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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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O ministério adverte: Bolsonaro faz mal à saúde

"A sede de poder de Bolsonaro não o deixa ver que está ficando isolado", escreve Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia. "Sua cabeça povoada por fantasias não permite sequer ao senhor perceber que enquanto delira, as alas que o apoiaram ou naufragam, ou acordam", diz ela

(Foto: Isac Nobrega/PR)
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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia - O Ministério adverte: Bolsonaro faz mal à saúde. Primeiro, porque dá nos nervos ver alguém tão despreparado, e com tamanha dificuldade de articulação dos pensamentos, à frente de um país do tamanho do Brasil. Para dirigir um quase continente, se a pessoa não possui formação formal, pelo menos que tenha a trajetória política e prática de um ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula não tinha nenhuma formação além do diploma de torneiro mecânico, mas em compensação, transitou por tantas universidades, tantos sindicatos, tantos países, tantos gabinetes - e, nunca é demais lembrar -, foi deputado na Constituinte, uma experiência tão enriquecedora quanto a passagem por uma universidade. 

Segundo, porque em época de pandemia ele insiste em dar as costas para as questões emergenciais, sem tomar nenhuma providência prática a favor do seu povo. Prefere continuar em campanha para um 2022, que nem sabemos se chegará, ou como chegaremos, se houver amanhã.

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E, por fim, porque na contramão de todos os líderes políticos quanto existem nesse mundo, ele insiste em subestimar o perigo, cruzar os braços e atrapalhar os que estão empenhados em fazer alguma coisa contra o perigo que já se instalou no país. E tanto é assim, que trombou com prefeitos e governadores, por estarem esses a tomar medidas que deveriam ser de sua iniciativa. A portaria editada por Bolsonaro revogando restrições de mobilidade baixadas por governadores, nada têm de preocupação com o bem-estar dos cidadãos. Tem, isto sim, de picuinha, de delimitação de terreno, de exibição de macho alfa. Como um macaco que faz xixi para delimitar território, Bolsonaro apenas exibe poder e diz que quem manda é ele. E não é. O seu poder é exercido em nome do povo.

Encastelado no Planalto, sua única preocupação parece ser a de referendar a cada minuto que ele é o líder, ele é o “estrategista”, ele é o “comandante”. Só falta, meus amigos, vestir a farda de Napoleão Bonaparte e desfilar pelos corredores do Planalto. E nem vou comentar aqui, a entrevista dada ao Ratinho, onde ele expôs todo o seu lado de frequentador de botequim, enfileirou todos os lugares comuns, e perpetrou todos os abusos que o Ratinho incentivou, com perguntas para instigar o seu ego. Isto a nossa colega Hildegard Angel já o fez, com brilhantismo, em artigo em que aponta o único caminho possível para Bolsonaro: a interdição. 

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Chegou ao cúmulo de desdizer os princípios médicos sobre a rapidez do contágio, e da forma mais IRRESPONSÁVEL possível, afirmou que um coronavírus ele “mata no peito”. Não presidente. Não estamos falando de uma facada fake. Desta vez, estamos tratando de algo que pode, se é que o senhor só entende de lucro, prejuízo e poder, derrubar o PIB de seu governo a algo pra baixo de 10%. Libere os templos, como o senhor sugeriu, e as pessoas que lá buscarão alívio, levarão para casa o vírus capaz de contagiar toda a família. Salve o comércio do ambulante, nos estádios, e não haverá ambulantes para vender o mate, porque poderão ser mortos pela doença.

Sua cabeça povoada por fantasias sobre perseguições da imprensa não permite nem sequer ao senhor perceber que enquanto delira – é bom tirar a temperatura dele, de quando em vez -, as alas que o apoiaram ou naufragam, ou acordam. Cerca de 300 empresários do agronegócio já abandonaram o seu barquinho. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia; o presidente do Senado, Davi Alcolumbre; os governadores; e mais uma parcela do empresariado, estão fora. 

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O mais surpreendente é ver que começam a abrir os cofres e a prestar ajuda à população para a qual o senhor deu as costas. Já é possível ver na TV reportagens mostrando pequenos empresários doando às comunidades carentes, material de higiene pessoal. Os mesmos que chamaram a presidente Dilma Rousseff de “vaca” e bateram panelas para derrubá-la. E até megaempresários. 

Soube-se há pouco, por carta endereçada à sociedade brasileira, (emitida pela reitora Denise Pires de Carvalho), que Jorge Paulo Lemann, o empresário suíço-brasileiro considerado pela Forbes em 2019 como o segundo homem mais rico do Brasil, com uma fortuna estimada em US$ 22,8 bilhões, e dono da maior cervejaria do mundo, a AB Inbev, está colaborando desde o dia 19 deste mês, equipamentos  à disposição da Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ. Isto, para ajudar no preparo do álcool 70%, artigo de primeira necessidade nos hospitais e enfermarias. 

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A sede de poder de Bolsonaro não o deixa ver que está ficando isolado. Sua escalada rumo ao autoritarismo e a sua sede de poder, neste momento, se assemelha à do personagem Fausto – da obra que consagrou Goethe –, se dirigindo a Mefistófeles, a quem vendeu a própria alma: “Com amargor desperto em todas as auroras/ Devo sempre chorar tantas lágrimas, oh!/Até chegar o dia, em que em tão breves horas/ Não veja insatisfeito um só desejo, um só!

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