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Marilza De Melo Foucher

Economista e jornalista. Colabora com o Brasil 247 e outros jornais no Brasil, é colaboradora e blogueira do Mediapart em Paris

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O grande líder político Lula comemora 75 anos. Feliz aniversário, presidente!

Estamos esperando que o judiciário brasileiro pare de violar os limites da justiça e da ética. Lula é um caso exemplar de ação estatal que não respeita o marco da legalidade democrática

(Foto: Graça Craidy)
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Autora da pintura do retrato de Lula publicada nesse artigo: Graça Craidy

Hoje Lula comemora 75 anos. Lula nasceu em 27 de outubro de 1945 na cidade de Caetés, município de Garanhuns, em Pernambuco. Esse homem teve um aprendizado de vida que poucos políticos brasileiros adquiriram. Aos dez anos teve que abandonar a escola devido ao seu estado de pobreza, que o obrigou a trabalhar para sobreviver. Aos 14 anos, Lula começou a trabalhar na fábrica de automóveis de São Bernardo como torneiro. Foi no cotidiano da classe trabalhadora que ele descobriu a importância da política e se tornou militante com valores de esquerda. A luta de classes para ele não era conceitual, era uma realidade vivida. Durante sua vida na fábrica, o operário entendeu a necessidade de uma luta coletiva, o desafio era se organizar durante o período de regime ditatorial. Aos 21, ingressou no sindicato. Aos poucos, foi se apegando à política e rapidamente entendeu o mecanismo de funcionamento da sociedade brasileira, suas contradições e seu conservadorismo, tão bem descritos no livro de Gilberto Freire - Casa Grande-Senzala. É certo que, neste período de ativismo sindical ativo, Lula não deveria ter tido muito tempo para esse tipo de leitura, porém, ao assumir a direção de um sindicato, percebeu que precisava de mais formação, desenvolveu o gosto pela leitura de artigos e discussões políticas. Ele se cercou de intelectuais, padres e bispos comprometidos com a defesa dos direitos humanos. Ele era um seguidor da teologia da libertação. O Lula sempre teve uma religiosidade enorme, ele é uma pessoa de fé.

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Com o tempo, ganhou maturidade política e reuniu vários ingredientes que ampliaram seu conhecimento. Sua vida esteve ligada à luta pelos direitos políticos e sociais. Ele encarna a atualização de um humanismo de esquerda, porque este trabalhador, que se tornou político, sempre se revoltou diante da degradação da condição humana e sempre foi coerente com os valores de fraternidade, da solidariedade e da justiça social. Seu humanismo de esquerda não é uma mascarada que guiou os falsos valores do humanismo etnocêntrico europeu no passado e que levou à criação de um mundo desigual e individualista; que reduziu os seres humanos a mercadorias, destruiu culturas e a natureza. O trabalhador Lula defendeu os direitos da classe trabalhadora, lutou contra a ditadura, se engajou na luta contra a pobreza, contra todas as formas de exclusão e discriminação.

Este homem sem grandes estudos é autodidata, ele é capaz de lidar com vários temas sociais, políticos, econômicos, culturais etc. Lula aprendeu a contextualizar a realidade econômica, social e política do Brasil melhor do que muitos intelectuais e políticos, conhecidos como sociólogos. Como dirigente sindical, foi um excelente negociador em defesa dos direitos trabalhistas e como político um grande articulador na luta pela democracia brasileira e seus direitos.

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O poder nunca lhe subiu à cabeça, manteve a humildade, sempre teve orgulho das suas origens e nunca teve complexo de inferioridade, pelo contrário, sempre se lembra da vida miserável que viveu sua família nordestina e como migrante em São Paulo. Embora tenha vivido uma vida de sacrifícios na infância e adolescência, ele sempre viu a vida com otimismo, humor e amor. Ele também passou a amar o Estado de São Paulo e o Corinthians. E foi em São Paulo que o cidadão Lula iniciou sua carreira política e participou da fundação do Partido dos Trabalhadores - PT. Foi candidato ao cargo de governador do Estado de São Paulo, depois se elegeu deputado federal e concorreu à presidência da República 4 vezes, 1989, 1994, 1998 para finalmente ser eleito amplamente em 2002.

