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O PT do Maranhão e a sua dialética política

Suponho que falte ao PT maranhense a construção de um projeto próprio de desenvolvimento, em parceria com a sociedade civil, que o coloque como protagonista político e não mais como coadjuvante

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Li com atenção a postagem do dirigente do PC do B, Walter Sorrentino, Secretário Nacional de Organização, a respeito da decisão da Executiva Nacional do PT em manter a aliança com o PMDB no Maranhão, ocorrida no dia 26 de maio. É legítimo e oportuno que o mesmo manifeste posição sobre o PT de quem há décadas é parceiro do seu partido em nível nacional e em diversos estados. Também é legítimo o dirigente comunista defender a candidatura de Flávio Dino, afinal o PC do B aposta nessa candidatura única a governador, em todo o Brasil.

Também é compreensível que a candidatura de Flávio Dino tenha reconhecimento de uma boa parte da população, que o vê como "solução" para governar o Estado, assim como é procedente fazer referência à decisão do PT nacional de 2010 que definiu pela aliança com o PMDB, como acrescenta o dirigente: "Estava eu, representando a direção nacional do PCdoB, no mesmo dia em que meu amigo Paulo Frateschi, representando a direção nacional do PT, em São Luís, proclamou que 'decisão legítima era para ser cumprida'".

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É contundente sua afirmação de que o PT indicou o vice de Roseana Sarney, em 2010, e que o mesmo foi retirado da cena sucessória e alçado ao TCE no Maranhão. Porém, "os míseros 2% de votos" aos quais se refere o dirigente comunista foram exatamente a diferença que o PT deu e definiu a eleição de Roseana, no primeiro turno. Tal questão não deve ser vista como mera constatação política, considerada pelo candidato do seu partido desde os momentos iniciais de sua peregrinação pelo Estado. Mas ele preferiu primeiro "dialogar" com aqueles "oriundos" de quem ele tanto condena, que é a oligarquia. Aliás, muitos que hoje se tornaram "camaradas" ou neocomunistas são denominados de oligarcas ou coronéis regionais. No entanto, prevalece a máxima: basta ser contra a oligarquia que serás "ungido" a um bom político. Porém, a "escolha" dos seus "seguidores" ou dos novos "camaradas" se deu, talvez, porque Flávio Dino tenha subestimado o PT e a grande maioria dos petistas. Ou, ainda, por tentar atrair o PT pedindo que nós, petistas, que apoiamos a aliança com o PMDB, em 2010, pagássemos pelo nosso "pecado", como o fez, publicamente, na Carta Capital. Os pecadores somos nós, portanto, deveríamos render graças ao candidato santo que "ungia" os novos aliados oriundos da oligarquia.

A afirmação de que a disputa interna no PT do Maranhão tenha se acirrado após as eleições de 2010 é, em parte, verdadeira, mas há controvérsias para muitos dos que conhecem a realidade do PT local, desde as primeiras disputas sobre as quais aprendi com os cursos de formação, as leituras e as extensas análises de conjuntura realizadas no PT maranhense. Logo depois da sua fundação, o PT do Maranhão foi marcado pelas primeiras disputas - camponeses e urbanos e sucessivas outras passando por Dutra x Vila Nova e uma geração inteira de acirramentos nos anos 1990 e 2000 – como visto em estudo acadêmico. O PT do Maranhão representa uma força viva da sua militância que sobrevive às suas contradições e a uma pluralidade de posições. Suponho que falte ao PT maranhense a construção de um projeto próprio de desenvolvimento, em parceria com a sociedade civil, que o coloque como protagonista político e não mais como coadjuvante, como tem sido ao longo dos anos envolvendo alianças com o PDT, o PSB, o PMDB e, agora, a tentativa do PC do B.

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O que faltou à lente do dirigente do PC do B foi reconhecer que o seu Partido fora aliado da tão falada oligarquia, em 1995, quando Roseana era do PFL e o governo federal era FHC, a quem era oposição. Faltou reconhecer que o PT do Maranhão está nessa aliança por uma posição de defesa de um projeto de Nação, papel que cabe a quem tem a concepção de partido nacional.

O PT pode até estar fragilizado no Maranhão, mas nunca sem perspectiva, como acentua o camarada Sorrentino, pois defendemos, claramente, o projeto que está em curso no Brasil e que tem, como prioridade, a reeleição de Dilma. Dessa missão, nós não abriremos mão a favor de quaisquer outros interesses. Também não abriremos mão da nossa tática: a eleição de parlamentares para dar sustentação à nossa Presidenta. Mas, infelizmente, no projeto do candidato do PC do B a prioridade é para aqueles que atacam a Dilma e o nosso projeto, inclusive deputados que, outrora, estiveram do lado de cá, mas que optaram pelos partidos adversários do nosso projeto.

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Com base em que o dirigente comunista afirma que a maioria dos petistas apoia Flávio Dino? O PT, diferente de outros partidos, é uma força viva e, no Maranhão, possui diretórios organizados em 215 dos 217 municípios maranhenses. Quantos destes diretórios apóiam Flávio Dino? Com base em que o dirigente do PC do B afirma que o PT do Maranhão não representa, enquanto partido, a vontade, nem dos petistas, nem dos maranhenses?

Afirmar que a decisão do PT a favor do PMDB é grave é, além de desrespeito à posição política de um partido parceiro de alianças históricas, desrespeito à ampla maioria dos delegados e delegadas que votaram nesta proposta de aliança. Talvez a mais acertada afirmação do dirigente comunista seja a de que "Flávio Dino não é o anti-sarneysismo, apenas, é o pós-sarneysismo". Não sei se pelo fato de ele se propor a "pôr o Maranhão em alinhamento nacional com a onda de desenvolvimento e distribuição de renda", mas por inovar, em suas alianças, que extrapolam a engenharia política adotada pelo grupo Sarney, ao apoiar, ao mesmo tempo, os três candidatos à presidência: Eduardo Campos, Dilma e Aécio Neves e ter, como companheiro de chapa majoritária, um vice do PSDB e um preposto senador do PSB que pode ser trocado por outro do PSDB, o ex-governador biônico e ex-prefeito João Castelo, que, por sua vez, representa o que os comunistas e demais setores progressistas consideram como maior atraso.

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Contraditoriamente, Sorrentino induz, como saída, uma candidatura própria ao afirmar: "Quisessem ser diferentes, apresentassem uma candidatura própria, para, aí sim, "chamar ao diálogo os que estão apoiando Flávio Dino", porém, em outro artigo, anterior, denominado O Maranhão, a Oligarquia e um falso dilema petista, cuja data foi anterior à decisão sobre a tática eleitoral do PT/MA (aliança ou candidatura própria), o mesmo dirigente apregoa: "Se lança candidato próprio, não tem apelo nem chance alguma e pode ser reserva indireta de Roseana, laranja útil por assim dizer".

Será que é "o PT que trai seu fundamento de existência nessa matéria, mais uma vez, como afirma Sorrentino?" Podemos até não acertar nas escolhas e até mesmo perder as eleições como sentencia o dirigente comunista, mas o PT jamais amargará o desencanto e a falta de apelo. O PT do Maranhão seguirá na construção de um projeto próprio, baseado na construção coletiva, na aposta em novos (as) dirigentes, na busca incessante do seu horizonte político. O povo maranhense poderá até derrotar o sarneysismo como declara o camarada dirigente, mas o PT jamais será derrotado como ele afirma, pois representa a força de um povo lutador entranhado nas bases e não na imposição de uma única força ou de um único "dono", diferente daqueles que ferem um projeto de Nação.

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