
Outra "galinha dos ovos de ouro" para o capital estrangeiro são as empresas de energia elétrica, que poderão render milhões em "comissões" aos entreguistas. A verdade nua e crua é que, se depender do governo golpista, o país inteiro será vendido. E sabe-se lá para aonde iria o dinheiro arrecadado nessas vendas. Uma coisa é certa, não iria para o povo.
Uma das razões do apoio do governo americano ao golpe foi o BRICS. Esses países (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) se juntaram para criar um fundo próprio de reservas para empréstimos, rompendo com a dependência histórica que o Brasil tinha com o FMI para captar recursos e estabelecer políticas econômicas. Foi uma conquista significativa para a nossa soberania. E os países do BRICS estavam coordenando um processo para que o dólar americano deixasse de ter tanta influência como moeda corrente internacional. A presidente Dilma apoiava esse processo. Em outras palavras, o BRICS estava se consolidando e ameaçando a hegemonia dos Estados Unidos e da União Europeia nas relações internacionais. E nada disso agradava o governo americano, obviamente.
Outra razão, menos óbvia, da participação dos EUA no golpe é esta: o governo americano está fazendo de tudo para provocar mais uma guerra de âmbito mundial. Desta vez, contra a Rússia (e, possivelmente, China). Como de costume, ele está tentando garantir que o maior número de países tenham governos "alinhados" aos seus interesses. E Washington está fazendo isso do mesmo jeito que fazia no século passado: por meio de golpes de estado. "Golpes brancos", mais recentemente. Fraudes em eleições, assim como chantagens financeiras e comerciais, também são ferramentas amplamente utilizadas.
Vários golpes aconteceram, nos últimos anos, em diversos lugares do planeta. Na "primavera" árabe (que, de "primavera", não teve nada), por exemplo, governos de países árabes, no Oriente Médio e na África, foram derrubados para que governantes "simpatizantes" dos EUA e de Israel assumissem o poder. Na América Latina, golpes já ocorreram em Honduras e no Paraguai. Na Argentina, não houve necessidade. Porque conseguiram eleger um neoliberal radical, Macri, que segue a risca todas as orientações vindas de Washington. E, há anos, tentam derrubar o governo da Venezuela, que não se curva aos interesses norte-americanos.
Por via de regra, onde houvesse um governo de esquerda (ou mesmo "de centro") populista, nacionalista e protecionista, não alinhado aos interesses dos EUA, haveria um grande risco de golpe ou fraude eleitoral.
Portanto, o entreguismo do governo golpista não se restringe ao campo comercial e financeiro, mas também ao político e diplomático. E eis a ironia: centenas de milhares de pessoas saíram às ruas, vestidas de verde e amarelo, com bandeiras do Brasil, cantando o hino nacional, em exaltações patrióticas, para apoiar um golpe que colocaria no poder um governo (ilegítimo), que entregaria o país nas mãos de interesses estrangeiros. Teria sido mais coerente se essas pessoas tivessem usado as cores da bandeira americana e cantado "The Star-Spangled Banner".
Com o governo golpista, a diplomacia brasileira deixou de ser multilateral e autônoma para voltar a ser dependente das vontades do governo americano. Antes, tínhamos uma diplomacia regional cooperativa no MERCOSUL. Golpes no Brasil e Paraguai, associados a um governo neoliberal na Argentina, conseguiram comprometer o destino do bloco. No governo Dilma, buscávamos integração com diversos países. Hoje, fechamos embaixadas. E o BRICS é o próximo alvo dos golpistas. O Brasil voltou a ser o que era na época da ditadura militar: um vassalo dos EUA. E isso que o Golpe de 2016 ainda nem foi consumado.
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