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Nêggo Tom

Cantor e compositor.

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O salário da discórdia

Vivemos tempos tão estranhos que até quando o salário aumenta o povo reclama

Vivemos tempos tão estranhos que até quando o salário aumenta o povo reclama (Foto: Nêggo Tom)
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E a Presidente Dilma Roussef, ainda tomada pelo espírito natalino, assinou um decreto que reajusta o valor do salário mínimo vigente no país para R$ 880,00, a partir de 1º de janeiro de 2016. Um pequeno mimo de R$ 92,00 que mamãe Noel oferece para o povo brasileiro nessa época de crise econômica. Mas, que crise mesmo? Andando pelas ruas do Rio de janeiro durante esses dias que antecederam as festas de fim de ano, pude constatar, através das lojas e supermercados lotados e pessoas se empurrando e até mesmo se agredindo para fazer compras, que não existe crise. Ou então as lojas estavam sendo saqueadas e eu não percebi. Não quero com isso, dizer que tudo está indo às mil maravilhas com o nosso governo, porque não está. E nunca esteve, desde quando debutamos para o mundo. Mas esse papo de crise precisa ser revisto.

O reajuste no salário mínimo, assim como um gol da seleção brasileira numa copa do mundo, sempre foi algo muito desejado e comemorado quando acontecia. Mas vivemos tempos tão estranhos, que até quando o salário aumenta o povo reclama. Claro que o valor do aumento ainda é pífio. Tenho certeza que a manicure da presidenta cobra mais do que R$ 92 reais para fazer-lhe as unhas. Mas ainda sim é mais considerável do que os reajustes efetuados no governo FHC, o que de certa forma deveria servir de parâmetro para se avaliar os dois governos. Mas as reações a este aumento têm sido inusitadas. Pincei alguns comentários de leitores na matéria publicada na página do Brasil 247 no facebook e me assustei com que li.

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Um deles dizia o seguinte: "Louca e irresponsável fazendo a mesma política populista da outra louca que quebrou a Argentina. Coitadas das empresas que vão ter que se virar pra pagar esse salário com a inflação nas alturas e o consumo em queda. É mesmo uma grande irresponsável!". Outro cidadão escreveu o seguinte: "A troco de quê? Lojas fechando, movimento baixo. Lamentável! Ela aumenta por que não é ela quem paga. Pra ajudar uns acabam com outros". Por fim, ainda tivemos um editorial de O Globo, no qual a família Marinho, uma das mais ricas do País, chama de "tosco" o argumento usado pelo governo para reajustar o mínimo acima da inflação e alerta que a conta vai chegar alta depois. O Brasil 247 publicou uma matéria sobre esse editorial e relembrou uma manchete do jornal O Globo, em 1962, se posicionando contra a instituição do 13º salário.

Tim Maia já dizia que só no Brasil existe pobre de "direita", mas agora percebo pelo que tenho lido e ouvido falar sobre o reajuste do salário mínimo, que também temos até alguns trabalhadores rejeitando o aumento e aceitando ganhar menos, pensando no bem estar dos empresários e em como estes terão que se virar para lhes pagar. Típico caso onde o oprimido se apaixona pelo opressor. Uma espécie de Síndrome de Estocolmo das relações trabalhistas. Lembra-me uma personagem da escolinha do Professor Raimundo, a dona Santinha Pureza, que apanhava violentamente e era humilhada por seu companheiro. E quando o Professor lhe perguntava o porquê dela aceitar tudo aquilo, ela respondia: "Sabe o que é? Eu Gosto!" No Brasil, além dos tradicionais opressores não abrirem mão de continuar oprimindo, eles ainda te ntam convencer, os oprimidos de que a opressão que eles lhes impõem é para o seu próprio bem. E às vezes conseguem.

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E assim tem gente dizendo que a presidenta vai falir o País com esse aumento, que a inflação vai disparar e que vai gerar mais desemprego. Também que não vão poder mais comer carne porque o preço vai disparar e etc.... Será mesmo? O país ainda não faliu com 513 deputados federais ganhando 33,7 mil reais de salários, fora os demais benefícios, que somados chegam a mais de R$ 147 mil por mês para cada um. Multiplicando isso por 12 meses temos um montante de quase um bilhão de reais por ano. Sem contar os 81 senadores com o mesmo salário e iguais benefícios e os "não sei quantos" ministros que ganham 30 mil reais por mês e também dispõe das mesmas "benesses". E ainda temos 1.059 deputados estaduais e mais de 55 mil vereadores espalhados pelo Brasil e todos pagos com dinheiro público. Isso sem acrescentar o roubo, as propinas, os desvios, e os superfaturamentos.

Não sou economista, mas não sou tão idiota assim para acreditar que 880 reais de salário mínimo vai quebrar o país. Não me subestimem tanto, por favor! Reajuste de salário mínimo não gera inflação e nem quebra a economia, apenas diminui o lucro dos empresários e de muitos empregadores que querem enriquecer pagando um salário de fome e explorando quem precisa trabalhar. O que impede o país e a nós mesmos de crescermos é a nossa alienação. É a preguiça de buscar a informação. Ninguém precisa ser formado em ciências políticas para entender que está sendo enganado e que estão escondendo o ouro de nós. E quando temos um governo, que apesar de muitas falhas, ainda tenta diminuir um pouco a diferença abismal entre as classes, vemos um parte da elite se enfurecer e bater panelas contra o mínimo de justiça social que se tenta praticar.

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O ano de 2015 vai passar, mas os opressores do direito do povo NÃO PASSARÃO!

Feliz Ano Novo!

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