Lula sabia que seria difícil governar o Brasil, sabia que os herdeiros da Casa Grande não facilitariam a execução de seu mandato presidencial, daí a sabedoria de Lula na noção de equilíbrio de contrários para apreender a realidade política do Brasil. O Brasil passava por uma grande crise social e econômica, a dívida brasileira explodia. A crise financeira seria o primeiro obstáculo do governo. Como lutar contra a pobreza brasileira e lutar contra a exclusão social com um país endividado e sob pressão do FMI? Seus credores e adversários apostaram imediatamente em seu fracasso e na sua incapacidade de cumprir as promessas eleitorais. Além dessas dificuldades, o governo Lula não tinha maioria no Senado e na Câmara dos Deputados. O grande sindicalista não desanimou e disse que governaria para todos e que deveria negociar com todas as representações políticas. Não faltarão obstáculos no caminho para as transformações que Lula queria impulsionar. Mesmo seus amigos de esquerda mais radicais o repreenderam quando ele foi forçado a compor seu governo com alianças fora da esquerda. Lula foi prisioneiro de um regime presidencialista brasileiro incompatível com a nova república democrática. Muitos partidos foram estabelecidos durante o período de transição da ditadura para a democracia. Muitos surgiram sem fundamentos ideológicos. Infelizmente, nenhum governo pós-ditadura pode conceber um projeto de reforma política, muitas vezes por falta de maioria e às vezes por falta de vontade política. Há uma dispersão do sistema partidário no Brasil que dificulta a formação de maiorias nas Assembleias e no Congresso Federal. Isto complica ainda mais a missão do poder executivo, porque cabe ao legislativo fazer as leis. Supostamente, imaginamos que bastaria ter vontade política para promover todas as mudanças fundamentais que a população espera há anos. No entanto, o presidente Lula teve que pisar em ovos para manter o equilíbrio entre o Executivo e o Legislativo. O executivo negocia com autoridades eleitas no Congresso e não com a sociedade. A questão crucial, portanto, é: como garantir uma boa governança diante de parlamentares que, na maioria das vezes, não representam seus constituintes?

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Mas Lula, que adora futebol, conseguiu driblar os adversários e o neoliberalismo imposto pelo FMI. Enquanto a crise econômica internacional provocou um retrocesso da política social em diversos países, o Brasil conseguiu manter as melhorias para as camadas mais pobres da população e, ao mesmo tempo, preservar a estabilidade macroeconômica.

Como diria Albert Camus no ensaio "L’homme revolté": "Para ser um homem, deve-se recusar de ser Deus. E em um país onde Deus está em todos os lugares onde se costuma dizer "graças a Deus" para tudo, Lula, não podia fazer milagres, todavia, apesar de alguns erros, conseguiu implementar o maior programa de inclusão social do mundo. O objetivo desses programas, no curto prazo, é amenizar os problemas decorrentes da situação de pobreza e, no longo prazo, investir no capital humano, rompendo o ciclo intergeracional da pobreza. A luta contra a fome e a pobreza era sua principal prioridade. Lula deixou a presidência brasileira, com 80% dos seus concidadãos aprovando sua ação. Apesar de alguns fracassos em seus governos, Luiz Inácio Lula da Silva é o político mais bem-sucedido da América Latina. Este sucesso deve muito ao seu carisma excepcional, seu bom humor, sua sensibilidade social. Mas seu sucesso é também devido ao seu vínculo inseparável com os movimentos sociais e sua fé inabalável em um futuro melhor para o Brasil.

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Mas o sucesso de Lula incomodou os senhores da “Casa Grande”, e por medo de seu retorno ao poder conseguiram excluí-lo da opção principal do campo progressista na eleição presidencial da República do Brasil em 2018. Os procedimentos judiciais apoiados no método law-fare foram iniciados contra o ex-presidente. Era possível verificar que havia sinais claros de violação da imparcialidade judicial. Sergio Moro, autor da sentença que condena Lula, lucrou de modo político, midiático e social com a causa que tentou. Ele permitiu que a extrema direita chegasse ao poder e foi posteriormente nomeado Ministro da Justiça pelo novo presidente Jair Bolsonaro. A Imparcialidade, por definição, é sinônimo de inalienabilidade, o que significa que os juízes não podem ter interesses pessoais relacionados ao resultado do julgamento, nem podem agir para ganho político, midiático, financeiro ou social do caso levado a julgamento. Moro deixou claro, por meio de declarações públicas, que se considera um opositor do projeto político encarnado pelo acusado.

Hoje, aniversário do ex-presidente Lula, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta terça-feira (27), dia em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemora 75 anos, de manter o julgamento, no STJ, do recurso contra a condenação no processo Triplex Guarujá (SP), do então juiz Sérgio Moro. O relator é o ministro Félix Fischer. (fonte do jornal Brasil247).

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Estamos esperando que o judiciário brasileiro pare de violar os limites da justiça e da ética. O caso de Lula é um caso exemplar de ação estatal que não respeita o marco da legalidade democrática.

Feliz aniversário presidente Lula! Que a Justiça brasileira reconheça sua inocência.

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