CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Cássio Vilela Prado avatar

Cássio Vilela Prado

Escritor

96 artigos

blog

O Golpe é de Ninguém - Banal e Natural

Os atores partícipes desse "Recall Político", nomeado por Impeachment (tupiniquim), ao forjarem a sua validade dão mostras claras que golpearem a Presidente eleita, a Democracia, o Estado de Direito e o voto popular ao trocarem de forma dolosa "coelho por lebre", num cenário já inundando e banalizado pelo mal radical em suas bases

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

"O maior mal perpetrado é o mal cometido por Ninguém, isto é, por um ser humano que se recusa a ser pessoa".
- Hannah Arendt

Pode-se conjecturar que no Brasil atual, após as eleições de outubro de 2014, os ânimos já exaltados durante a campanha presidencial entre os eleitores da candidata Dilma Rousseff e os eleitores do candidato Aécio Neves, bem mais aguerridos do que os torcedores do velho clássico carioca "Fla-Flu", ao contrário do dia seguinte ao jogo de futebol, quando esses ânimos se apaziguam, o que se viu foi um permanente recrudescimento do sentimento de negação e recusa do resultado do "jogo eleitoral".

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Os torcedores (eleitores) derrotados, ao invés de admitirem o placar, apesar da natural frustração diante da derrota, passaram a delirar um "terceiro tempo", inexistente tanto nas regras do futebol quanto nas regras constitucionais democráticas da nossa Pátria.
O candidato derrotado, Aécio Neves, representante da chamada Elite Branca brasileira e seus adeptos, associados aos meios de comunicação (PIG), deflagraram um intenso ataque à figura da candidata vitoriosa e aos integrantes do seu Partido, jamais visto na história da imprensa nacional, eminentemente ao ex-presidente Lula. A partir de técnicas obscuras e maldosas, contaminaram grande parte da população brasileira, especificamente àquela derrotada no jogo democrático, adestrando-os e incitando-os naquilo de mais subterrâneo que carregam em si: o ódio animal humano com as suas consequências (ou inconsequências).

Também se pode pensar que as ações oriundas da mobilização emocional alienante impetrada pelos meios midiáticos, ao contrário do que se esperava da conduta desses sujeitos e demais setores políticos, acatando e respeitando o resultado democrático das eleições, caminharam na posição oposta, promovendo uma insana comoção nacional infundada e irreflexiva, portanto injustificada e delirante: "Fora Dilma", completamente despropositada, impossibilitando, veementemente, o processo natural do luto diante da perda, conforme ocorre naturalmente após os "Fla-Flu".

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Esses atores derrotados se utilizaram, até o presente momento, de jargões prontos à margem do campo discursivo, impossibilitando-os de qualquer forma de diálogo, mas tão somente o que se vê e se ouve são "ecolalias infantilizadas epidêmicas", nas ruas, nas redes televisivas e sociais, no Congresso Nacional (Câmara e Senado), nos restaurantes...

Nesta direção, não restou aos atores derrotados outra alternativa, diante de seus sentimentos rasos não elaborados, senão a condenação insana e sumária daquela que os derrotaram democraticamente.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Perderam, negaram, deliraram e condenaram; só faltava criar um "fato legal" que legitimasse a persistência dos seus malfeitos irados. Assim, deturparam e violaram a Constituição de forma maldosamente hermenêutica à luz de suas trevas mentais.

Pelo visto, com o afastamento da Presidente Dilma, vítima portanto de um "estelionato hermenêutico" movido pelo ódio, a ira e a recusa da realidade, criou-se uma ficção: Impeachment ("O processo de impeachment não deve ser confundido com o "recall político", que é, usualmente, iniciado por eleitores e que pode ser baseado em "acusações políticas": por exemplo, má administração política, sem evidente viés criminoso.". - Wikipédia).

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

E o mais preocupante desse processo deflagrado é sua "naturalização", ou como diria a filósofa Hannah Arendt, a sua banalização: "A Banalização do Mal", pois tentam transformar uma ficção patológica mental e política numa realidade maldosa irrefutável "goela abaixo" do povo brasileiro, embora indigesta e regurgitada pelos estômagos dos brasileiros mais saudáveis e mais esclarecidos.

Em nada obstante, a filósofa judia-alemã, Hannah Arendt (1906-1975), naturalizada norte-americana em 1951 devido à retirada de sua nacionalidade alemã em 1937, quando foi encarcerada pelo regime nazista, acompanhou todo o processo de Adolf Eichmann (1906-1962), oficial da Gestapo nazista, responsável pelo extermínio de milhões de pessoas, durante a Segunda Guerra Mundial, capturado na Argentina e julgado em Jerusalém no ano de 1961. Hannah Arendt foi enviada como correspondente pela revista norte-americana The New Yorker para cobrir as sessões do seu julgamento público em Israel. Em 1963, baseado nos artigos publicados pela The New Yorker, a autora desenvolveu

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

uma análise sobre Eichmann, publicada no livro: "Eichmann em Jerusalém", onde aprofunda o seu conceito de "Banalidade do Mal". Durante o seu interrogatório e nas suas entrevistas concedidas à Arendt, Eichmann se comporta, de forma absoluta, à revelia do pensamento reflexivo, atribuindo às suas ações apenas aos seus superiores, eximindo-se de qualquer participação sua, portanto não implicando nos seus atos bárbaros, esvaziando a sua condição de sujeito singular e se transformando num "Ninguém".

Isso posto, os atores partícipes desse "Recall Político", nomeado por Impeachment (tupiniquim), ao forjarem a sua validade dão mostras claras que golpearem a Presidente eleita, a Democracia, o Estado de Direito e o voto popular ao trocarem de forma dolosa "coelho por lebre", num cenário já inundando e banalizado pelo mal radical em suas bases.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Se se pergunta hoje aos seus "carrascos" o motivo dessa vingança vil, após o afastamento da Presidente Dilma pelo Senado, com certeza ouviremos:

"Fora Dilma", "Fora Lula", "Fora PT", "Fora Corrupção", "Lugar de Corrupto é na Cadeia" – num verdadeiro mecanismo paranoico, pois o mal é projetado apenas no Outro que ele persegue – embora não consigam explicar no campo discursivo do Simbólico uma justificativa reflexiva de seus jargões, confirmam tão somente o imaginário da ficção banalizada em detrimento do mal que fizeram emergir na realidade social da nossa Pátria, eliminando-os completamente da condição de sujeito singulares e alocando-os, definitivamente, na condição de "Ninguém".

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247,apoie por Pix,inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO