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Jean Menezes de Aguiar

Advogado, professor da pós-graduação da FGV, jornalista e músico profissional

219 artigos

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O novo clima dos protestos populares

A grande movimentação que se viu no país mudou ligeiramente o foco. Continuou a falar em impeachment, mas atenuou essa narrativa. Lideranças e políticos profissionais começaram a insistir em 'renúncia'

São Paulo- SP- Brasil- 16/08/2015- Manifestação contra o governo Dilma, na avenida Paulista. Na foto, manifestantes em dispersão, descendo a rua da Consolação, no sentido centro. Foto: André Tambucci/ Fotos Públicas (Foto: Jean Menezes de Aguiar)
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A grande movimentação que se viu no país em 16.8.2015 mudou ligeiramente o foco. Continuou a falar em impeachment, mas atenuou essa narrativa. Lideranças e políticos profissionais começaram a insistir em 'renúncia' da presidente Dilma Rousseff.

Informados que o instituto jurídico constitucional do impeachment é bastante complexo e amarrado a fatos precisos, passaram, muitos manifestantes, não mais a querer tirar na marra a presidente. Mas invocam uma calamitosa administração do governo para forçar sua saída 'voluntária'.

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Há, aí, um reconhecimento de erro da plataforma 'anterior', da oposição, que só falava em impeachment. Mas isso pouco importa. O que chama a atenção é a 'substituição' para a nova narrativa – a renúncia.

Parece ficar em xeque que, se efetivamente, a nova plataforma da 'renúncia' vier a substituir o impeachment, inclusive por cabeças 'ilustradas' da oposição, um fator será o grande combustível de tudo isso: a intolerância.

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Querer que um presidente renuncie porque a situação do país está difícil 'é' querer trocar um brinquedo que se comprou espontaneamente e quando se chegou em casa, numa análise mais profunda, não gostou do resultado da brincadeira. Este tipo de exagero comparatório do argumento beira ao absurdo, sabe-se, mas a intolerância com um governo democraticamente eleito que por 'não se gostar' 6 meses depois, é também uma intolerância absurda.

Esta atual sociedade mimada do consumo, que, por exemplo, o aluno precisa ter ar-condicionado na sala de aula, elevador para subir 3 andares e não copia mais nada no quadro, fotografa, em contraposição ao estudante de antigamente que subia desproblematizadamente 6, 7 andares por dia para assistir aula, é a sociedade da reclamação. Reclama-se de tudo. E o resultado dessa intolerância é a explosão de ações judiciais propostas na tentativa de indenizações, por qualquer coisa. Ou seja, o nível social de aceitação à adiversidade ficou baixíssimo. Uma imensa e esmagadora maioria da classe média brasileira, se tornou autoritária, intransigente, reclamona, discriminatória e intolerante.

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É mentira se dizer que a discriminação diminuiu. O famoso vídeo da professora Marilena Chaui sobre a classe média no Youtube é um triste retrato de uma sociedade brasileira que, quando se reposiciona financeiramente pratica atos totalmente antiéticos e próprios da intolerância.

Por esta 'lógica' popular de se pedir impeachment ou renúncia, nitidamente reclamona de uma sociedade intolerante, há, isso sim, ódios figadais escondidos para com o Partido dos Trabalhadores. Esses tais ódios nem são o xis do problema. Cada um que odeie o que quiser e quem quiser. Não se há aqui na hipocrisia de dizer que as pessoas são 'do bem', essa fórmula hipócrita da moda. O problema é que a democracia tem seus tempos, princípios e regras que precisam ser respeitados. Um mandato eletivo, qualquer que seja, PSDB, PT, PSOL, DEM etc. precisa ser respeitado.

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Se as coisas estão ruins ou péssimas, cabe à população [também] contribuir com o exercício de uma cidadania participativa para a melhoria. Não meramente querer 'trocar' o presidente. É a mesma cultura mimada imediatista de resultado que troca várias vezes por ano um técnico de futebol de um time.

O governo de Dilma Rousseff parece ter cometido erros diversos. As consequências explodem na população como um todo. FHC cometeu erros diversos e foi ridicularizado com cara de hipopótamo por praticamente toda a imprensa em charges.

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Está faltando maturidade democrática à sociedade para respeitar o mandato e respeitar os próximos mandatos, seja de quem for.

Está sobrando cinismo a esta 'oposição' legislativa velhaca que só sabe surfar numa onda popular de dificuldade que não é sua, mas do povo que não ganha os seus salários absurdos, não tem suas mordomias indecentes, suas regalias infames, seus benefícios 'legais' e suas comissões prostituídas em cuecas, meias e calcinhas.

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O Brasil elegeu Dilma Rousseff. Se não houver um fato jurídico para impeachment, ela tem que ser a presidente até o último dia do mandato. Se na próxima eleição o Brasil escolhesse aquela coisa estranha de Collor, teria que respeitar até o último dia igualmente.

A sociedade não pode só querer brincar de democracia e fazer passeatas na orla de domingo. Tem que respeitar suas regras.

Do blog Observatório Geral

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