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Lejeune Mirhan

Sociólogo, Professor (aposentado), Escritor e Analista Internacional. Foi professor de Sociologia e Métodos e Técnicas de Pesquisa da UNIMEP e presidente da Federação Nacional dos Sociólogos – Brasil

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O homem que mais combateu o terrorismo morreu por um atentado terrorista

Não estou de acordo - como algumas TVs de streaming disseram pela manhã - que podemos caminhar para uma terceira guerra mundial. O Irã não confrontará os EUA diretamente. Nem a Rússia e a China enviarão tropas para uma internacionalização de um conflito na região do Oriente Médio

(Foto: Reuters)
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Não é a primeira vez que um ano novo (no calendário cristão ocidental) começa literalmente quente. Nas últimas horas desta terça, dia 2 de janeiro, mísseis disparados de drones estadunidenses, atingiram em cheio a comitiva que transportava o lendário major-general Qaseem Suleimani, comandante da Guarda Revolucionário do Irã, e desde 1998, comandante das Forças Revolucionárias Quds. 

A ordem para o assassinato - martírio como os iranianos estão chamando - partiu pessoalmente de Donald Trump, presidente dos EUA e chefe do Império do Norte, chefe do sionismo internacional junto com Israel. Suleimani era considerado um "mártir vivo" no Irã, tantas foram as batalhas que guerreou e venceu, desde a resistência à guerra que Saddam fez entre 1980 e 1988 à serviço dos EUA. À época ele era comandante da 41ª Divisão do Exército Iraniano.  

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Os analistas internacionais e jornalistas especializados nos EUA o tinham como uma espécie de segundo homem mais forte do Irã, atrás apenas do seu líder espiritual Ali Khamenei. Diz-se que sería o sucessor do atual presidente Hassan Rohani.  

A imprensa burguesa internacional faz questão de registrar que as Forças Quds seriam o braço internacional do Irã e do Islã xiita em todo o mundo para proceder a atentados e operações clandestinas em outros países e além das fronteiras iranianas. Pura mentira. Tal qual comunistas, socialistas e revolucionários de todo o mundo se solidarizam com as lutas dos povos e em determinados momentos enviam seus militantes para combater as justas batalhas, como fizemos na revolução Espanhola de 1936, na II Guerra com os Partisanis, como as guerrilhas africanas e tantas outras, também os muçulmanos xiitas, a corrente do Islã que tem o mais elevado grau de consciência política anti-imperialista que eu conheço - e venho dizendo isso há tempos - fazem da mesma forma. Seu militantes mais conscientes, desprendidos, abnegados, deslocam-se para tarefas onde são chamados, onde suas consciências assim o determinam. Tem sido assim no Líbano desde a expulsão de Israel em 25 de maio de 2000. Lá um contingente imenso permanece em armas de prontidão defendendo as fronteiras libanesas ao Sul do país. Foi assim na recente agressão que a Síria sofreu desde março de 2011, atacada por terroristas vindo de todas as partes do mundo e financiados pela arábia Sauditas e países do Golfo e apoiadas pelos EUA, Turquia e Israel.  

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As casas monárquicas fascistas do golfo estão em festa. Os nazi-sionistas do mundo inteiro - inclusive do Planalto Central - estão em regozijo. Donald Trump, ameaçado de ser impichado - mas não o será, claro - precisa de uma guerra ou de um conflito para assegurar a sua (quase certa) reeleição. Agora arrumou uma. Mas, não sei se ele avaliou com seus assessores as reais consequências desse atentado terrorista perpetrado pelos seus dispositivos militares.  

Ironia do destino: o homem que mais lutou e lutava contra o terrorismo em todo mundo, em especial na Síria, que havia vencido o ISIS (Islamic State of Iraq and Shem), o famigerado Estado Islâmico - que jamais foi um estado e jamais foi islâmico - foi morto justamente por um atentado terrorista perpetrado pelo chefe da nação que prega e propala aos quatro ventos ser contra o terrorismo, mas que apoia, financia, dá suporte e inteligência, meios de comunicação ao terrorismo em todos os quatro cantos do mundo.  

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Não estou de acordo - como algumas TVs de streaming disseram pela manhã - que podemos caminhar para uma terceira guerra mundial. O Irã não confrontará os EUA diretamente. Nem a Rússia e a China enviarão tropas para uma internacionalização de um conflito na região do Oriente Médio. No entanto, algumas questão estou de acordo e quero partilhar com os e as amigas:  

1. Essa atitude elevará ainda mais e já tensa situação política da região do Oriente Médio e do Golfo Pérsico-Arábico;  

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2. Não tenho dúvidas de que o Irã irá revidar, mas provavelmente não tão de imediato quanto se espera. O alto comando revolucionário do país devem estar reunidos para traçar o nível e extensão da reação. Alvos estadunidenses e de seus aliados estão todos mapeados no OM. Há um ditado popular que diz que a vingança é um prato que serve frio;  

3. Essa atitude de Trump, se por um lado lhe dá gás com a extrema direita interna em seu país para a sua reeleição e também no mundo, o isola ainda mais de países e setores da opinião pública e governos que buscam soluções moderadas e negociadas para os conflitos no Oriente Médio, em especial a questão palestina;  

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4. Essa atitude coloca em risco TODOS os/as cidadãos americanos no OM e no mundo em geral, pois ninguém pode controlar as atitudes individuais de muçulmanos, sejam eles xiitas ou sunitas inconformados com esse ato terrorista;  

5. Mas, os EUA colocaram em risco ainda maior TODOS os/as cidadãos israelenses e o próprio Estado de Israel, que se já era alvo de mísseis constantemente apontados para ele, agora mais do que nunca podem recebê-los não só vindos de Gaza;  

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6. Acho que isso vai enterrando cada dia mais fundo a proposta de dois estados para dois povos convivendo harmonicamente lado a lado na questão do Estado da Palestina. Voltará com força a proposta de estado único, Palestina;  

7. Nem preciso dizer, mas isso terá consequências nos preços do petróleo. Os preços baixos artificialmente mantidos do barril do petróleo, por exigência dos EUA e obedecido pela arábia Saudita, com o objetivo de quebrar o Irã e a Venezuela, para criar dificuldades internas nesses países de forma que seus povos se levantem e derrubem seus governos, não se sustentará mais. Já vimos a forte alta de ontem para hoje. Isso poderá ter grande impacto na já combalida economia mundial.  

Sobre as perspectivas, quero aqui registrar: 

1. Volto a insistir o que postei semana passada, quando recebi visita de ilustres religiosos iranianos em minha casa: precisamos estabelecer uma grande aliança mundial de comunistas, socialistas (verdadeiros), democratas e patriotas (verdadeiros), com cristãos (verdadeiros e não os falsos e vendilhões de templos), um verdadeiro Arco da Resistência, que já ocorre no Oriente Médio; 

2. Aqui em nosso combalido país, o governo de turno, entreguista e subserviente, se alinhará imediatamente aos ditames dos EUA, em apoio ao inominável ato terrorista praticado pela nação mais terrorista.

Major-general Suleimani, você está presente!

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