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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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“O meu nome ninguém vai jogar na lama”

"Em menos de um ano de governo, Michel Temer é detentor de dois títulos contraditórios: é o pior presidente do Brasil dos últimos 25 anos, desde Fernando Collor e o melhor presidente do PMDB de toda a sua história. Aos brasileiros, ele promete um futuro brilhante, mas avisa que 'antes de melhorar, vai piorar'. E está ocorrendo o que previu, ao menos na parte do 'vai piorar'. Está piorando, sim", afirma Alex Solnik; "Eis porque, em meio às nuvens negras que se formam no céu de anil, Temer adota como lema os versos de um famoso samba: 'O meu nome ninguém vai jogar na lama'"

Michel Temer (Foto: Alex Solnik)
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Em menos de um ano de governo, Michel Temer é detentor de dois títulos contraditórios: é o pior presidente do Brasil dos últimos 25 anos, desde Fernando Collor e o melhor presidente do PMDB de toda a sua história.

Aos brasileiros, ele promete um futuro brilhante, mas avisa que "antes de melhorar, vai piorar". E está ocorrendo o que previu, ao menos na parte do "vai piorar". Está piorando, sim.

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Começou a piorar com seu projeto de congelamento de gastos governamentais nos próximos 20 anos, cujos efeitos já estão sendo sentidos na segurança pública.

O motim da PM do Espírito Santo se transformou na maior carnificina desde o episódio dos presídios (sem contar os prejuízos ao comércio, às aulas, ao direito de ir e vir, à saúde dos cidadãos que não têm acesso aos postos de saúde, fechados) e ameaça outros estados da federação.

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E os governos estaduais, engessados pela austeridade propagada pelo governo federal congelam gastos que deveriam ser essenciais, um dos quais com a segurança pública. Saúde, educação e segurança pública são as bases do tripé aos quais o governo não pode renunciar, por força da constituição, mas renunciou. A pretexto de garantir uma situação melhor no futuro, está exterminando o presente e só os que sobreviverem vão ver se o futuro será mais glorioso.

Mas a fase do "vai piorar" ainda não se esgotou, como é fácil adivinhar quando o Executivo e seus aliados do Legislativo prometem aprovar uma reforma da previdência que tem o propósito de exterminar também o futuro, oferecendo como opção a contratação da previdência privada. Ou seja: privatizando o futuro.

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Em relação ao PMDB, porém, o caso é bem diferente. Temer oferece aos seus caciques mais próximos vida melhor agora e não no futuro. À exceção de Eduardo Cunha, que não conseguiu abrigo no imenso guarda-chuva de Temer, todos os outros amigos do presidente não têm do que se queixar.

Convencido de que os brasileiros desconhecem suas biografias e que estão satisfeitos com a erradicação dos petistas dos centros de poder, Temer optou por alojar nos principais cargos da nação os peemedebistas menos comprometidos com ética, moral e direitos humanos. Mas comprometidos com ele, o que mais lhe importa na presente quadra em que há suspeitas de que há gente disposta a jogar seu nome na lama.

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Ao reservar a seus amigos de passado nebuloso e pouco recomendável postos de relevância na hierarquia nacional, Temer cuida de protegê-los de intempéries e também se proteger.

Na Câmara dos Deputados, onde começam os processos de impeachment e as votações dos projetos mais polêmicos que deseja impor ao país colocou Rodrigo Maia, mais conhecido pelos operadores da Odebrecht como "Botafogo", genro de seu arqui amigo Moreira Franco, por sua vez conhecido na Odebrecht como "Angorá". Para não dar sopa ao azar e garantir a fidelidade de "Angorá" que, em contrapartida, lhe garante a fidelidade de "Botafogo", criou um bunker para ele, em forma de ministério e defende sua nomeação com unhas e dentes em todas as instâncias da Justiça.

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Na presidência do Senado, que dá sequência aos processos de impeachment e às reformas como a da Previdência instalou Eunício Oliveira, o "Índio" da Odebrecht, fechando as portas a qualquer possibilidade ou tentação que a oposição alimente de fulminá-lo, seja em relação a impedimento ou empecilhos na aprovação de projetos prioritários para ele e não para os brasileiros. Os projetos interessam ao "mercado" e enquanto o "mercado" não se aborrecer com ele terá seu apoio, com as bênçãos da Rede Globo. E, sabemos todos, enquanto a Globo não mandar a classe média para a rua Temer não tem o que temer.

Tanto Maia quanto Eunício estão duplamente blindados: por serem parlamentares, o que lhes garante foro privilegiado, e por serem presidentes das duas casas do Poder Legislativo. O Poder Judiciário sempre pensa dez vezes antes de se confrontar com presidentes dos outros dois Poderes da famosa e imensa praça de Brasília.

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Temer também assegurou boa vida a Eliseu Padilha, o "Primo" da Odebrecht, protegido num vistoso ministério e a Renan Calheiros, o "Justiça" da Odebrecht, na liderança do PMDB e, se não melhorou as condições de sobrevivência a Romero Jucá, o "Caju", ao menos por enquanto, também não o atirou aos leões.

Para fechar o muro de proteção em torno do Planalto deu ao seu ministro mais criticado, filiado ao seu mais importante aliado, o PSDB, Alexandre de Moraes, o melhor presente de todos: boa vida para o resto da vida numa confortável cadeira no STF, onde será mais um Batman a serviço de suas causas.

Eis porque, em meio às nuvens negras que se formam no céu de anil, Temer adota como lema os versos de um famoso samba:

"O meu nome ninguém vai jogar na lama".

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