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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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O negócio é traficar cloroquina

Jornalista Moisés Mendes compara o lobby de Bolsonaro pelo uso indiscriminado da cloroquina com o tráfico de drogas. "Bolsonaro está mais para traficante mesmo, ao liberar para uso em massa uma droga que a medicina considera imprópria para o uso pregado pela extrema direita", escreve

Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Adriano Machado | Reprodução)
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Por Moisés Mendes, para o Jornalistas pela Democracia 

Traficantes sem clientes, com o mercado quebrado pela pandemia e já sem reservas e sem auxílio de emergência, terão de empreender em meio às adversidades da peste. E o negócio do momento pode ser o tráfico de cloroquina.

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O remédio milagroso de Bolsonaro não pode ficar nas mãos dos poucos amigos de Bolsonaro e seus franqueados. Planos de saúde estão distribuindo cloroquina. A secretária de gestão Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, disse que “representações” populares pediram o novo protocolo sobre a cloroquina.

Distribuem cloroquina em Roraima, no Ceará, no Piauí. Trump toma cloroquina como quem toma aspirina.

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Crianças estão sem merende escolar, mães sem CPF não conseguem ter acesso ao auxílio do governo. Falta comida e sobra cloroquina.

Mas a cloroquina não pode ficar só com as máfias que transformaram a droga na cocaína legalizada da pandemia. É preciso abrir a cloroquina para os profissionais do tráfico.

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A população pede que liberem o plantio de maconha para aplacar a dor de pessoas com doenças crônicas. Porque o uso medicinal de substâncias da cannabis tem comprovação científica no mundo todo.

Mas maconha não pode. Pode a cloroquina. Se a cloroquina fosse uma planta, o Brasil estaria tomado hoje por plantações de cloroquina.

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A Amazônia seria devastada, não mais para a criação de gado e o plantio de soja, mas para a transformação de latifúndios em fazendas de cloroquina.

Legalizaram a cloroquina com protocolos clandestinos com a mesma pressa com que o governo tenta regularizar as terras invadidas por grileiros e assassinos de índios na floresta.

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Luiz Henrique Mandetta repete todas as semanas que Bolsonaro tentou mudar a bula do remédio quando ele estava no Ministério da Saúde. Que um médico anestesista e uma médica imunologista fizeram pressão para que Mandetta assinasse alguma coisa, uma portaria ou um decreto ou algo parecido mudando a bula.

Há pressão para que a cloroquina seja o remédio mais tomado do Brasil. Bolsonaro, os filhos de Bolsonaro, os amigos de Bolsonaro, médicos que surgem nos corredores do Planalto, os laboratórios de amigos do homem, todos querem pressa no consumo da cloroquina.

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É preciso viciar a população em cloroquina antes que a pandemia acabe. Por isso a coisa deve ser liberada para o tráfico profissional, para que chegue com mais rapidez ao consumidor.

Especialistas pró-cloroquina pregam que todos terão um dia em casa gavetas cheias de caixas da medicação, ao lado de Buscopan, Benegrip, Cataflan. Em pouco tempo, com o excesso de consumo, metade do Brasil estará em abstinência por falta de cloroquina.

O moralismo brasileiro, que caça traficantes nas periferias e acaba matando a tiros meninos de 14 anos, está aberto ao avanço da cloroquina, porque não tem negros e pobres envolvidos nesse negócio.

Parece, mas apenas parece, que a cloroquina está para o bolsonarismo como a metanfetamina esteve para o nazismo. Hitler não distribuía a droga entre a população, mas apenas entre seus generais e seus soldados.

Bolsonaro está mais para traficante mesmo, ao liberar para uso em massa uma droga que a medicina considera imprópria para o uso pregado pela extrema direita.

Os médicos advertem que a cloroquina não funciona para o coronavírus e pode matar. Juristas repetem que Bolsonaro está cometendo um ato ilegal ao liberar a droga. Ampliam-se as suspeitas de que a cloroquina mobiliza interesses que os Bolsonaros levam adiante sem escrúpulos.

Mas, se é assim, Bolsonaro precisa ter a concorrência de outros traficantes, para que não fique com o monopólio de um mercado em expansão em meio à crise da cocaína.

(Aos que se incomodarem com o meu incentivo ao tráfico de cloroquina, faço uma sugestão: tentem desvendar a estrutura mafiosa que sustenta a disseminação criminosa do remédio que não cura e pode matar infectados e não infectados pela Covid-19. Saiam finalmente atrás dos traficantes legalizados de cloroquina.)

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