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Ariovaldo Ramos

Coordenador da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito Presbítero da Comunidade Cristã Reformada em São Paulo, SP

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O que, como cristão, chamo de Consciência Negra

A fé cristã esta intrinsecamente ligada à realidade da escravidão e da escravização.A escravidão é uma ferida profunda na humanidade e em Deus.

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A fé cristã esta intrinsecamente ligada à realidade da escravidão e da escravização.

A escravidão é uma ferida profunda na humanidade e em Deus.

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Imagine-se estar no lugar de Abraão, o homem que Deus chamou para ser aquele através de quem Deus abençoaria toda a humanidade…

A família de Abraão, que se tornaria uma nação, traria para a história humana a criança que Deus prometeu, ainda no jardim, descendente da mulher, que esmagaria a Satanás, o ente espiritual que enganou os seres humanos e que, espiritualmente, os escravizou.

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O descendente de Abraão libertaria a humanidade de sua escravidão espiritual, e de todo o tipo de escravização, que, por definição, decorreu dessa escravidão.

E Deus chega à Abraão, e diz que ele precisa saber que a nação que Deus vai formar a partir dele será escravizada por 400 anos.

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Abraão sabia o que era escravização, essa é a macula da humanidade desde sempre.

O que pensar do Deus que tira você de sua família e realidade, o leva para uma aventura existencial e histórica, em nome da libertação da humanidade, e que lhe avisa que a família que formará, através de você, para promover essa libertação, será escravizada por 400 anos?

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Por que? Porque Deus prometeu uma terra que só vai poder entregar depois desses 400 anos de escravização, porque para entrega-la terá de julgar o povo que a desfruta, e levará esse tempo para que esse povo atravesse o limite da iniquidade que tira de um povo o direito de continuar na história.

E por que o povo de Abraão tem de esperar por esse tempo sob escravização?

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Silêncio!

Por que Deus precisa obedecer a tantos critérios? Isso não enfraquece Deus?

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Talvez, ninguém seja idôneo para responder a tais questões, mas, fica claro que Deus se apresenta como o abolicionista, por excelência, lutando contra a escravização e o escravizador-mor da humanidade.

Findo o período quadricentenário Deus libertou o povo de Jacó, filho de Abraão, da escravização, fez os seus algozes o indenizarem, e o tirou de lá, dizendo que aqueles nunca mais seriam vistos pelos libertados.

Durante 40 anos, no deserto, que transformou em ambiente protegido, Deus trabalhou para livrar o povo libertado do servilismo e da péssima auto-imagem, que se imbricam na cultura de quem sofre a violência da escravização, o que só conseguiu com os que saíram da escravização com menos de 20 anos.

O fato é que o Deus cristão foi profundamente ferido pelo que aconteceu com o ser humano, a ponto de chegar a confessar a dor profunda que o ser humano lhe causou, e que, por causa do ser humano, desde antes da fundação do mundo, Deus se entregou à morte. O que demanda uma retomada na compreensão da criação.

Na época chamada, pelos cristãos, de plenitude dos tempos, o Filho, uma das pessoas da Trindade, que É em perfeita unidade, e é o Deus dos cristãos, veio em carne (Jesus, o Cristo) para consumar na história humana a sua entrega pré-histórica à morte, prometendo que, com sua ressurreição, que aconteceu três dias depois de ser assassinado, acabaria com a escravidão espiritual e deflagraria a luta contra toda a escravização.

Porém, o Cristo teve de amargar ver os seus seguidores aderirem à escravização, como aconteceu em vários lugares, em especial, no Brasil.

Os cristãos entraram em choque por causa disso, chegando, em outros lugares, à guerra por causa da escravização, embora mediada por questões de cunho econômico.

Contudo, a luta pela libertação teria, nessa realidade cristã, o desafio do convívio.

Escravisados e seus descendentes teriam de conviver com escravizadores e seus descendentes.

Para que esse  convívio, inexoravelmente, não desande em racismo, onde os escravizadores tentam justificar a sua barbárie, evocando uma pretensa e, absolutamente, falsa superioridade racial, o que aprofunda a crueldade histórica, os escravizadores e seus descendentes têm de reconhecer que tal superioridade, por definição, não existe e que a prática dessa violência, na história, demanda reparação para a promoção da equidade.

Os escravizados e seus descendentes, por sua vez, têm de se rever, se assumindo como sujeitos de direitos, substituindo o espirito servilista por um espírito de igualdade interracial e se organizando para a exigibilidade destes direitos, em todas as áreas.

Exigindo, como emuladores da riqueza nacional, por meio de políticas de Estado reparatórias, a participação dessa e nessa riqueza, através do  acesso à terra; à moradia; à educação com a obrigatória revisão do conteúdo dessa educação, pela inclusão da historia e da contribuição para a história nacional da negritude, tanto a que trouxe como a que desenvolveu no Brasil; à isonomia salarial; e o reconhecimento e  inclusão do valor estético de seu fenótipo no padrão cultural da nação.

O cristianismo, de maneira geral, particularmente, no Brasil tem de recuperar o fato de a fé cristã ser de matriz afro-asiática, de que todos os personagens do Antigo e do Novo Testamento eram não brancos, com grande probabilidade de terem sido, passando por Jesus de Nazaré, majoritariamente, negros.

A teologia cristã libertadora tem de denunciar que o pobre, alvo preferencial da libertação promovida pelo Cristo, na América Latina é, predominantemente, indígena e negro.

A isso, como cristão, chamo de Consciência Negra!

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